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And every shadow filled up with the doubt.

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Mensagem por Dorothy Taylor Sáb Set 01, 2012 9:32 pm


Local: Terceiro vagão.
Hora: por volta das 15 horas


Post #1 - Heart sick an' eyes filled up with blue.

Resumo:


    O nome Dorothy Taylor pedia o complemento Gant Brenkerman, ou pelo menos assim o fora por quatro anos - apesar de todos os seus desencontros, que foram muitos. Portanto, foi com muita dor que decidiu sair de Durmstrang e da Szulvprak para seguir sua melhor amiga, Kayra Leigh, que havia sido expulsa por uma professora cuja sanidade sempre considerou questionável. No entanto, uma vez tendo feito sua escolha, não queria olhar para trás, porque isso apenas faria com que se torturasse sem motivo.

    Não havia contado a novidade para a grega, porque queria surpreendê-la quando já estivesse em Hogwarts - já que desconfiava que Kayra não aprovaria cem por cento essa sua decisão e a mandaria voltar para casa. Assim que soube, contudo, que um grupo de alunos havia explodido várias cabines, mas principalmente ao se ver entre centenas de rostos desconhecidos, descobriu que sua ideia havia sido mais que infeliz.

    Logo percebeu que as pessoas de Hogwarts eram muito diferentes das de Durmstrang: eram barulhentas, desordeiras, sorridentes e gostavam de se abraçar em excesso, o que fez com que Dory apressasse o passo, se sentindo deslocada, enquanto se enfiava na primeira cabine que encontrou para se livrar da movimentação dos corredores. Acabou ficando junto de um menino que adorava puxar assunto, mas Dory ainda não tinha pleno domínio do inglês e achava muito cansativo ter que ficar buscando respostas para dar a ele e sorrindo. Por isso, assim que o garoto parou de falar para beber um líquido amarelado que trazia em uma garrafa plástica - e Dorothy preferia não saber o que era - resolveu escapulir para procurar outro lugar para se esconder.

    Para o seu azar, contudo, acabou se enfiando numa mini-multidão bastante barulhenta de garotas, que gritavam nomes como “Bo” e “Brotherhood”, e nada disso fazia muito sentido para ela. Porém, parecia que sempre que tentava se esquivar delas, mais pessoas chegavam, até que perdeu a paciência e acabou empurrando uma ou outra, levemente assustada, e quase se jogando para dentro de uma das cabines, já arrependida por ter abandonado o lugar que ocupava antes.

    Assim que fechou a porta atrás de si, soltou o ar dos pulmões, aliviada, para só depois preocupar-se em averiguar se estava sozinha... mas não estava. Lá dentro, havia um rapaz alto, muito sério, de olhos claros e cabelos escuros olhando para ela. Por algum motivo, Dorothy pensou que ele era a pessoa mais parecida com os alunos de Durmstrang que encontrara até aquele momento, o que a fez sentir-se em casa. Por isso, mesmo tendo consciência de que era grosseiro entrar daquele jeito em uma cabine que não estava vaga, não perguntou se poderia sentar-se ali, ou apresentou-se, ou desculpou-se pela entrada brusca, apenas deixou-se cair sobre um banco vazio e colocou a cabeça entre as mãos, descansando.

    Quase um minuto depois, levantou a cabeça e observou o estranho. O silêncio era absoluto e Dorothy perguntou-se por que ele estava ali sozinho. Era bonito, então poderia atrair a atenção das garotas, se quisesse, e considerando o que havia observado sobre os alunos de Hogwarts, grande parte deles andava em bando, com grandes e até exageradas demonstrações de amizade e afeto.

    Era típico de sua parte ser atraída por pessoas problemáticas e situações perigosas, então não ficaria exatamente surpresa se estivesse perante um serial killer ou o lord das trevas redivivo. Sem rodeios, estreitou os olhos e perguntou a ele:

    - O que é você?


Última edição por Dorothy T. Auttenberg em Dom Set 02, 2012 1:53 am, editado 1 vez(es)
Dorothy Taylor
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Mensagem por Salathiel Blackburn Sáb Set 01, 2012 10:30 pm

Spoiler:



De alguma forma, de alguma maneira, um lobo surgiu out of nowhere e se enfiou no meio do feitiço de Salathiel, que só percebeu o ocorrido dois segundos depois, quando a criatura tinha se transformado num rapaz bonito. Sua primeira reação foi procurar pelo verdadeiro alvo, que então correra para a direção de onde viera, e a segunda foi observar com desdém o animago no chão.

Revirou os olhos, deixou que os recém-chegados lidassem com o contexto e nem sequer se deu ao trabalho de perguntar quem tinha sido o desavisado que se enfiara na frente de seu feitiço. Salathiel não era do tipo que se importava com muita coisa que não fosse consigo mesmo - e há controvérsias - e portanto não havia razão para dirigir a palavra a qualquer um dos ali presentes. Assim, deu as costas e entrou de volta em sua cabine, fechando a porta, disposto a retornar à sua inércia.

Sentou-se ereto na poltrona e ficou observando a parede à sua frente, anestesiado pelo ócio. Deixou sua mente vagar de novo, e uma memória peculiar pairou sobre a escuridão: quando um ano antes, ali mesmo no Expresso, Salathiel estava transformado em corvo e arrancou o olho de um gato. Descobriu depois que o pequeno animal pertencia à um corvino, mas a informação fora completamente inútil. A diversão de ver o felino ciclope e gritante certamente compensava.

Salathiel teria sorrido diante da lembrança, todavia antes que pudesse fazer isso alguém entrou em sua cabine num rompante. O sonserino observou a garota se sentar sem pedir ou sequer cumprimentá-lo, e com a sua cara de sempre, dirigiu a ela o mais inexpressivo olhar.

"O que é você?", ela perguntava. Ele não fazia a mínima ideia do que ela queria dizer com a pergunta, mas era inteligente o suficiente para supor que seu comportamento peculiar a intrigava. Pensou em ignorá-la, apenas, mas concluiu que poderia até ser divertido ouvir o que ela tinha a dizer e a pensar.

- Um ser humano. - Respondeu, sério. Sua voz era serena, como se estivesse num constante estado de calmaria, e ao mesmo tempo era dura e rígida - Que não gosta de invasões.

Sua postura era a mesma desde quando voltara a se sentar, fazendo-o parecer apenas uma estátua que falava, o que era destacado por seu tom monocórdico e o olhar gélido. Salathiel era mesmo estranho.

- Dorothy Taylor Auttenberg... - Dessa vez ele se mexeu um pouco, inclinando-se para frente. - Você nunca deveria ter saído de Durmstrang.


Salathiel Blackburn
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 And every shadow filled up with the doubt. Empty Re: And every shadow filled up with the doubt.

Mensagem por Dorothy Taylor Dom Set 02, 2012 1:51 am


    Post # 2 - I don't know what you've done to me

    O estranho de pronto respondeu que não gostava de invasões, mas Dory percebeu sem dificuldade que não havia nele nenhum sinal de irritação. Aliás, não havia sinal de nada. Como isso era possível? Entretanto, antes que pudesse pensar muito a respeito da total apatia do sujeito, ele disse o nome completo de Dorothy, que sentiu-se gelar a cada sílaba que ele pronunciava. Involuntariamente, procurou por alguma etiqueta ou crachá colado à roupa, porque mesmo que essa hipótese fosse ridícula, a outra que lhe veio à mente era pior: ele já estava esperando que ela chegasse. E se assim fosse, provavelmente a estava espionando, sabe-se Merlin por quê.

    Para coroar seu assombro, o estranho a ameaçou de forma implícita (ou nem tanto) dizendo que ela nunca deveria ter saído de Durmstrang, mas antes mesmo de ter se perguntado como ele obtivera aquela informação, ela não pôde deixar de concordar. Pelo jeito, havia dois tipos de alunos em Hogwarts 1- os felizes demais 2 - os estranhos demais, e Dory convivera apenas com gente que se enquadrava em um meio termo entre os dois, no qual provavelmente ela própria se encontrava.

    O que ele não sabia - aliás, não se espantaria tanto se soubesse - é que ela já tinha enfrentado demônios em formato de rosa, terroristas que naufragaram o navio de Durmstrang, destruíram a vila e mataram seus amigos, e, pior, os professores de Durmstrang (rs), que eram na sua maioria nada mais que sádicos. Não que com isso tivesse se tornado imune ao medo, mas achava que sabia como lidar com ele. Na verdade, era mais do que isso: gostava de sentir medo, procurava por isso, e mesmo que fosse de encontro aos seus instintos mais naturais e, claro, ao bom senso, isso não era algo que conseguisse controlar. Com um sorriso, constatou que, além de Kayra, tinha um outro bom motivo para ficar em Hogwarts.

    Tirou seu All Star preto de cano médio sem pressa, deixando suas meias pretas à mostra, e cruzou as pernas sobre o banco, para implicar com ele ao afirmar tacitamente que, mesmo que ele detestasse invasões ou tentasse assustá-la, não iria a lugar algum. Mesmo assim, o rapaz não esboçou ter sentido coisa alguma, como se ele fosse oco, vazio. Se ele realmente fosse um ser humano, como havia lhe dito, Dorothy concluiu que alguma parte dele estava com um sério defeito. Por um momento se pegou pensando se haveria algum jeito de consertá-lo, mas constatou que ele não parecia querer nada disso. Mesmo assim, lidar com sua indiferença ainda era melhor que a com a alegria frenética da criatura tagarelante com quem se encontrara antes - ao menos este não era adepto da urinoterapia.

    Por fim, terminada sua observação, encostou-se no banco da forma mais relaxada que conseguiu e pediu: - Por que você não tenta de novo? - e sorriu. Seu palpite é que o estranho era legilimente, e, se o fosse, ela sabia como se proteger disso. Tinha consciência de que ele deveria ser alguns anos mais velho, e também que tinha dominado a oclumancia há pouco tempo, mas mesmo assim queria saber se estaria preparada para fechar sua mente, já que nunca tinha tido que fazê-lo.


    Spoiler:


Última edição por Dorothy T. Auttenberg em Dom Set 02, 2012 2:29 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Salathiel Blackburn Dom Set 02, 2012 2:22 am

Spoiler:



Ele não estava exatamente ameaçando Dorothy, mas tinha lido o suficiente de sua mente para descobrir que ela acreditava que Durmstrang era melhor - e provavelmente era mesmo, em muitos aspectos - e por isso sugeriu que ela nunca tivesse voltado de lá, pois em Hogwarts ela estaria rodeada de pessoas problemáticas. Pelo menos era isso que Salathiel pensava. Que os outros estudantes da escola não passavam de babuínos subdesenvolvidos.

Observou-a tirar os sapatos acompanhando-a com o olhar, voltando a se encostar na poltrona, analisando-a quase atentamente - era difícil saber pela sua expressão vazia - e tentando vasculhar alguma informação em sua cabeça, mas, para sua surpresa, não era tão fácil como costumava ser com todo o resto. Concluiu imediatamente que Dorothy era uma oclumante, e por essa conclusão chegou a erguer minimamente a sobrancelha.

