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Três Solteirões e uma Pequena Dama

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Três Solteirões e uma Pequena Dama - Página 2 Empty Re: Três Solteirões e uma Pequena Dama

Mensagem por Sam Gupta Qui Ago 09, 2012 10:23 pm

Spoiler:

Dez minutos antes, ele tinha uma bagagem arrumada, só esperando para embarcar a caminho de mais um ano na escola. Um minuto antes, ele tinha um malão empenado e roupas espalhadas para todo lado, emboladas com cadernos, livros e instrumentos quebrados de magia.

Agora? Agora Sam tinha uma pira fúnebre composta de 90% de seu material escolar.

Em estado de choque, tudo que o garoto conseguia fazer era olhar boquiaberto para a fogueira no meio da Plataforma 9 ¾. Sua Firebolt continuava guardada debaixo do braço direito e a gaiola de Garuda pendurada em sua mão esquerda, sacudindo de um lado para o outro com o pânico renovado do pobre animal, que aparentemente só escapara de virar churrasco de coruja por intervenção divina. Por entre as chamas, ele podia vislumbrar aqui e ali a estampa de uma camisa favorita e a capa de um livro de estudos cheio de anotações, encolhendo e sumindo num pedaço de fuligem.

Como se tivesse chegado perto demais do fogo, ele podia sentir seu sangue borbulhando.

Com a respiração ficando mais intensa (se por culpa da raiva ou da fumaça, ele não saberia dizer), os olhos de Sanjaya dispararam pelo clarão que se formara na plataforma, em busca do responsável. Quando encontrou a figura de Gabriella Alleborn num duelo sem fronteiras com uma garota sonserina, o que sentiu não chegou a ser surpresa; era mais decepção. Como se aquela tivesse sido a gota d’água (ou melhor, a fagulha) que faltava para estourar sua paciência com aquela que costumava ser sua melhor amiga.

Se lhe pedissem mais tarde para narrar a história toda, ele não saberia dizer, de tão focado que estava em cobrar satisfações de Gabi. Mas o fato é que Sam tivera a sabedoria de confiar a gaiola da coruja e sua vassoura a Aidan, sem dizer nenhuma palavra – e com isso gastou toda a sabedoria que tinha, pois deixou para trás a bagagem em chamas (ele nem percebeu, mas Gerry e alguns funcionários da estação tentavam inutilmente salvar alguma coisa com Aguamentis) e seguiu a passos firmes, sem enxergar mais ninguém, na direção de onde Gabi e a sonserina se engalfinhavam. Quando Anthony Blanche se plantou diante dele feito um muro, tentando afastá-lo dali, Sam ainda teve a presença de espírito de rosnar um “não precisa segurar que eu não bato em mulher!”, mas não tentou forçar passagem. Não foi preciso, pois no meio daquela briga de gatos Gabi percebeu a presença dele o bastante para gritar:

— NEM VEM QUE TOU OCUPADA QUERENDO MATAR UMA VACA! E FODA-SE QUE ELAS SÃO SAGRADAS NA SUA TERRA!

— NÃO QUERO SABER DE VACA NENHUMA, CARAMBA! — Sam não era de gritar, ou seja, a coisa era séria. — Você tacou fogo em TUDO QUE EU TENHO, e eu não tenho NADA A VER COM A SUA BRIGA!

— ENTÃO NÃO CHEGA PERTO AGORA! — Ela continuava tentando acertar Dolben (agora ele a reconhecia) com feitiços, com os braços e usando a varinha como uma arma branca. Sam, que nem sabia o primeiro nome da outra garota e imaginava que ela tivesse feito por merecer, não estava nem um pouco interessado naquilo.

— E AS MINHAS COISAS? Hein? Eu fico sem roupa, agora, né? Sem caderno, sem penas, sem porra nenhuma? — Sam também não era de falar palavrões, especialmente assim, em altos brados. A coisa era realmente séria.

— SAM, DEPOIS EU TE COMPRO CUECAS, SÓ CALA A BOCA! — E com isso ela finalmente conseguiu atingir a outra garota com uma azaração bem no meio da cara. O rosto da menina inchou, inflamou e um abscesso enorme surgiu em sua bochecha direita. — Viu o tamanho daquilo? — A grifinória se gabou, espanando a poeira da calça enquanto a vítima se afastava aos trancos e barrancos. — Eu sou um gênio, não sou?

Sam balançou a cabeça, incrédulo. Não tinha mais ânimo para gritar com a menina. Não parecia ter nenhum efeito, de qualquer forma. Soltando um riso pelo nariz de quem não via graça nenhuma na situação, baixou a voz até um tom sério. — É, Gabi. Um gênio. Um gênio que nem ao menos olha em volta pra ver o que tá acertando.