Ah, e ela sabia que Salathiel estava invadindo-a (num sentido puramente intelectual), pois ao desafiá-lo, fechou mais ainda sua mente. Só que Blackburn era mais velho e indiscutivelmente mais inteligente, mesmo que não tivesse tido a oportunidade de realmente testar a habilidade mental da garota, e poderia quebrar todas as barreiras de Dorothy se realmente quisesse. Só que ele não queria, porque ela era tão insignificante quanto qualquer outra pessoa, e não haveria nada em sua cabeça que faria qualquer diferença para a vida de Salathiel.

- Porque eu não quero. - Ele disse, calmo. - Não há nada que possa valer a mínima pena.

Ao que ela respondeu com um "ok" e depois se deitou no banco, virando o rosto. Movido pela curiosidade nua e crua, porém, Salathiel foi entrando na cabeça de Dorothy discreta e imperceptivelmente, e conseguiu vislumbrar a própria imagem sendo abraçada pela garota.

Com isso, o sonserino não pôde evitar franzir o cenho. Ao invés de intrigar-se, porém, respirou fundo e abandonou os devaneios de Dorothy. Após alguns minutos, ignorando a possibilidade de que ela estaria dormindo, falou:

- Salathiel Inremissio Blackburn.

Tinha que confessar que seu nome não era um dos mais bonitos.
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Mensagem por Dorothy Taylor Dom Set 02, 2012 5:58 pm

Spoiler:

Post #3 - But I know this much is true

    A resposta que o garoto deu à sua proposta não havia sido exatamente educada, mas Dorothy não estava muito surpresa com isso e tampouco se importava se ele sabia usar termos simples como “por favor”, “com licença” ou “Não há necessidade, mas obrigado”. Na verdade, até gostava de pessoas sinceras, porque assim sentia-se amplamente desobrigada a ser agradável. Portanto, indiferente, murmurou um “ok” e deitou-se no banco, com as pernas dobradas para que seu corpo coubesse melhor e o rosto virado para a parede.

    Sem saber que Salathiel tinha mudado de ideia quanto a invadir sua mente, apenas se perguntava se não seria possível reverter a postura e a frieza do rapaz com um pouco de atenção e carinho, elementos que provavelmente haviam faltado na sua criação. Imaginou-se, então, o abraçando pela cintura e dizendo que ficaria tudo bem, até porque não seria culpa dele se seus pais fossem monstros. Foi, porém, uma cena bastante breve que cruzou a sua mente, tanto porque era, reconhecia, ridícula, quanto porque já aprendera que nem todo mundo pode/quer ser salvo, e isso não era da sua conta.

    Além do mais, nem tinha chegado ainda em Hogwarts e já sentia vontade de afagar alguém?! O que tinha no ar dessa escola? E o que diria Gant se soubesse disso? Afinal, mesmo que não estivessem juntos, Dorothy ainda guardava com muito carinho e fidelidade o sentimento que já significou o mundo para ela. Resolveu espantar o pensamento e realmente descansar. No entanto, o rapaz, de forma muito inesperada, disse um nome:

    - Salathiel Inremissio Blackburn - Dory abriu os olhos e virou o rosto em sua direção, com a mão esquerda acima da testa, para proteger seu rosto da claridade. Por que ele tinha resolvido se apresentar? A garota o observou longamente, como de praxe, com uma expressão no rosto que dizia claramente o quão suspeita ela estava achando a sua atitude. Por fim, voltou a se sentar e, jogando o cabelo para trás exclusivamente com o intuito de tirá-lo do rosto, comentou, com um sotaque muito carregado:

    - Bem, eu acredito que não preciso me apresentar, sr. Blackburn - e sorriu, enquanto acrescentava mentalmente “e quanto menos você souber da minha vida, mais difícil vai ser quando você quiser me matar”. Perguntou-se se deveria dizer “prazer em conhecê-lo” ou qualquer coisa do gênero, mas resolveu poupá-los desse tipo de bobagens. Ao invés disso, afirmou, sempre muito direta - Seu nome é incomum - até ela, que não era da Inglaterra, conseguia perceber isso - Qual é a história dele?

    Não era sua intenção puxar assunto e não ficaria nem um pouco incomodada se fossem em completo silêncio até Hogwarts, mas havia ficado curiosa, porque não conseguia livrar-se da impressão de que ouvira o nome de um demônio... assim, literalmente falando.

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Mensagem por Salathiel Blackburn Dom Set 02, 2012 9:25 pm

Spoiler:



- Não há uma história.

Não literalmente, pelo menos. Havia um significado, certamente, mas era tão pouco importante que Salathiel nunca acreditara ser sequer digno de atenção. Na verdade, sabia que seu pai um dia ficara muito orgulhoso de ter podido dar ao único filho um nome que para o velho significava muito, já que era muito temente a Deus. Helena, sua mãe, nunca falara muito de Inremissio - atualmente, ela não já não fala de nada - e depois da morte de Julia, a irmã de Salathiel, o garoto não demonstrou qualquer sinal de interesse no assunto.

- Meu nome vem do hebraico, do latim, do grego e do inglês. - Contou devagar, como se falasse daquilo corriqueiramente, o que, claro, não seria verdade. Nunca tinham perguntado o significado de seu nome antes, aliás, podia contar em apenas uma mão quantas vezes sequer fizeram questão de saber quem ele era. Salathiel era sempre evitado; ora porque amedrontava demais, ora porque era calado demais, ora porque simplesmente ninguém lhe enxergava. E ele apreciava essa realidade, entretanto, percebeu que não se importava em explicar à recém-conhecida.

- Shealtiel significa "eu pedi a Deus", em habraico. Salathiel é uma variação grega. Inremissio era o nome de meu pai e do meu avô, e provavelmente do meu bisavô também, e em latim significa "perdão". - Respirou fundo, cruzando as pernas sobre o banco e pousando as mãos unidas no colo. - Blackburn é do inglês, não tem nenhum significado especial. Assim como os outros nomes.

Inclinou levemente a cabeça para o lado, olhando-a nos olhos, e prosseguiu:

- Já o seu... Dorothéa - Sussurrou, voltando à sua posição original. - É grego. Doron. Theós. Sabe o que significam?

Ela apoiou as mãos no queixo e disse:

- Imagino que você saiba.

- E eu sei. - Salathiel se levantou e com a maior vagareza do mundo se sentou ao lado dela, olhando-a de cima com aquelas suas orbes profundas e ao mesmo tempo vazias, como o fundo negro de um lago morto. Seu tronco estava totalmente virado para frente, enquanto apenas o seu queixo ficava na direção da garota, tornando bem notável a diferença de tamanhos entre os dois.

O sonserino nunca demonstrara ser averso a contatos ou pessoas. Na verdade, Salathiel nunca demonstrara nada, e portanto tudo lhe era simplesmente indiferente. Conversar, não conversar, conhecer, não conhecer, irritar-se, não se irritar. Aparentemente, nada no mundo era capaz de provocar no garoto uma emoção sequer. Era como se todos os sentimentos e reações de Salathiel tivessem sido colocados num recipiente, e este tivesse se perdido quando sua irmã morrera. Agora ele era apenas um saco de carne e ossos, oco por dentro. E portanto não fazia muita diferença sentar perto de Dorothy ou longe.

- Presente de Deus. - Falou, dando um sorriso discreto, do mesmo que jeito que anunciara o nome dela segundos antes - Você se considera assim tão divina, Dorothy?
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Mensagem por Dorothy Taylor Dom Set 02, 2012 10:14 pm

Spoiler:

Post #4 - I wanna do bad things with you.


    - Você se considera assim tão divina, Dorothy?

    A grifinória conteve por pouco seu impulso de afastar o corpo, enquanto olhava para ele com seus olhos azuis enormes. Parecia que só agora tinha consciência de que estava sozinha com ele no vagão, e estava absolutamente atordoada. Quais seriam as intenções de Salathiel, que, ao mesmo tempo em que se tornava agradável, compartilhando aspectos de seu nome, ainda parecia determinado a assustá-la? Por que ele havia se aproximando dela daquela forma? Por mais absurda e presunçosa que essa ideia parecesse a Dory, ela não pôde deixar de se perguntar se ele estava tentando seduzi-la.

    Se fosse isso, Salathiel estava perdendo seu tempo e sua energia. Dorothy já tinha alguém, e isso jamais mudaria, principalmente para um ser tão sombrio e estranho quanto ele. Além do mais, querer a uma pessoa vazia de sentimentos não traria a ela nada além de angústia, bem como a certeza de que jamais seria recíproco. Pessoas como Salathiel estavam condenadas a uma vida desprovida de amor. Por conta disso, considerava-se imune ao charme do rapaz.

    No entanto, a reação de seu corpo a deixou bastante preocupada. Sentia como se estivesse submersa, e por mais que puxasse o ar, não sentia o oxigênio entrando nos pulmões. Sua tentativa de ritmar novamente a respiração só fez com que esta se tornasse barulhenta, e era esse o único som que poderia ser ouvido na cabine. Estava com tanto medo assim?

    Foi então que sentiu saudades de Gant, cuja companhia era sempre descomplicada, doce, e de como ele era capaz de fazê-la sorrir com quase nada. Pensando nisso, conseguiu regularizar a respiração e pensar com mais clareza. A postura de Salathiel não era galante, mas sim intimidadora; ele agia como um predador à espreita, e Dorothy não sabia o que ele esperava antes de atacá-la.

    Além disso, o nome do rapaz era “Eu pedi a Deus perdão”, e ela não podia deixar de constatar que ele certamente tinha algo de demônio. Quantos seriam seus pecados para que até seu nome suplicasse por remissão?

    Quanto a pergunta que ele fizera, contudo, não achava que Salathiel realmente esperava por uma resposta, de modo que a ignorou por completo. Ao invés disso, já convencida de que o homem não queria seduzi-la, perguntou com muita firmeza, principalmente a considerar o pavor que sentia:

    - O que você quer fazer comigo? - suas palavras poderiam até soar um pouco eróticas, mas isso Dorothy sequer percebeu.
Dorothy Taylor
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Mensagem por Salathiel Blackburn Seg Set 03, 2012 12:47 am

Spoiler:



Deixou que a pergunta pairasse no ar por algum tempo, enquanto mantinha o seu olhar no dela. Cogitou ler seus pensamentos novamente, mas não precisava dessa habilidade para saber o que Dorothy estava pensando ou sentindo. Ela era límpida, cristalina, transparente naquele momento, e Salathiel gostou de saber disso. Gostava de ver como um ser humano podia ficar totalmente vulnerável como algumas palavras e gestos, e nessas horas tinha sérias dúvidas se ele próprio era um daquela espécie. Era inclusive estranho ter todo o conhecimento biológico e psicológico sobre si mesmo, e ainda assim contradizer-se em todos os aspectos. Isso fazia Salathiel perceber que era único, e que jamais gostaria de mudar.

- E por que eu iria querer fazer algo com você? - Respondeu por fim, na sua voz de um tom só. - Mas presumo que possamos fazer companhia um ao outro. Em silêncio. Com palavras. Com olhares. Tanto faz. Você está aqui, Dorothéa, e agora que invadiu minha cabine, faço questão que fique.

O que era mentira, mas Salathiel era sempre tão inexpressivo em suas palavras que seria impossível decifrá-lo, saber se estava dizendo a verdade, se estava apenas sendo cortês, se queria cortar a garganta de Dorothy ou se apenas desejava alguém para conversar, afinal, chegava a ser realmente divertido de vez em quando. Ele reunia mentalmente todas as apresentações que fizera e todas as poucas pessoas que conhecera. Não porque se importava com qualquer uma delas, apesar de ter gravado todos os seus nomes, mas porque cada uma tinha um jeito diferente de lidar com ele. Algumas eram indelicadas e rudes, outras tinham medo, e... Bem, era só isso até então. Dorothy era uma nova "categoria", e Salathiel apreciou esse fato.

- Bom, se você faz questão. - Ela disse tentando parecer despreocupada ao tirar uma barra de chocolate da jaqueta e oferecer a ele. - Mas por que?

- Não gosto de doces. - Ele disse sem nem olhar para a mão de Dorothy. Em momento algum tinha parado de fitá-la nos olhos ou sequer se movera no assento. Ignorou a pergunta dela, porém, e se levantou novamente, para voltar à sua posição de origem e poder encará-la de frente.

Ficou assim, mudo e imóvel pelo que pareceu ser cinco longos minutos. Enquanto isso, vagava pela mente de Dorothy que novamente estava vulnerável, ainda que ele pudesse discernir que não era tanto quanto seria se ela não fosse oclumante. Ali, poderia ficar muito surpreso com o que via. As imagens que juntava dos pensamentos da garota eram majoritariamente sobre si mesmo, e a que mais chamava atenção era a que ela formava naquele instante: pegando Salathiel pelos cabelos e puxando-o para perto, num gesto de carinho. Sua voz no fundo dizia "Resista a ele. É perigoso demais. Só traria dor.".

Se tivesse se incomodado, teria interrompido a legilimência imediatamente, mas notou que, por mais inusitados (e até um pouco incabíveis) que fossem os pensamentos dela, ele não ligava que ela os tivesse. Na verdade, chegou a achar interessante, visto que outros apenas imaginaram-no assassinando pessoas ou se abaixando num canto escuro, chorando. No fim das contas, nem com o fato de Dorothy ter chegado àquela linha de raciocínio apenas depois de algumas palavras trocadas o surpreendeu.

- Está apreciando seus pensamentos? - Perguntou sem cerimônia. - Não consigo lembrar do momento em que pareci ser sociável a esse ponto.
Salathiel Blackburn
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Mensagem por Dorothy Taylor Seg Set 03, 2012 10:28 am

Resumo:

    Post #5 - When you came in the air went out.

    Encolheu-se inconscientemente ao ouvir as palavras de Salathiel, com tanta vergonha que a ideia de se atirar pela janela do expresso em movimento a apetecia mais que a de permanecer perto dele. Não estava irritada pelo rapaz ter invadido sua mente de uma forma tão hedionda, já que desde o instante em que entrou na cabine tentava usar sua própria habilidade para ler as suas emoções, o que também não é muito honesto - mesmo tendo falhado miseravelmente.

    - Eu sou criativa - respondeu, em um fio de voz, antes mesmo que pudesse pensar direito no que dizia. Aliás, a repercussão de qualquer coisa que dissesse não faria muita diferença, tanto porque o estrago já havia sido feito quanto porque sentia-se tão suja que nada mais tinha importância. Bastou pouco para que traísse todo o amor que gostava de proclamar pelos quatro ventos. Era mesmo uma pessoa detestável, sórdida.

    Fez menção de que se levantaria para sair da cabine, e provavelmente era isso que o rapaz queria que ela tivesse feito desde o início, mas sequer chegou a levantar-se, invadida por uma epifania. Dorothy era muito boa em ler o que as pessoas sentiam, e mesmo que nem sempre conseguisse ter uma visão completamente clara desses sentimentos, ao menos conseguia captar um gesto, uma expressão facial, enfim, qualquer indício que os denunciava. Com Salathiel, não conseguia nada! Era a primeira vez que encontrava alguém tão neutro na vida, como uma parede, e Dorothy só conseguia achar uma hipótese plausível para essa questão: estava diante de um psicopata, no sentido literal da palavra.

    Não dominava o assunto, mas sabia que esse transtorno de personalidade se caracterizava pela completa incapacidade de empatia, pelo egocentrismo, e pior, frequentemente pelo sadismo. Dory poderia morrer à sua frente, implorando pela sua ajuda, que o máximo que isso despertaria em Salathiel seria o prazer da boa diversão. Não tinha certeza, mas já ouvira falar que grandes traumas tinham o condão de despertar a psicopatia, e se perguntou qual teria sido o dele.

    Acontece que, uma vez já supondo o que ele era, pôde dar um nome, um diagnóstico, à sua estranheza, de modo que ele não mais a assustava (tanto). Sabia que ainda deveria tomar muito cuidado, porque não havia nada que ele não fosse capaz de fazer, se quisesse, mas ele não era um ser sobrenatural, então não era dotado de capacidades sobre-humanas. Podia lidar com ele.

    Além do mais, se estava mesmo de frente a um ser humano tão peculiar, poderia pensar em pelo menos uma dúzia de perguntas para as quais sempre quis uma resposta, e parecia um desperdício não tentar esclarecê-las. Consciente de que deveria tomar precauções, sentou-se perto da porta, o mais distante dele que poderia conseguir, e abraçou os joelhos à frente do corpo, colocando uma barreira física entre eles. Sua varinha estava no cós da calça, e mesmo que não pudesse pegá-la tão rapidamente daquele jeito, estaria preparada para usá-la a qualquer momento. Por fim, certificou-se de que estava mais concentrada em suas defesas mentais agora. Só não pediu para que ele não se aproximasse de novo porque ele poderia querer fazê-lo só pelo prazer de deixá-la em dificuldades. E começou pela pergunta que confirmaria suas suspeitas:

    - Você nutre sentimentos por alguém? - pegou-se desejando, mas só um pouco, que ele respondesse que não. Embora também quisesse que ele fosse capaz de fazê-lo...
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Mensagem por Salathiel Blackburn Seg Set 03, 2012 2:56 pm

Spoiler:



Depois disso, Salathiel percebeu que tudo na mente de Dorothy ficara nebuloso e, dessa forma, ele não era mais capaz de decifrar seus pensamentos. Por outro lado, ficou novamente satisfeito ao perceber o quanto sua presença a influenciava, ainda que tivessem acabado de se conhecer, e por isso resolveu adotar outro tipo de postura.

- Sim. - Ele respondeu. - Mas a pessoa não sabe.

O que não deixava de ser verdade, afinal, Julia jamais saberia que seu irmão ainda a amava, já que estava morta. Ele poderia ficar perturbado com o assunto até, mas há muito perdera o medo do passado, assim como perdera tudo dentro de si por causa dele. No fim das contas, a morte da sua irmã lhe incomodava tanto quanto o placar do último jogo de quadribol do campeonato inglês, ou seja, nada.

- Então você... ama alguém? - Quis saber ela, quebrando o contato dos olhares. Salathiel até tentou invadir sua mente para descobrir quais eram as reais intenções por trás de sua pergunta, mas a névoa da oclumência dela o barrou.

- O que é amar, Dorothy? - Perguntou por fim, inclinando a cabeça como fazia quando estava interessado no assunto.

- Não sei. Mas acho que se amássemos, saberíamos... Você se importa ou sente carinho por alguém? Precisa da presença dela pra ser mais feliz?

Ajeitou-se, cruzando as pernas. Ficou em silêncio por um tempo, a fim vasculhar em si mesmo a resposta para os questionamentos de Dorothy. Sabia que ela esperava um “sim” para ambas as perguntas, porque via em seus olhos a esperança de encontrar algo bom em Salathiel. Entretanto, mesmo sabendo disso, ele foi completamente honesto:

- Sim e não, respectivamente. Seria um problema se eu precisasse, afinal, ela está morta.

E sorriu, achando cômica a ideia de conviver com um fantasma, por exemplo, se ele sentisse a necessidade de estar do lado de Julia. Poderia ter realmente rido enquanto sua mente trabalhava numa imagem grotesca de Salathiel sentado à mesa da sonserina e sua irmã ao seu lado, pálida como um cadáver, com a saia manchada de sangue - já que ela morrera com uma hemorragia na genitália - e os olhos fundos fitando um pedaço de torta de amora à sua frente, enquanto ela tentava comer e a tortura vazava pelo seu corpo fantasmagórico.

- Eu sinto muito, Blackburn. - Ouviu Dorothy dizer, com uma expressão esquisita no rosto.

- Não sinta. A morte vem para todos. Para uns, mais cedo, para outros, mais tarde. - Ele voltava a ficar com sua expressão vazia, falando baixo e devagar. - Você ama alguém. Ainda. - Afirmou sem rodeios, já que tinha visto algo na mente dela momentos antes - Quem?

Salathiel Blackburn
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 And every shadow filled up with the doubt. Empty Re: And every shadow filled up with the doubt.

Mensagem por Dorothy Taylor Seg Set 03, 2012 4:08 pm

Resumo:

Post #6 - And all those shadows there are filled up with doubt.

    Dorothy estava diante de um dilema: achava, por um lado, que Salthy não poderia ser psicopata, porque estava realmente gostando muito da companhia e da conversa dele. Em contrapartida, pessoas assim eram muito inteligentes, e ela poderia estar sendo manipulada para justamente se afeiçoar a ele. Seu cérebro estava quase dolorido de tanto tentar resolver o enigma, e já não sabia mais o que seria prudente ou não fazer, de forma que resolveu desistir de descobrir. Afinal, não achava que ele fosse matá-la, pelo menos não ali, porque senão já o teria feito.

    Estava muito tentada a dizer que não queria falar sobre o seu amor, e tinha muita certeza de que saber ou não seria completamente indiferente a Salathiel. Mesmo assim, depois de tê-lo bombardeado com as suas perguntas, e ter recebido respostas atenciosas e delicadas como as que ele havia dado, achava que seria no mínimo errado se esquivar do assunto.

    - O nome dele é Gant - sua voz ficou embargada ao pronunciar o seu nome, e teve que piscar algumas vezes para desembaçar a visão. Não sabia o que dizer para explicar o motivo de não terem dado certo, porque eram muito parecidos, se davam muito bem, não tinham famílias rivais ou qualquer outro motivo dramático. No entanto, parecia que havia uma força celestial que estava sempre impedindo que ficassem juntos, e quando finalmente conseguiu que se beijassem (além dos selinhos "acidentais") o que foi seu primeiro e único beijo, já com quinze anos de idade, percebeu que não era o que queria.

    O amava muito e se detestava mais ainda por sentir que havia alguma coisa faltando pra eles, mas não achava justo ficar com Gant mesmo assim, porque o máximo que poderia conseguir com isso era impedir que ele fosse feliz com alguém que o amasse como ele merecia. Por isso fugiu. Literalmente.