Houve um breve silêncio enquanto o público da briga das meninas se dispersava, restando apenas alguns curiosos e o grupo que já vinha acompanhando a grifinória. A explosão de raiva de Sam arrefecera tão rápido quanto lhe subira à cabeça, e agora restava apenas aquele mesmo sentimento de decepção do começo, sendo cozinhado em banho-maria na frustração de ver sua bagagem destruída. — Sabe do que mais, encheu, viu, Gabi. Eu tento ser teu amigo, mas com você fazendo essas coisas tá muito difícil. Eu não tinha nada a ver, caramba... — E puxou os cabelos para trás, num desespero contido.

— Acidentes de percurso... — Foi a justificativa dela, tão ingênua que Sam teve vontade de chorar e de esganá-la ao mesmo tempo. — Ern, eu vou pagar tudo, tá? Juro. Faça o que quiser, só não saia do time de quadribol!

— Imagina, Gabriella. Lógico que o Sam não vai sair do time, a gente não tem que chegar a uma decisão drástica dessas. — A voz de Adela, vindo logo detrás dele, devia ter sido um alento; mas agora, além da frustração, havia ainda a vergonha pela namorada ter que testemunhar aquela cena toda. Pelo menos alguém ali ainda tinha a cabeça fria. — Até porque, é lógico que você vai compensar os danos, certo?

Havia um quê de maldade no tom de Delinha, mas Sam não percebeu. Àquela altura ele só pensava em todos os seus pertences – coisas de pouco valor material, mas que já formavam parte dele: lembranças de casa, roupas de que gostava, itens que o acompanhavam desde os primeiros anos de Hogwarts ou mesmo recém-comprados para o novo ano letivo. — Hah, compensar os danos! Compensar os danos... tinha coisa ali que nem era minha, lembra da pashmina do meu pai? Pois é! Tava ali.

— Oh, Deus! A pashmina... Que dó. Eu adorava aquela pashmina. — A loira suspirou. Talvez aquele fosse um dos itens que mais doía ter perdido: era o lenço indiano que Delinha “roubara” dele no último inverno, no dia em que ele descobriu que estava apaixonado por ela.

— Claro que vou pagar! — Era Gabriella, de novo. Gritando com Adela. A raiva de Sam voltou. — Eu honro minhas dividas, tá bom? A gente faz um novo! Sei lá, manda os duendes fazerem. Deve sair melhor que o original!

O tom do descendente de indianos ao responder foi frio, por mais que seu sangue tivesse recomeçado a ferver. — Não é a mesma coisa, mas é o mínimo que você pode fazer.

— Viu só como as coisas se acertam, Grandão? — Dela tentou fechar o assunto com um tom mais alegre na voz. — O importante é a gente agora fazer uma lista com tudo que você perdeu e chegar a um acordo com os Alleborns - algo formal, de preferência. Porque... Bem, sabe como é, só garantia. Vai que alguma coisa sai dos eixos. Acontece, né? Assim você se resguarda e, se for o caso, sim medidas mais drásticas poderiam ser tomadas. Vovó conhece uns advogados muito bons, inclusive - e nem precisaria, na boa, porque você sendo nascido trouxa e indiano, nossa!, é causa... Ah, mas o que que eu tô dizendo, né? — Ela riu, abanando a mão. — Isso é totalmente desnecessário.

Até então Anthony havia permanecido calado, graças à mão de Gabi pousada em seu bíceps como se dissesse que aquela briga era dela. Agora ele aparentemente tinha cansado de assistir a tudo aquilo sem interferir. — Gupta, eu sinto muito, cara, mas você precisa reconhecer que não tem como ter sido proposital no meio de uma briga. — Seu tom, entre a fúria contida e a calma, até se assemelhava ao de Sam logo antes. O controle lhe fugiu, no entanto, ao puxar Gabriella para mais junto de si e dar um sorriso forçado dirigido diretamente a Adela. Desnecessário dizer que faltou muito pouco para que Sanjaya partisse para cima dele só por causa daquilo. —Mas perdão, advogados? Com os Alleborn, acho melhor seus parentes conhecerem um batalhão especialista em leis alemãs e que não seja suscetível a... — Franziu o cenho, buscando a palavra certa. — ... Maior remuneração? Até porque, não precisa ir tão longe assim, Adela! Nossos avós ainda estão aqui, e sabe de uma coisa? Eles também conhecem muita gente no Ministério da Magia inglês. Sua avó, inclusive, deve conhecer um inominável que tem por sobrenome Hathway. — Ele continuava com um tom muito suave e satisfeito, como se comentasse uma bela paisagem. — Posso chamá-los aqui agora e eles sacam o dinheiro em Gringotts e mandam vir seu material.