    Começava a se perguntar o que queria, se não era casar-se com Gant e ter vários filhos, como passou quatro anos acreditando que fosse. Talvez tivesse vivenciado coisas demais e agora estava tão cheia de danos que o melhor que poderia fazer era permanecer sozinha, para não envolver mais ninguém nos seus problemas. Ou talvez estivesse apenas com medo de se entregar em um relacionamento com Gant e eles se perderem de novo, como já havia acontecido várias vezes, a destruindo por completo em todas elas, e já estava cansada de se reconstruir. Suspirou, com a cabeça baixa e os dedos entrelaçados fortemente no colo.

    - Acho que não era amor, ou estaríamos juntos. Teríamos dado um jeito. - a frustração fez um nó tão apertado na sua garganta que não conseguiu continuar falando. Além do mais, tinha 15 anos. Será que já poderia dizer que amara alguém com tão pouca idade? Respirou fundo - Além disso, acho que estou com defeito - confidenciou, ficando vermelha em seguida por ter dito algo tão desnecessário.

    Pegou o chocolate que havia oferecido a ele instantes atrás e começou a comê-lo, distraída. Do que realmente precisava, no entanto, era uma caneca enorme do café mais forte. Finalmente, mais recomposta, perguntou:

    - Você acha que será capaz de amar de novo?- era uma dúvida que tinha sobre si mesma, mas, se ele negasse, poderia ser também um indício da sua psicopatia. Afinal, a perda de alguém poderia ser justamente o trauma que desencadeara o seu transtorno de personalidade, o que fazia Dorothy ignorar o amor que ele disse já ter sentido.
Dorothy Taylor
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Mensagem por Salathiel Blackburn Seg Set 03, 2012 7:58 pm




Como suspeitou, o assunto realmente tinha importância para Dorothy. Salathiel não precisava entender de psicologia para ler os traços em seu rosto: os olhos ligeiramente marejados, o rubor que preenchia suas bochechas disfarçadamente e o tempo, claro, que ela demorou para responder. Ele não dava a mínima para quaisquer que fossem seus sentimentos para com outra pessoa, mas descobriu que gostava de ouvi-la falar.

Salathiel podia ser extremamente insensível, vago e de emotividade nula, mas isso não significava que ele não se interessava por nada. Não significava que não podia se divertir ou manter um diálogo. Ele apenas nunca fazia questão disso, e as pessoas também, então por que se incomodar? Entretanto, lá estava aquela garota, a primeira que não se importara com seu jeito frio e distante e que não ficara com medo (por muito tempo). Não, nada disso era um atrativo para o sonserino, mas o interessava porque era novo, como um brinquedo ganho no natal.

A verdade era que Salathiel Blackburn podia ser tão dissimulado quanto completamente sincero, e tão rude quanto gentil. E assim, era sempre impossível saber o que ele realmente estava pensando, quais eram suas intenções e o que poderia fazer a seguir. Era uma incógnita e ao mesmo tempo um rapaz muito transparente, que não tinha medo de magoar ninguém, que não fazia questão de ser uma boa companhia, que poderia passar horas e horas sozinho e em silêncio, e que, ao mesmo tempo, era capaz de dialogar tranquilamente. Tudo dependia de como reagiam a ele. E até então Dorothy estava tendo sucesso.

- O amor é desnecessário. - Alegou - E qual é o seu defeito, além de mentalizar erotismos com recém-conhecidos?

- Olha, esse é recente - Ela respondeu sorrindo - Ah, eu tinha tudo e isso não foi suficiente! Me falta alguma coisa, e eu não sei o que é... O que pode ser?

Salathiel descruzou as pernas e inclinou a cabeça. Seus movimentos eram sempre os mesmos - quando os fazia - e com isso podia até parecer meio robótico às vezes. Entretanto, ele não gostava de parecer à vontade, ainda que estivesse, e isso apenas o tornava mais esquisito. A posição mais confortável para Salathiel era a reta, dura como pedra. Por isso seus músculos eram tão rijos.

- Você tinha tudo... que conhecia. O que te falta é o “tudo” que você não conhece. - Filosofava em sua voz serena - Gant era bom pra você? Era gentil? Atencioso? Incondicional?

- Sim, ele era... - Ela respondeu, prestes a chorar, escondendo o rosto com as mãos.

Sem qualquer sinal de comoção, Salathiel inclinou-se para frente e esticou o braço em sua direção. Tocou os dedos nas juntas dos dela, e ao contrário do que toda sua aparência denunciava, bem como seu jeito e seu modo de falar, seu toque era quente. Pelo menos comparado à pele dela.

- Você acha difícil amar o bom, Dorothy? Já experimentou amar o mau? - E recostou-se novamente em seu banco, como se ela nem estivesse triste e os dois conversassem sobre qualquer assunto banal. - Quando você conseguir abrir os olhos para enxergar que não bastam carinho e afeto, gentileza e amabilidade, vai descobrir o que te falta. Que me parece meio óbvio, inclusive. Até lá... - Respirou fundo. - Bem, se você realmente o amasse, não estaria aqui.


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Mensagem por Dorothy Taylor Seg Set 03, 2012 8:40 pm

"Resumo":

Post #7 - I don't know who you think you are.

    As coisas que Salathiel dizia iam de encontro com tudo que Dorothy sempre acreditou, a começar por "O amor é desnecessário". Ora, amar algo ou alguém sempre foi o combustível de sua vida, a razão de sua existência, e se agora estava desnorteada isso se devia justamente ao vazio deixado por Gant. No entanto, não poderia negar que estava começando a concordar com ele, a deixar que suas palavras a contaminassem, porque faziam algum sentido.

    Seus pensamentos foram interrompidos, porém, no exato momento em que sentiu o toque quente de Salathiel nos dedos, o que a fez abaixar a mão que cobria o rosto e voltar a encará-lo.

    - Você acha difícil amar o bom, Dorothy? Já experimentou amar o mau? - ele perguntou. A grifinória arregalou os olhos, pensando que seria incapaz de admirar pessoas más, que dirá amá-las. No entanto, seu ritmo cardíaco ficou acelerado, demonstrando que no fundo estava comprando sua teoria.

    O rapaz continuou, alegando saber o que lhe faltava, como se tivesse adivinhado que essa era a dúvida que causava todas as suas aflições. A garota prestava tamanha atenção no que ele dizia que sequer conseguia piscar e ficava a cada segundo mais aterrorizada. Desta vez, contudo, o medo que sentia não era dele. Tinha medo de si mesma, e do que poderia acontecer se seguisse seus conselhos. Eles eram enormemente tentadores, porque o que Salathiel mostrava a ela era a possibilidade de uma vida mais livre, sem tanta culpa, sem tanta saudade e, principalmente, sem as expectativas sufocantes do que poderia ser - e retirar esses pesos de seus ombros era bom demais para que conseguisse ignorar.

    Finalmente, tomada de excitação por uma vida que poderia ser a sua, mas ainda frágil pela dor de ter abandonado Gant, fez o impensável.

    - Me ensina a amar o mau, Salathiel - pediu, em voz baixa, com um leve rubor nas bochechas, enquanto fazia exatamente o movimento que imaginara minutos atrás, de levar os dedos em seus cabelos e eles eram tão macios quanto havia suposto. No fundo, uma voz de sua consciência a advertia para o que estava fazendo, bem como para o fato de que acabara de conhecer Salathiel, que claramente não deveria ser confiado. Além do mais, reconhecia ser do tipo que apaixonava-se muito depressa, tendo bastado alguns segundos para que ficasse irremediavelmente apaixonada por Gant, em um bar de Strang. Sabia que seria ainda mais caótico na sua vida se acontecesse o mesmo com o rapaz que estava diante de seus olhos, mas lutando contra a maré de sua consciência, moveu-se para frente, aproximando seus lábios dos dele devagar.

    Antes que o tivesse beijado, porém, o rosto de Gant se materializou na sua mente como uma assombração, e ela parou de avançar e recolheu o braço, confusa, ofegante. Encostou-se no banco, ainda olhando para ele por alguns segundos, até que colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, olhando para baixo, como se reconhecesse que tinha se excedido.
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Mensagem por Dohko Shevchenko Seg Set 03, 2012 10:20 pm

“O trabalho de um bastardo nunca está pronto”. Era nessa máxima que ele sempre acreditou. Sozinho, pelas ruas da República Checa, sempre se viu como o mais livre dos seres e aquela liberdade bandida é que marcava sua vida. Não tivera nota suficiente para passar em nenhum NOM com uma nota acima de Trasgo e não porque fosse ruim em tudo, mas simplesmente porque não se importava com nada.

A única certeza que tivera desde o dia em que se descobriu bruxo, era o quadribol. O resto, bom, era resto e como tal se quer merecia ser creditado. Agora, no entanto, Dohko encontrava-se mais perdido do que nunca. Era o seu último ano em Hogwarts e a única certeza que tinha de que seria um jogador profissional de quadribol tinha se perdido por causa da sua condicional e consequente restrição judicial de ficar de fora da posição de batedor por quatro anos.

Ele já era um bruxo maior de idade, da pior índole e espécie possível. Não precisava de Hogwarts para se formar e pegar um canudo que não lhe acrescentaria nada. A maioria daqueles garotos ainda não saíra das fraldas, eram criados a base de bolo de caldeirão e suco de abóbora e não sabiam nada da vida e muito menos das crueldades da vida. Já ele, bem, Dohko era casca grossa e intragável por natureza. E por isso mesmo, resolveu voltar à escola e se formar, afinal, o governo bancava a educação dos pobres e ele como usuário do sistema desde o dia em que fugiu de casa, não via nada mais justo do que usar mais um pouco da verba governamental.

O atraso do trem lhe era indiferente. A bem da verdade, o checo limitou-se a fumar do lado de fora da estação até o último momento e a dormir no vagão de carga para não ser incomodado durante a maior parte da viagem.

Acordou do cochilo e foi fazer suas compras como sempre fizera todos os anos: vasculhando as malas dos outros e enchendo o seu saco com aquilo que lhe interessava. Era sempre uma benção ter seu estoque particular e ilimitado de cacarecos. Nesses momentos, Shevchenko se sentia meio Robin Hood, roubando dos ricos para dar ao pobre. Não que ele ligasse muito se estivesse roubando de pobre também. Na verdade, ele não ligava a mínima.

- Mas o que é que você está fazendo aqui? – a velhota dos doces tinha entrado no vagão provavelmente pra tirar um cochilo no horário de trabalho. Dohko fez a egípcia pra mulher e tirou onda, levantando os braços como se estivesse se rendendo.

- Colé, tia, tô só pegando uma coisa aqui da minha mala. – puxou um maço de cigarros trouxas capengas do bolso e o colocou de volta no jeans surrado e sujo – Fica sendo o nosso segredinho, falou? – e foi saindo na miúda – Pode ir dormir ai no seu turno que eu vou ficar bem calado, se alguém quiser doce, pode deixar que eu dou balinha da alegria.

E soltou uma risada debochada. Por sorte já tinha enchido a mala de coisas dos outros ou teria mais problemas com o Ministério como se sua ficha não estivesse mais suja do que o chão do Caldeirão Furado. O jeito era achar uma cabine vazia.

Já no terceiro vagão, finalmente achou que tinha encontrado um lugar para dormir o resto da viagem, dado que o lugar parecia vazio. Em outros tempos ele não teria problemas em expulsar quem quer que fosse e ocupar o lugar todo sozinho, mas com um trem cheio de aurores nem que ele fosse uma besta quadrada. Aproximou-se do vidro e viu que a cabine tinha duas pessoas: uma menina e um cara que era da sua casa, do seu ano e que por um acaso dividia o dormitório com ele e de quem Dohko evitava roubar por causa do gosto maricas de se vestir.

Ficou sentado no chão, ouvindo a conversa dos dois com uma cara sacana que poderia muito bem ser confundida com coisa de tarado que gosta de ouvir conversa de casais só para satisfazer a libido. Não era o caso. Naquele momento ele estava pensando no quanto a menina era ridícula e não se aguentando mais quando ela soltou a derradeira: “Me ensine a amar o mau”. Ou algo do tipo, Shevchenko com um arranco abriu a porta de correr da cabine, se enfiou lá pra dentro na maior cara de deboche e com um pontapé fechou a porta.

- Uh-hu-hu! O que temos aqui, minha gente! Julieu e Romieta um clássico do romance mela-cueca de Hogwarts! – cuspiu no chão encarando a menina por quem nutrira um profundo desprezo haja vista o tanto que era machista – Quem diria que o “Queimadinho” ia arranjar uma namorada! E eu que achei que você jogasse pelo Harpias de Hollyhead, bro, sacumé? – e riu-se a valer como se fosse muito esperto ao contar uma piada – Corta logo esse papinho meia boca, mostra pra ela o tamanho do seu amor e vazem que eu vou usar a cabine e essa conversinha de vocês me deixa doente! – e sentou-se apoiando as pernas em um banco inteiro no ápice da sua vulgaridade peculiar, puxou o maço de cigarros acendendo o pito com a ponta da varinha, só esperando pela reação do casal.

Dohko era um idiota, cabeça de trasgo e valentão. Onde ele pisava era sinal de encrenca e ele tinha total desprezo pelas regras e sabia ser vulgar como ninguém mais era capaz. Intolerável e desagradável, era o maior espanta roda que poderia existir. No entanto, tratando-se de Salathiel Blackburn até então eles nunca haviam tido um impasse por território, e o checo não poderia deixar passar tão nobre oportunidade, pois era seu último ano, afinal.


Resumo: Dohko dorme no vagão de carga, acorda e rouba o material de várias malas e coloca na sua. Quase é pego pela velha dos doces mas sai antes que ela possa desconfiar de algo. Sai andando pelo trem em busca de alguma cabine para ficar isolado quando escuta Dorothy e Salathiel conversando. Entediado, resolveu entrar e ser desagradável, pedante e machista só por esporte.


[off]qualquer coisa, edito bjs[/off]
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Mensagem por Salathiel Blackburn Ter Set 04, 2012 12:29 am

Spoiler:



Quando Dorothy investiu contra Salathiel, ainda que a atitude fosse inédita para o garoto, ele permaneceu imóvel e de olhos abertos, esperando pacientemente o momento em que ela fosse cair em si e perceber que estava sendo mais louca do que o próprio sonserino. Tendo em conta toda a carga de estudo que Salathiel tinha, não podia culpá-la. Aparentemente, Dorothy tinha no máximo quinze anos, acabara de chegar numa escola nova totalmente diferente da sua anterior, abandonara um antigo amor e tivera o enorme azar de acompanhar justo Blackburn durante a viagem do trem. Claro que ela estava perturbada. Só que a compreensão não tornou-o mais ameno ou mais rude. Fê-lo pensar, inclusive, o que seria necessário que alguém fizesse para, enfim, comovê-lo.

- Não precisa se envergonhar. - Anunciou por fim. Não acreditou realmente que pudesse convencê-la, entretanto.

Foi apenas cinco segundos antes de um brutamontes invadir a cabine que Salathiel pôde perceber seus pensamentos no local, portanto não chegou a ver nada distinguível. Ele só conhecia o rosto do intruso pelo fato de serem da mesma casa, do mesmo ano e do mesmo dormitório, mas nunca fizera questão de saber seu nome (ou vice-versa) ou de sequer vasculhar seus pensamentos. Aliás, tinha sérias suspeitas de que não encontraria nada a não ser o eco.

Havia uma aura no forte rapaz que definitivamente não combinava com o ar lúgubre de Salathiel, ou com o jeito despreocupado de Dorothy. Portanto, ele virou a cabeça com lentidão para olhar o recém-chegado, ignorando íntegra e totalmente todas as suas palavras, ainda que estas lhe dissessem rudemente para sair da cabine.

- O que temos aqui... - Imitou a fala inicial do colega, olhando-o do queixo à testa enquanto descobria seu nome mentalmente. Dohko Shevchenko. - Hm, nada.

Ainda assim, tirou a varinha de dentro da manga, segurando-a em sua mão esquerda, sem apontá-la para ninguém em específico.

- Romeu e Julieta. - Disse, calmo, girando o instrumento entre os dedos. - Diga-me, Nada, você já leu Romeu e Julieta? A obra a qual fez uma pérfida alusão, segundos atrás?

- Cara, quem curte ler essas baitolagens é como eu disse, fã de harpias. - Respondeu Dohko, estralando os dedos. - A única coisa que eu sei é que os dois morrem no final. E pra mim já tá de bom tamanho!

- Ah, sim, eles morrem. Bem trágico, devo dizer. Uma pena. Mas quem precisa de punhais e venenos quando se tem magia? - E tranquilamente Salathiel apontou a arma para Dohko, bem na direção de seu nariz. Quando falou novamente, porém, sua voz estava muito mais séria, apesar de seu olhar ser do mesmo vazio de sempre: - Agora escute, sr. Nada. Não me importo com a sua presença, mas não gosto de descortesias. Faz tempo que não alimento meu corvo, e sabe qual é seu prato favorito? Olhos. Humanos, principalmente. Seja desrespeitoso de novo e eu uso os seus como ração.

O que ninguém sabia era que Salathiel não tinha nenhum animal de estimação e que sua forma animaga era um corvo.


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Mensagem por Dorothy Taylor Ter Set 04, 2012 1:37 am

Resumo:

Post #8 - But before the night is through...


    Dorothy permaneceu encarando o chão, mesmo com Salathiel dizendo que não precisava se envergonhar. Aliás, antes fosse apenas vergonha o que sentia, porque então não estaria se remoendo diante da certeza de que, naquele momento, realmente quis beijá-lo. Aliás, ainda queria. Isso era tão perturbador que sentiu de novo que precisava sair dali para se livrar da hipnose do rapaz, mas, assim como da última vez, não conseguiu fazê-lo, porque um outro aluno de Hogwarts, alto como Salathiel, estava obstruindo a porta.

    Este, porém, parecia-se mais com o restante dos ingleses, porque era barulhento e desatou a falar depressa, com tantas gírias que Dorothy não conseguia entender muita coisa, mas julgava pelo seu tom de voz que ele debochava dela e de Salathiel. A polonesa apenas o olhou para ele pelo canto dos olhos, movendo sua cabeça alguns míseros milímetros, para enquadrá-lo no seu campo de visão o mínimo possível, mas, diferente de como havia sido com Blackburn, não sentia a menor vontade de estudá-lo. Não demorou, portanto, para que, indiferente a ele, colocasse um dos pés sobre o banco para apoiar a bochecha no joelho e ficar olhando para fora do expresso.

    Mesmo sem olhar para os dois, porém, voltou sua atenção à cena assim que ouviu a voz de Salathiel, e logo percebeu que até o vocabulário deste denunciava o quanto era superior ao outro. O que mais atraiu a sua curiosidade foi a ameaça que ele proferira, com tamanha frieza que, se fosse verdade, só poderia ser obra de um psicopata. Quem mais alimentaria seu animal de estimação com olhos de seres humanos?

    Naquele momento, até cogitou levantar a cabeça e olhar para o outro intruso - coisa que ela também era, se formos pensar bem - para alertar que ele deveria correr, e rápido, e para bem longe, mas resolveu que ficaria fora disso. Até porque os psicopatas precisam extravasar seu sadismo, e se Salathiel fosse fazê-lo, não conseguia pensar em ninguém melhor que o próprio estranho para servir de vítima. Preferiria se não fosse na frente dela, é claro, porque era contra qualquer tipo de violência, mas estava prestes a abrir uma exceção.

    Inclusive, começava a enxergar algo de heróico em Blackburn, já que, de uma forma ou de outra, ele estava defendendo a boa educação. Por mais que ela própria não tivesse sido um exemplo de gentileza quando entrou na cabine, considerou seu gesto cândido. Tanto que, esquecendo-se por um momento do seu embaraço, resolveu participar da conversa dos rapazes, pegando sua varinha também e apontando para Dohko. Só então viu como ele estava sentado e notou como era implicante, o que só a deixou mais convicta de que deveria agir.

    - O senhor está em desvantagem numérica. É altamente aconselhável que se retire, principalmente se não quiser que os aurores se envolvam nisso - não era sua intenção usar os aurores para assustá-lo, pelo contrário: só sentia que, se o rapaz caísse sob as garras de Salathiel, o último poderia acabar preso. Além do mais, era nitidamente mais nova, mas não queria fazer um feitiço muito complexo: se contentaria em apenas imobilizá-lo, para que Salathiel pudesse aproveitar aquela oportunidade conforme lhe aprouvesse.

    De repente, notou que desejava de verdade restaurar a paz dentro da cabine, então talvez sua ideia de sair de lá jamais houvesse traduzido uma vontade real. Isso, contudo, não significava que tinha planos românticos com Salathiel, porque se conseguissem expulsar o terceiro, a única coisa que queria realmente fazer era dormir.
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Mensagem por Dohko Shevchenko Ter Set 04, 2012 8:14 am

Como o chato que era, Dohko estava ali só para irritar o que implica na sua corrente falta de atenção. Geralmente sentenças maiores do que duas linhas o faziam perder a atenção. Não que fosse desléxico, mas não fazia muita questão de ouvir. Perdeu completamente o interesse quando o garoto lhe chamou de nada. “Dude, se isso é o máximo que você consegue fazer nem eu consigo pensar em nada pior pra te ofender”...

Mas ele não externou esses pensamentos porque diferentemente da massiva sonserina que preferia externar a lábia, sustentação oral de idéias e debates ferrenhos, Dohko era adepto da política do “fala com a minha mão”. E não no sentido de “fica na miúda” da coisa, era no sentido de que o punho ia ser fechado na boca do tal fulano. Sabia muito bem de suas limitações e muito provavelmente Blackburn venceria qualquer discussão que eles tivessem. Se duelassem por magia, o combate poderia render mas se saíssem no mano a mano, Dohko simplesmente moeria a cara de grã-fino do colega. O que pra ele pareceu tão desinteressante quanto as ameaças que ouviu do colega.