Para sorte de todos os envolvidos – em particular de Sam e Anthony, porque era pouco provável que qualquer um dos dois saísse inteiro de uma briga entre eles –, Adela não deixaria que o namorado se lançasse em sua defesa sem que antes ela tivesse a palavra final num confronto verbal. — Nem todo mundo é comprável, Blanche. — Havia uma nota de ofensa no tom dela, mas a garota mantinha a elegância. — Sem contar que, hoje em dia, não é pouca gente que adoraria defender uma causa nobre, mesmo que por motivos nem tão nobres assim...

— 'Tá vendo? — Claro que Gabi não aguentaria ouvir aquilo sem recomeçar a gritaria. — Por isso que eu disse que você ficar andando com ela era loucura! Nós somos AMIGOS e ela tá desconfiando de mim? Ela não sabe de que casa eu sou, não?

— AMIGOS NÃO ATEIAM FOGO NAS COISAS UNS DOS OUTROS. — Sam berrou de volta, e era verdade, e mesmo assim parecia que alguma coisa tinha mudado de lugar dentro dele.

— EU NÃO TENHO CULPA DA SUA INCAPACIDADE DE LANÇAR UM AGUAMENTI! E NEM SE VOCÊ COLOCASSE FOGO NA TORRE DA GRIFINÓRIA EU TE PROCESSARIA!

— Longe de mim desconfiar de você, Gabriella, por favor. — Adela revirou os olhos. — Mas a sua família não é só você. Só avaliando possibilidades.

— A Dela tá certa em querer botar as coisas no papel, sim. Do jeito que você é doida, acaba morrendo por aí e quem paga pelas minhas coisas?

— ... Sanjaya Gupta, você está mexendo com o meu orgulho. — A indignação na voz de Gabriella era palpável. A prova disso é que ela havia baixado o tom. Sam conhecia a garota bem demais para saber que ela tinha passado do ponto do desaforo juvenil de sempre; estava realmente ofendida. — Se a porra do dinheiro é importante assim eu te coloco no meu testamento, mas nunca mais olho na sua cara!

Sam queria gritar mil coisas de volta para ela. Teve vontade de dizer que ela devia mais era fazer isso mesmo, que talvez fosse até bom para a saúde dele – não teria mais que se preocupar em salvar sua própria pele, a dela mesma e a de sabe-se lá quantos inocentes que levavam as sobras quando ela encasquetava com seus planos loucos. Mas o grifinório ainda tinha autocontrole suficiente para morder a língua e não dizer nada. Pôs as mãos na cintura, bufou até que sua respiração voltasse a um padrão mais ou menos normal, e enfim disse com um suspiro desanimado: — ... Olha, eu só quero as minhas coisas, tá legal. Sem crise. Sem mais crise, quer dizer.

Gabriella cruzou os braços. — É o tempo de a coruja chegar com o dinheiro. — Então, mais calma, acrescentou: — Sério, cara, foi mal mesmo. Mas não deixa ela falar assim de novo. — Apontou com o queixo para Adela.

— Você pode falar direto comigo, Gabriella. — A sonserina disse em voz baixa, e só quem a conhecia tinha ideia de como aquilo a havia incomodado.

— Quando você aprender a não ofender meu orgulho a gente conversa. Eu assumo meus erros, Burton.

Sam balançou a cabeça. — Chega dessa briga, tá legal? A Dela tava tentando me ajudar, só isso. — E em seguida suspirou, deixando cair os ombros até então tensos. — Eu sei que você assume seus erros, Gabi. Só que não adianta muito dizer que foi mal e cinco minutos depois destruir tudo de novo. É difícil conviver com alguém assim.

— ... As coisas simplesmente acontecem. Você sabe minha filosofia, Sam: eu só quero aproveitar e experimentar tudo enquanto tiver chance. — Sim, ele sabia. O que não queria dizer que ele achasse que aquilo era bom pra ela. Mas se havia alguém que jamais dava ouvidos ao que os outros pensavam que era bom pra ela, esse alguém era Gabi. — Não vai mesmo me abandonar no time, né?

Sam hesitou por um instante muito breve. As palavras saíram antes que ele pudesse mudar de ideia sobre elas. — Não, no time não.