Não podia negar que apreciava o certo tom de sadismo na fala do outro, talvez ele até pudesse usar essa futuramente, entretanto, Shevchenko vivia em seu próprio mundo, onde ele era rei e fazia a lei, até que visse o outro fazer alguma coisa que valesse a pena ia continuar com a sensibilidade de uma colher de chá.

Completamente boçal, entretanto, soltou uma baforada do seu cigarro fedorento que impregnou todo o lugar. Seus lábios contraíram-se em um sorriso feio e melindroso como o do gato da Alice encarando o casal que ele nem sabia se era de fato um casal. Também pouco lhe importava. Não era como aquela gente fofoqueira do expresso, cada um que cuidasse dos próprios negócios e que o resto se danasse.

- Cara, comida de corvos é para fracos. – soltou vários anéis de fumaça para o alto – Em Praga a gente come corvo no café e masca as penas na janta.

- O senhor está em desvantagem numérica. É altamente aconselhável que se retire, principalmente se não quiser que os aurores se envolvam nisso.

O checo então se virou para a garota com um olhar diferente. Como se a significância dela de verme tivesse evoluído para verme dentado. Achou graça. De verdade. Tanto que riu. Um riso grosso como ele. Guardou a varinha no cós das vestes e fez de novo aquele olhar de bandido recém saído do gueto e que não quer se adaptar.

- Já sei que sua casa nunca será Corvinal, florzinha-inha. – colocou os braços pacificamente atrás da cabeça dando certa ênfase para as botas de cadarço imundas de lama asfáltica – Se os aurores chegarem aqui, eu vou permanecer quieto porque como você mesma disse, florzinha-inha, quem tá na desvantagem numérica sou eu. Seria lufanice atacar não, é? Qualquer autoridade saberia disso. Eu sei como os caras pensam. E digo eu, quem vai se f#der se eles entrarem aqui são vocês que estão armados e apontados e não eu, que estou aqui na mansuetude.

Bateu as cinzas do cigarro e abriu a janela do trem. O cheiro forte do tabaco mascavo começara a incomodá-lo um pouco. Estômagos mais frágeis teriam inclusive, tido náuseas.

- Não gosto de varinhas, florzinha-inha. Meu negócio é coisa de macho. E por mais que eu não faça discriminações, não gosto muito de bater em mulheres... Mas se você fizer questão... – e dirigiu-se à Salathiel sem encará-lo – Agora, Bro, se quiser me enfrentar, vai ter que guardar o seu pauzinho e blábláblá! Isso já ficou chato. Vocês são tão chatos que me fazem perder a vontade de brigar com vocês. – cruzou os braços na altura do peito e fechou os olhos – Façam o que quiserem, só fiquem quietos. E o primeiro que tentar chegar esse pau em mim, vai sair com ele no meio do r@b*! - e não era uma ameaça, era um aviso.

E ficou quieto, como se fosse uma estátua. Mas ele não ia dormir. Não mesmo. Ele só ia incomodar o resto do percurso porque era assim que ele era, um ser petulante, cavalga dura e irritante.


Resumo: Dohko se cansa de socializar com Salathiel e Dorothy e resolve fingir que vai dormir sabendo que sua presença ali, vai incomodar pura e simplesmente.
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Mensagem por Salathiel Blackburn Ter Set 04, 2012 1:41 pm

Spoiler:



Salathiel observou atentamente a reação do intruso, enquanto imaginava as formas com as quais ele poderia, de fato, reagir. Pelo perfil claro que Dohko tinha, suas respostas não foram menos do que Salathiel esperava, o que fez o sonserino se perguntar por que as pessoas às vezes podiam ser tão chatas. Aliás, ele mesmo se achava chato diversas vezes.

Percebendo, porém, que Dohko só seria retirado dali ou por vontade própria ou enfeitiçado, Salathiel se limitou a deixar que ele falasse, apesar da ideia de poder arrancar seus olhos com seu bico de corvo realmente lhe apetecesse. Ao contrário do que Shevchenko aparentemente fazia, Salathiel quando estabelecia uma conversa - por mais rude que esta fosse - prestava atenção em todas as palavras que eram ditas. Afinal, só o modo de falar de alguém já revela muito de uma pessoa, e que maneira mais interessante de decifrar alguém do que entender seus gestos e frases?

Ademais, Dohko não estava inteiramente certo. Não havia um auror em cada porta de cabine e, portanto, Salathiel só seria descoberto se fizesse muito barulho e atraísse atenções. O que ele não faria, claro. Só que, para ele, Dohko não passava de um aluno coitado desprovido de inteligência, que usava de palavras grosseiras e atitudes rudes para conseguir atenção, e tudo isso só provava o qual pobre de alma e indigno de atenção ele era.

Salathiel, por outro lado, era um estudioso nato. Não fora parar na Corvinal porque sabia que acima de sua inteligência estavam seus outros aspectos, mas dava muito valor ao saber. E por mais não que se importasse em quem fosse Dohko, o que ele achava chato, o que ele queria e o que ele dizia, do mesmo modo que se interessara por Dorothy por ela lhe reagir de maneira diferente, acabou se interessando pelo sonserino por este também fazê-lo. Assim sendo, Salathiel abaixou a varinha e deu uma risada audível.

- Você é muito divertido, Dohko Schevchenko. - Falou seu nome pela primeira vez. - Ao contrário do que pensa de nós, eu pelo menos te acho pouquíssimo chato.

Uma das coisas que tornava Salathiel tão estranho, era que ele era capaz de mudar de semblante e tom de voz com muita facilidade. Num momento podia parecer cruel e frio, e no outro extremamente amigável. Não porque fosse dissimulado, mas porque sem ter emoções e sentimentos definidos, acabava se adaptando a qualquer aura que lhe atingisse, já que de outro modo ele provavelmente pareceria louco demais. Não tinha raiva de Dohko por este tê-lo ameaçado e dito mais um monte de vitupérios, nem sequer desgostava dele. Claro que também não nutria qualquer simpatia pelo garoto, mas Salathiel decidiu que ele seria o seu novo brinquedo, sua nova "categoria", e portanto agora fazia questão que ele ficasse, justamente como fizera com Dorothy - por razões distintas, claro.

Fez um gesto com a varinha para dissipar a fumaça de cigarro da cabine e depois guardou-a dentro da manga, ainda rindo. Já tinha descoberto como Dohko reagia a ameaças, então tentaria descobrir como ele lidava com palavras que ele gostava de ouvir.

- Pronto, está guardada. - Então abriu os braços e colocou-os esticados sobre o topo do banco em que sentava, parecendo pela primeira vez à vontade e descontraído, com um sorriso no rosto. Totalmente diferente de como estava apenas trinta segundos antes. - Ninguém vai espancar ou enfeitiçar ninguém. Diga-me, Dohko, prefere as mulheres de Praga ou de Londres?

Salathiel Blackburn
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 And every shadow filled up with the doubt. Empty Re: And every shadow filled up with the doubt.

Mensagem por Dorothy Taylor Ter Set 04, 2012 2:25 pm

Resumo:


Post #9 - I wanna do real bad things with you.


    Não ficou nem um pouco surpresa quando percebeu que Dohko havia entendido o que dissera de maneira equivocada. Obviamente, ela não tinha intenção alguma de chamar os aurores para dizer algo como: “aquele menino ali invadiu a minha cabine!!11!one#chatiada!!eleven!”, mas de qualquer forma seria até melhor que ele não percebesse o tom de alerta na sua frase, porque realmente acreditava que Salathiel poderia matá-lo por muito menos, sem remorsos, sem problemas, e ela começava a achar que era o que mais queria que acontecesse de fato.

    No entanto, toda a sua teoria de como Salathiel era frio e psicopata começavam a cair por terra, quando este elogiou Dohko. Dorothy acompanhou a sua mudança com as sobrancelhas arqueadas, e os dedos se afrouxando tanto na varinha que ela meramente pendia entre eles. Mesmo que estivesse grata pelo rapaz ter poupado seus pulmões da mais que repugnante fumaça do cigarro do tal de Dohko, estava também um pouco irritada por ela própria ter tomado o partido de uma pessoa tão absolutamente volúvel, que mudava de opinião tão depressa. “A não ser que ele tenha um plano” - cogitou, com os olhos cerrados em sua direção, mas não achava que poderia ser isso. Ele parecia relaxado de verdade.

    Para Dorothy, só de Salathiel estar confraternizando com uma alma podre, como claramente era o caso de Dohko, ele já perdia completamente seu charme, seu mistério, enfim, tudo que fez com que ela o considerasse interessante até aquele momento. Meneou a cabeça por alguns segundos, em um gesto de evidente desaprovação, e concluiu que a única incomodada do recinto era ela, razão pela qual desta vez realmente colocou-se em pé.

    Antes mesmo que Dohko pudesse responder à pergunta de Salathiel sobre qual tipo de mulher aquele preferia, passou entre os dois, e, ainda se referindo ao que este havia dito sobre não considerar o brutamontes chato, disse - com algum atraso - o que a surpresa não a havia permitido dizer àquele momento:

    - Pois eu sim ainda o considero chatíssimo - desafiou, em uma atitude que reconhecia ser bastante infantil, antes de pegar seu par de All Stares com o dedo médio e o indicador e se conduzir até a porta, ainda de meias. Antes de sair, contudo, lançou um último olhar enviesado para Salathiel e sentiu um arrepio sinistro na nuca, que não saberia definir, mas logo espantou a sensação da cabeça, pensando que, na lista de coisas que deveria agradecer a Gant, colocaria também a repentina aparição do garoto na sua cabeça, que a fez desistir de beijar Salathiel.

    No entanto, não poderia dizer que a conversa que tivera com aquele ser humano perturbado foi de toda inútil; havia percebido que não deveria se culpar por não ter dado certo com Gant, até porque notava que ninguém tinha culpa. Quem poderia prever que seriam muito melhores como amigos que como um casal? Notava, ainda, que poderia sim se interessar por outras pessoas, apesar de esperar um partido mais estável da próxima vez.

    Foi então que teve um pensamento súbito, enquanto calçava os tênis, ainda próxima à cabine. Não era justamente do feitio de um psicopata envolver as pessoas em suas palavras? Fazer com que elas gostassem dele? Sorriu com a conclusão de que finalmente tinha entendido qual era a de Salathiel: percebendo como Dohko era mais forte que eles, resolveu manipulá-lo de outra forma, e Dorothy realmente queria vê-lo em ação, se esse fosse o caso. Além disso, não queria voltar a sentar-se com o garoto da urinoterapia, como parecia ser uma de suas únicas alternativas, então suportaria Dohko por mais alguns segundos, se Blackburn se provasse tão interessante quanto ela esperava.

    Voltou, portanto, a ocupar seu assento com uma expressão indiferente, como se tivesse se levantado apenas para ir ao banheiro ou algo do gênero.
Dorothy Taylor
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 And every shadow filled up with the doubt. Empty Re: And every shadow filled up with the doubt.

Mensagem por Dohko Shevchenko Ter Set 04, 2012 8:30 pm

Nem bem fez dois minutos que o loiro cerrara as pestanas, Salathiel já vinha lhe chamar a atenção. Dohko era desses tipos de crianças enormes que se desinteressa fácil pelo brinquedo, mas que o brinquedo não deseja se afastar. Ele acreditava que suas vítimas tinham tendência a perseguí-lo depois por sofrerem daquilo que chama “mal de Estocolmo”.

Continuou com os olhos fechados, soltando uma respiração pesada enquanto se via questionado acerca do tipo de mulher que ele preferia.

Sua face revelou uma feição sacana como se estivesse se lembrando de algo realmente digno de libertinagem, no entanto, foi a fala em tom intrépido de Dorothy que fê-lo abrir levemente um olho para encará-la. Achou graça. Mas conteve o sorriso desvairado só para si egoistamente. Aquela menina era uma comediante. O melhor stand up do Expresso com certeza era dela.

Abriu os olhos absorvendo e observando cada meticulosidade naquilo que ele considerou o último ato de dignidade da moça, isso se ela ainda tivesse alguma. E assistiu a sua frustrada tentativa de sair impactante. E breve retorno, provavelmente desolada por seu namorado não tentar impedi-la.

- Achei que quando se sai é para fora e não para dentro, florzinha-inha. – encarou as orbes claras da garota com malícia – Acho que você ofendeu sua garota ao perguntar de mulheres e não de meninas que brincam de ser mulheres. – e sentou-se largado na poltrona apreciando o desgosto visível na cara dela.

Perguntou a si mesmo o que é que Blackburn sabia de mulheres. Provavelmente ele teria a cortesã mais cara de Paris em sua cama se quisesse e quanto sexo grátis seu dinheiro e status pudessem bancar. Ou talvez ele se quer conhecesse uma mulher. É, ele não deveria ser um amante viril como o checo, aliás, ninguém era tão sedento por prazer quanto um checo. E já que o assunto caminhara para aquele lado, por mais ofensivo que soasse aos ouvidos da menos feminista garota, decidiu-se por ceder à política aristocrata do colega de casa e jogar o que quer que fosse a p0rr@ daquele jogo.

- Existe um sabor de mulher que não obedece limite geográfico, bro, e essas, são minhas favoritas, seja na China, em Praga, Inglaterra ou no Alaska. – lançou um olhar com o canto do olho para a Dorothy só para estudar suas reações –
Spoiler:

E assim terminou chamando todas as mulheres de vadias. Era notório que Salathiel estava usando Dohko para alguma coisa que ele jamais seria capaz de entender. No entanto, se ele notou uma intenção por detrás dos bons modos do rapaz, o que essa narradora duvida e muito, manteve-se silente. Até porque seu novo esporte favorito era aporrinhar sua delicada florzinha-inha.

- Por que tal interesse? Já esteve com uma checa ou uma inglesa? – falou como se fosse naturalíssimo aquele papo de caras compartilhando experiências de vida – Ou está pensando em experimentar? – e riu travesso olhando para a menina – Você é o quê, Florzinha-inha? Checa ou inglesa?

E sorriu de forma vulgar para ela novamente. A melhor forma de se lidar com um valentão é se juntando à ele e como Dorothy tinha sido esquentada e mostrado sua insatisfação, somado ao imenso machismo de Shevchenko, ela tinha acabado de ganhar um “bullyinador” de cortesia. Ame-o ou deixe-o, ele sempre estaria em seu encalço.


Resumo: Dohko não percebe estar sendo objeto de análises de Salathiel e acaba elegendo Dorothy sua mais recente saco de pancadas, dado ao seu machismo, tenta ofendê-la de todas as maneiras, inclusive ao sutil e imbecilmente compará-la às mulheres vividas.

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Mensagem por Salathiel Blackburn Ter Set 04, 2012 10:34 pm

Spoiler:



Indiferente às agressões verbais de Dohko à Dorothy, Salathiel deixou que os dois que se conversassem, porque não dava a mínima para o machismo do sonserino e nem para o feminismo - natural - da grifinória. Tinha plena consciência de que Dorothy não estava nada contente com a presença do intruso, mas pra isso, junto com as coisas supracitadas, também não dava a mínima.

Ao contrário do que TODOS, sem exceção, pensavam (quando sequer pensavam alguma coisa em relação a ele), Salathiel tinha sim experimentado uma mulher. Não fora uma garota da sua idade e nem alguém de Hogwarts. Fora a enfermeira de sua mãe que vivia na sua casa, uma moça de aproximadamente 30 anos de beleza medíocre, mas perita em outras habilidades além da medicina e enfermagem. Na verdade, fora praticamente um estupro por parte dela, que poderia inclusive ser considerado pedofilia já que Salathiel tinha dezesseis anos, mas ele aproveitara. Ninguém sabia disso, claro, mas não era exatamente um segredo.

- Não me espanta que seja só esse tipo de mulher que você conhece. - Ouviu Dorothy falar antes que pudesse se pronunciar. - Olhe para você... - E lançou a Dohko o maior olhar de desprezo - E nós dois não somos namorados - Terminou com um pouco mais de agressividade, referindo-se a ela e Salathiel que, após deixá-la terminar de falar, virou os olhos para Schevchenko:

- Era escocesa, na verdade. - Disse a ele, como se em momento algum Dorothy tivesse sequer existido ali. - Mas gostaria de conhecer alguma espanhola.

Não era inteiramente verdade. Salathiel não tinha um real interesse em conhecer qualquer moça - não que não gostasse delas, claro - mas, de fato, ouvira falar das inúmeras perícias das mulheres hispânicas. Se um dia chegasse a encontrar uma, ficaria satisfeito em poder prová-la. Aquele, porém, não era seu foco no momento. Satisfez-se com o notar de Dohko ter encontrado um assunto sobre o qual gostava de falar e deixou que Dorothy se afundasse em sua amargura.

- Dorothéa já tem um amor - Dirigiu o olhar pra ela - Estava justamente dizendo a ela o quanto ele é desnecessário. Não concorda? - Perguntou a Dohko, tendo plena certeza de que aquela alma jamais tinha conhecido qualquer tipo de amor, e que provavelmente gastava todo seu libido com qualquer par de pernas abertas que encontrasse. Não que Salathiel estivesse TÃO longe disso também, a seu modo.

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Mensagem por Dorothy Taylor Ter Set 04, 2012 11:34 pm

OFF: O Flashback é COMPLETAMENTE desnecessário para a compreensão do post. Podem se sentir à vontade para ignorá-lo rs (Ele diz respeito a um dos "RPs" entre Dorothy e Gant na antiga Durmstrang).

Resumo:

Dorothy estava tomada por tamanha repulsa do que Dohko havia dito que tremia dos pés à cabeça. Tentava com todas as suas forças não envolver a mãe de ninguém no assunto, mas era de se perguntar que tipo de progenitora aquela criatura não teria tido para nutrir pensamentos tão baixos sobre as mulheres. Pior era Salathiel, que não havia dito nada para se opor ao que Dohko dizia, como se concordasse com cada sílaba. Foi assim que viu-se Dorothy, cujo ápice na vida havia sido um único beijo, sentada entre dois monstros, ouvindo ambos se gabarem sobre suas vidas sexuais.

Poderia muito bem, contudo, ter permanecido em silêncio dali em diante. Já tinha defendido a classe mesmo, mostrando para Dohko que só as mulheres do seu meio eram tão baixas, então experimentava a sensação de dever cumprido. Aliás, tanto quanto era possível, porque seria otimista demais até para ela imaginar que qualquer coisa que dissesse não entraria por um ouvido e sairia por outro, até porque duvidava que existisse entre eles um cérebro capaz de captar a mensagem.

Isso seria, é claro, se Salathiel não tivesse mencionado a história que acabara de contar a ele sobre Gant. Dory lançou um olhar tão venenoso em sua direção que, se ele fosse uma planta, teria secado até as raízes: sentia-se traída, porque havia confessado suas piores angústias a ele, confiando nele, e agora notava como fora ingênua de tê-lo feito. Ele simplesmente não tinha o direito de falar sobre isso, e finalmente vendo como ele era de verdade, não permitiria que alguém tão doente dissesse coisa alguma sobre o amor, especialmente o seu. Gant era, em absoluto, muito superior a eles.


Flashback:

Dorothy não era conhecida exatamente pelas escolhas mais ajuizadas e sábias, de modo que era até coerente que, finalmente tendo chegado a um limite, fizesse algo bem estúpido. Com lágrimas no canto dos olhos, mirou Salathiel:

- É Dorothy - corrigiu já não achando nada charmoso o apelido que ele havia dado, principalmente porque era justamente de “Dorothéia” que as garotas da Radmantarayko costumavam chamá-la quando tinham o intuito de ofendê-la, então o nome não despertava as melhores de suas memórias. Mudou sua atenção, depois, para Dohko: levantou-se, deixando que seu sangue Szulvprakiano tomasse conta de seus pensamentos, e colocou a ponta da própria varinha tão perto do nariz de Dohko que se tremesse um pouco o tocaria: - E você, coisa asquerosa, não dirija a sua palavra a mim nunca mais na sua vida, porque eu posso te estuporar antes que você possa pelo menos pensar em erguer seu braço na minha direção, entendeu?

Permanceu olhando diretamente nos olhos de Dohko, com um brilho meio alucinado no olhar de quem estava falando seríssimo.
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Mensagem por Dohko Shevchenko Qua Set 05, 2012 11:35 pm

A seu modo, bem peculiar, Dohko estava se divertindo ao ver o quanto era repudiado por sua florzinha-inha. Salathiel pareceu esquecer da menina tão logo o checo começou a narrar sobre os seus tipos preferidos de mulheres. Apesar de terem uma educação totalmente diferente, o sadismo e frieza de ambos sonserinos era praticamente do mesmo tamanho.

E a jovem Dorothy, uma vez mais tinha uma resposta pronta na ponta da língua. Dohko, limitou-se a mostrar os dentes para ela, em um riso falso e branco, o que era de se espantar tendo em vista o tanto que fumava e que a nicotina amarela os dentes. E o que ele podia fazer se apreciava mulheres fáceis e promíscuas? Absolutamente nada. E muito menos sentiria prazer algum ensinando garotas noobs aquilo que toda mulher já nasceu sabendo.

Sua aspereza contida, foi pontuada pela revelação de Blackburn de que Dorotheia tinha um amor. Então era esse o seu nome? Que nome bobo, tão bobo quanto a dona. O sonserino abriu a boca para responder o colega quando num assomo de raiva e mágoa, Dodtheia se revelou muito mais corajosa do que Shevchenko poderia esperar.

Até que para alguém do sexo frágil ela era bem espinhenta. Juntando sua dignidade abalada, Dorothy conseguiu juntar palavras e ameaças. Ah menina donzela da língua ferina, que mal fez ao colocar para fora aquilo que deveria ter ficado preso em seu âmago. Num salto rápido, Shevchenko cortou a distância entre ambos e levantou o braço cerrando o punho pronto para acertar a cara de porcelana da menina.