Ele não sabia o que doía mais – se o choque contido no fundo dos olhos de Gabi, se a própria constatação de que a amizade de cinco anos acabava assim. No fim das contas, o que doeu mesmo foi o tapinha nos ombros – débil, quase como se ela tivesse esquecido como fazer aquilo – e o tom de cansaço na voz da garota ao dizer, afastando-se: — Até mais, Gupta.
Sam Gupta
Sam Gupta
Aluno, Capitão de Quadribol

Série 6º Ano

Índia
Age : 28
Nascido Trouxa

Cor : DarkGoldenRod

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Três Solteirões e uma Pequena Dama - Página 2 Empty Re: Três Solteirões e uma Pequena Dama

Mensagem por Kian Weisman Ter Ago 14, 2012 9:37 pm

Por um momento Kian Weisman sentiu-se menos culpado. Tudo bem que o feitiço bala perdido perdida que havia acertado maioria dos pertences de Sam Gupta não era boa coisa, contudo, podemos muito bem concordar que ter suas cuecas a amostra era menos desesperador do que ver elas espalhadas e queimadas. E ter causado só a primeira parte o confortava, afinal, problema agora era de quem havia feito uma fogueira com o material alheio.

O inglês não tinha mais nada o que fazer a não ser tomar conta da bagagem dos seus amigos. Acabou ficando sozinho com todas aquelas malas, inteiras ou não, por causa de mais fogo. Só que dessa vez chamas eram vistas no expresso. Desta forma, Kian não poderia, incrédulo, deixar escapar algumas palavras: o mundo vai acabar em chamas.

Adam, o irmãozinho, tinha deixado de lado a vontade de cochilar quando percebeu o primeiro incêndio. Havia desistido de dormir não por estar assustado com aquele acontecimento, pelo contrário, ficou todo animado, assustando o irmão mais velho, que teve que segurá-lo bem, pois parecia até que o pequeno queria saltar pro meio das chamas. E agora com o fogo no trem e a fumaça que saia pelas janelas, parecia que uma festa tinha começado. O mais novo se divertia com o corre-corre que se instalou na área de embarque. Adam estava com os braços levantados pra cima e demonstrava o quanto estava achando tudo aquilo divertido dando boas gargalhadas e, vez ou outra, espiando o rosto de Kian, deparando-se com um rosto de quem não acreditava em nada no que estava vendo.

E então o mundo pareceu voltar a ser real:

- Kian, você está bem? - Perguntou o pai do lufano, Noah. Atrás dele vinha Cathrin, mãe dos garotos, visivelmente preocupada, tomando em suas mãos o mais novo, cega pelos olhos de mãe, jurando que Adam estava assustado. O progenitor deu uma olhada rápida no segundo filho, despertando um sorriso em seus lábios. - E esses malões, de quem são?

- Ah, pai, os meninos foram ajudar e pediram pra eu ficar aqui tomando conta. E também estava com o Adam, não tinha pra onde eu ir. - Calou-se, olhando pro irmão e se divertindo, depois do susto, do comportamento dele.

- Meu Deus, o que deve ter provocado esse fogo? - Perguntava Cath, trazendo a realidade da estação pra conversa.

Ninguém respondeu nada. Apenas observavam as primeiras ações de alguns alunos e professores, afim de evitar algo pior, quando foram surpreendidos por bruxos de vestes negras surgindo na plataforma através de um portal. Aurores? Certamente. E tão eficiente quanto devem ser, logo deram conta daquele pequeno problema. Noah se afastou da família e conversou com um bruxo desconhecido, voltando logo em seguida com a informação de que o trem demoraria algum tempo para sair graças a uma ação que seria realizada por questões de segurança.

Kian pediu para que seus pais fossem embora. Alegou que ficaria bem e justificou a saída deles dizendo que seria cansativo para seu irmãozinho ficar ali por mais algumas horas, o que era verdade. Logo dava o horário de almoço de Adam e ele ia deixar de se divertir com a desgraça dos outros. E então com três beijos, um em seu pai, outro na sua mãe e por fim no irmão, Kian se despediu de sua família, ficando sozinho no meio de tanta bagagem e lembrando, depois de uma checagem rápida, que Garuda estava ali, talvez um pouco mais calma.

Ficou sentado em cima do seu malão, apoiando o queixo com uma das mãos, que por sua vez tinha o braço em cima de um dos joelhos. Observava a movimentação, sem pensar nada em específico, apenas contando os minutos que se passavam. Até que seus amigos voltaram, organizaram tudo e, quando liberado, levaram para o vagão onde ficariam as bagagens pesadas, as malas mais pesadas.

Kian permaneceu apenas com uma mochila e seguiu em direção de um vagão diferente ao que seus amigos seguiram, informando que encontraria com eles mais tarde.

A RP pode ser encerrada.
Kian Weisman
Kian Weisman
Aluno

Série 6º Ano

Inglaterra
Age : 28
Sangue Puro

Cor : #727a6d

https://www.facebook.com/fromthehebrew

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