POF!

Seu murro tinha acertado a parede bem próximo às orelhas de sua florzinha-inha. E enquanto ela se recuperava do baque, ele fitou com malícia o fundo daqueles olhos azuis da moça, tão profundos que ele seria capaz de se afogar ali mesmo se fosse como Narciso. Ela era doce e pura, o tipo de mulher que não lhe servia. E ela o odiava com cada célula de seu ser. Odiava mais do que a Salathiel e se ele queria de fato feri-la, deveria fazer o oposto daquilo que tencionara a princípio.

De um jeito ou de outro, era uma questão de colocá-la em seu lugar.

E assim, breves milésimos de segundos após ter batido na parede, fechou as mãos sobre seu rosto branco e macio, choroso pelo tormento que passara e a beijou. Um beijo sem paixão, sem desejo, um beijo com gosto de sangue, pois tentando fugir de seu algoz, a menina Taylor lhe dera uma mordida. E o gosto de cobre e menta se misturaram naquilo que poderia ser tão frio e mortal quanto um beijo de dementador. Satisfeito consigo mesmo, Dohko soltou sua vítima, passando a língua sobre o cortado do lábio e rindo de seu ato.

- Tá a fim de um romance, florzinha-inha, então compra um livro! Meu negócio é vida real. – caminhou até a porta da cabine – Blackburn, nos vemos em casa. – e abriu a porta – Aproveite a inocência da flor porque bem, não vai durar. E se conquistar uma espanhola, cara, não se esqueça de escondê-la, afinal, estamos no mesmo dormitório. - e riu demente.

Ao fechar a porta, no entanto, sentiu o vidro sendo estilhaçado ao seu redor. Riu. Dorothy tinha lhe atirado algum feitiço, antes que ele pudesse sair de vez do seu alcance. Com um rápido aceno de varinha lançou um “Reparo” no vidro antes que algum auror ou monitor viesse bancar o abelhudo e ainda olhando a cara estupefata da garota, acenou ironicamente.

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E desapareceu no corredor. Uma coisa era certa, Dorothy podia nunca mais querer ver a cara de Dohko Shevchenko, no entanto, ele mal podia esperar para vê-la novamente e perseguí-la.


Spoiler:
Dohko Shevchenko
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Mensagem por Salathiel Blackburn Qui Set 06, 2012 12:49 am

Spoiler:



Com a tranquilidade de um morto, Salathiel observou toda a cena que se seguiu depois de Dorothy ter explodido. Viu o rubor em sua face aumentar devido à raiva, olhou muito atentamente sua mão com a varinha e só por ser muito observador conseguiu perceber um ligeiro tremor, mas que com certeza jamais a impediria de acertar bem no meio dos olhos de Dohko. "Tão temperamental", o sonserino pensou friamente, à espera do que viria a seguir sem muita ansiedade.

Um soco acertou a parede - e Salathiel não teria se surpreendido caso o alvo fosse Dorothy -, provavelmente deixando alarmados os vizinhos na cabine ao lado. Dessa vez, não era mais o ódio que via no olhar da garota e sim seu medo por ter quase levado um belo murro na cara e, pior: ter sido beijada de maneira suja e violenta em seguida. Salathiel observou, observou e observou, mudo e quieto envolto de sua barreira emocional. Permaneceu com os braços abertos sobre a poltrona, as pernas cruzadas e a feição relaxada, como se estivesse entediado ao assistir o jornal local numa televisão.

Entretanto, assim que Dohko se despediu - ao que Salathiel apenas acenou com a cabeça e deu-lhe um sorriso - o sonserino abaixou os braços, descruzou as pernas e endureceu todos os seus traços, como se tivesse acabado de tirar uma máscara. Estava, de certa forma, satisfeito de poder novamente ficar a sós com Dorothy, ignorando o fato de que ela provavelmente tinha vontade de lançar-lhe um feitiço também. Muitas vezes Salathiel simplesmente não se importava com os impulsos e as intenções das pessoas, como fazia com o resto.

- Colloportus. - Sua varinha já estava na sua mão de novo e apontada para a porta. Depois ele se virou para Dorothy, guardando-a: - Venha aqui. - Falou, dessa vez sem serenidade na voz. Pelo contrário: foi duro e frio, de um jeito que deixava claro sua imperatividade - não era um pedido.

Quando ela obedeceu em silêncio e com uma desconfiança nítida, Salathiel estendeu a mão - não precisou se esticar muito, já que ela estava do seu lado - e tocou de leve sua têmpora, afastando uma mexa de cabelo de seu rosto em seguida. Não sorria ou a encarava com carinho, mas sabia que aquele era um gesto julgado reconfortante e ele não conseguiria conversar com ela normalmente se a deixasse frustrada ou com raiva.

- Quer falar sobre isso? - Com a pergunta, Salathiel estava sendo única e estritamente informativo. Não se preocupava com o que ela sentia, mas era como se seguisse um protocolo: vamos conversar sobre isso ou podemos apenas mudar de assunto?

- Isso o quê? - Ela olhou pra ele, sobressaltada.

Salathiel ergueu as sobrancelhas milimetricamente, afastou a mão vagarosamente e respondeu a pergunta com calma:

- Sobre você ter sido beijada e quase espancada.

- Você pensa como ele? - Respondeu ela, questionando.

Ele então voltou a olhar pra frente, daquele seu jeito vago e inexpressivo. Claro que não pensava como Dohko, mas não há como vencer pessoas burras com inteligência. Pelo menos não verbalmente. Elas nunca entenderiam que são inferiores e que não podem ganhar, justamente porque são estúpidas, portanto iriam apelar para o físico e aí toda a perspicácia do superior se torna vã. É como tentar ensinar matemática a uma porta. Foi isso que Salathiel disse à Dorothy, com outras palavras:

- Não. Entretanto, ele jamais sairia sem se sentir satisfeito. - Virou-se para ela novamente. - Não que eu tenha lhe contado mentiras. - E deu uma pausa antes de prosseguir, mudando totalmente de assunto - No que está pensando?

Salathiel Blackburn
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 And every shadow filled up with the doubt. Empty Re: And every shadow filled up with the doubt.

Mensagem por Dorothy Taylor Qui Set 06, 2012 2:21 am

Resumo:

    Tudo aconteceu tão depressa que sequer saberia explicar como Dohko virara o jogo, a deixando encurralada e - principalmente depois de acertar um soco de uma força descomunal bem ao lado de sua cabeça - assustada como um bichinho. Não conseguiu lembrar-se de que era uma bruxa, com uma varinha em punho, nem mesmo quando percebeu a aproximação do sonserino, muito maior e muito mais forte que ela, mas se recusava a acreditar que ele fosse agir conforme parecia que agiria, olhando para ela de um jeito estranho e com a mão em sua bochecha.

    No entanto, confirmando seu receio, ele realmente teve a audácia de beijá-la. O reflexo inicial de Dory, infelizmente, foi o de entreabrir os lábios, já que estava movida pela surpresa, e isso facilitou o gesto do seu agressor, mas não demorou para que logo o estivesse empurrando com toda a sua força - de passarinho. Tentou virar o rosto para cortar o contado, mas isso seria impossível, já que ele ainda a segurava na bochecha, então acabou mordendo o lábio inferior de Dohko, sendo imediatamente invadida pelo gosto de seu sangue.

    As lágrimas de suas lembranças com Gant, que havia conseguido conter até então, por mais que não estivesse mais com vontade de chorar caíram livremente pelo rosto. Orgulhosa, considerou que limpá-las com as costas das mãos era a sua prioridade quando o sonserino finalmente se afastou, com sua expressão nojenta, do safado que era. Seus cabelos estavam na mais completa desordem e os olhos, vermelhos, mas ainda assim o encarou com ferocidade, já que não tinha capacidade para dizer coisa alguma.

    Só conseguiu reagir quando já era tarde, mas ainda assim quase acertou um estupefaça nas suas fuças, e além de ver que seu feitiço acertou na porta, ainda teve que engolir a encenação patética que ele fazia, jogando um beijo para ela.

    - Florzinha-inha - repetiu, com raiva, enquanto tentava limpar a boca, passando-a nas mangas da blusa, e reprimia ânsias de vômito, afinal, ainda podia sentir o gosto do sangue daquele crápula nos lábios. Entretanto, não teve tempo para pensar na lista de todas as doenças infecto-contagiosas que tinha acabado de adquirir, porque ouviu Salathiel trancando a porta com um feitiço e olhou para ele pensando: “O quê?! Vai terminar o serviço do seu amigo?”. Mas seu desdém durou exatamente até o rapaz mandar que fosse até ele.

    Dorothy não era obediente, mas a voz ameaçadora de Salathiel fez com que sentisse outra vez aquele arrepio na nuca e ela, como temia por sua vida, sentou-se ao seu lado, com os braços muito colados ao corpo e o cenho franzido de desconfiança. No fundo, precisava tanto de um abraço que chegava a cultivar um fiozinho de esperança de que conseguiria isso dele.

    Foi surpreendida, porém, quando sentiu novamente os dedos quentes de Salathiel contra a sua pele, já que ele estava acariciando sua testa por alguns breves segundos. Dorothy virou o rosto para encará-lo, com a sua profunda gratidão bastante nítida em seus olhos, e embora não tenha dito nada, pensou em como queria que tivesse sido Blackburn a beijá-la ao invés de Dohko. Teria ele sido tão gentil quanto estava sendo naquele momento?

    - Quer falar sobre isso? - Salathiel perguntou, interrompendo seus pensamentos. Dorothy havia se esquecido de que sua mente não era um lugar seguro, e agora se perguntava se ele se referia ao que acabara de pensar sobre beijo que queria dele ou sobre a situação com Dohko. Para evitar maiores constrangimentos, mas ainda assim muito sobressaltada, perguntou a que ele se referia, e para o seu alívio, o rapaz queria conversar sobre a segunda possibilidade. E a verdade é que não, não tinha a menor vontade de falar sobre isso, ainda mais com ele. Tinha uma dúvida muito pertinente, contudo:

    - Você pensa como ele? - Salathiel acabou dizendo que, apesar de não ter mentido em momento algum, não era como Dohko, o que fez Dorothy abrir um sorriso minúsculo. Ele, porém, durou pouco, já que a pergunta que o rapaz fez em seguida era no mínimo complicada:

    - No que está pensando?

    Como responderia a isso?! Gaguejou, tentando pensar em uma resposta.

    - Hm...eu.... Estou pensando que nem cheguei à Hogwarts ainda e já beijei um rapaz - “e quase beijei você também”, acrescentou mentalmente, antes de concluir: - Neste ritmo, devo me formar com pelo menos dois filhos nos braços - então deu um sorriso meio amarelo para a sua própria piada e resolveu que desviaria as atenções de seus pensamentos estranhos. - E quanto a você?- Dorothy de repente percebeu que queria mesmo saber a resposta daquela pergunta, porque Salathiel era, de fato, um mistério.
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