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Shelter from the Mobs

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Aimee Lendsbrug
Karsten Alleborn
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Mensagem por Karsten Alleborn Seg Set 03, 2012 3:20 pm


”Resumo e OFF”:


fallen angel waiting for the prey
karsten alleborn
.01.

Inglaterra. Londres. Estação King’s Cross. Plataforma 9 ¾. Uma fogueira em meio à passarela, um trem em chamas, seres humanos desprovidos de qualquer capacidade intelectual aceitável se entregando ao desespero, aurores interferindo possivelmente por conta de um problema sem precedentes que colocava a vida de todos em risco. Uma síntese grosseira da plebe rude maculando seus perspicazes olhos cinza. Honestamente? Às vezes era cansativo ser uma alma superior e ter que conviver com os erros alheios... E, diabos, precisaria desinfetar-se com feitiços de limpeza para banheiros para conseguir se livrar dos detritos daquela balburdia.

Amaldiçoava seu avô, Dietrich, por estar usando-o de segurança contra seu incrivelmente estúpido tio Ralph. Amaldiçoava toda a Inglaterra por ser aquele antro de seres inferiores que depredavam o patrimônio público sem qualquer pudor e não possuíam qualquer competência social para instruírem-se a respeitar o próximo e reverenciar os que lhe eram superiores. Amaldiçoava sua prima, Gabriella Alleborn, por provavelmente estar envolvida naquele incêndio (um ato tão estúpido não poderia ter vindo de outra pessoa, embora ele admitisse que limparia a sujeira dela, se necessário, porque era a ingenuidade que a fazia tão tola) que o forçou a ter que se abrigar no Café da Plataforma 9 ¾ para fugir do caos que não lhe interessava. E o estabelecimento, por sinal, não conseguia sequer servir alguma coisa bebível.

Olhou para sua frente, onde sua irmã gêmea, Brigitta, uma menina particularmente bonita, que não parecia estar realmente preocupada com nada no mundo, estava pomposamente sentada na cadeira desconfortável, com os braços postos no colo, olhando o espaço desordenado que o vidro sujo do Café os poupava. Ao seu lado, Aimee Lendsbrug, uma menina filha de uma auror alemã sob as ordens de seu pai, Nichol Alleborn, parecia igualmente distante quanto Brigitta e tão enojada com o café quanto ele. Ela havia se juntado aos dois Alleborns na entrada de King’s Cross, enquanto esperavam que tudo se acalmasse minimamente para poderem abrir espaço suficiente para não terem qualquer contato físico com gente imunda. Os três conviviam desde pequenos e embora Karsten discordasse de muitos comportamentos que a menina tomava, ele achava-a digna de sua presença.

Enquanto estavam ali, esperando uma oportunidade segura de embarca no transporte infernal, já havia conseguido visualizar seu primo Michael, irmão de Gabriella, carregando brutalmente Anna Blanche nos ombros. Não reclamaria de nada, pois conhecia o gênio estupidamente heroico da francesa, mas teria sido mais agradável tê-la feito desmaiar e poupado os demais plebeus de terem suas faces chutadas. Atentou-se também para uma curiosa menininha primeiranista: havia qualquer coisa de animalesco nela – que não eram as orelhas realistas de raposa que enfeitavam sua cabeça –, muito bem encoberta pelo modo agitado com que olhava para os lados a procura desesperada de asilo. Não sentiu a menor vontade de ampará-la, mas foi ela que indicou com o olhar quando se dirigiu a irmã:

- Eu lhe avisei que plebeus não mantém qualquer semelhança com humanos. – Seu tom de voz leve continha todo o desprezo que sentia por estar naquela situação. A menina teimara em vir por qualquer motivo que Karsten considerava um capricho suicida de quem não havia tido contato com a triste realidade. Ela estaria mais feliz e segura no Instituto de Estudos Avançados para Jovens Bruxos Athanareiks, fundado e mantido por Alleborns, de onde eles haviam se transferido. Lá era um ambiente agradável que aceitava apenas pessoas de educação superior que comandariam a Alemanha futuramente.
Karsten Alleborn
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Mensagem por Aimee Lendsbrug Seg Set 03, 2012 4:15 pm


”Resumo e OFF”:


She’s got a target painted on her back,
and keeps a list of qualities a good girl lacks.


tic tac

Seus olhos fitavam a bagunça derivada do incêndio, provocada por algum sociopata burro demais a ponto de atear fogo em seu próprio vagão, com o seu próprio umbigo dentro. Poderia ficar horas falando mal do intelecto alheio com Karsten, mas estava bem humorada demais para compartilhar tanto azedume com o amigo. Enquanto permanecesse fierce e salva, não havia motivos para tanta hostilidade. Aparentemente, apenas ela via graça na desgraça alheia.

Pessoas corriam de um lado para o outro com os braços erguidos para o alto, aurores tentando acalmar a multidão e tudo o que Aimee Lendsbrug conseguia pensar era em como o chá servido naquela cafeteria era nojento. Mal havia sentado no banquinho sujo e desconfortável da cafeteria e já ouvia resmungos por parte do setimanista.

- O que eu perdi? – Perguntou sem muito interesse, sem realmente esperar uma resposta. É claro que Karsten a havia ignorado.

- Oh, aquela corvinal caiu no chão, dá pra ver suas roupas íntimas. - Brigitta comentou alegremente enquanto colocava oito colheres de açúcar em seu chá. Aimee franziu as sobrancelhas - Cara, bege não é uma boa escolha nunca. - Lendsbrug concordou com a cabeça silenciosamente, enquanto fazia um biquinho de desaprovação.

Viu Anna Blanche passar por um grupinho de corvinais, sendo carregada como se fosse um genuíno saco de batatas por Michael Alleborn – um dos bffs sextanistas da sonserina – e deu um tchauzinho contente para a amiga. Talvez esta estivesse demasiadamente de TPM, pois ou a havia ignorado (o que seria uma verdadeira patifaria) ou não havia visto o seu singelo cumprimento. Aimee preferiu ficar com a opção de que Blanche estava ocupada demais xingando em francês as pessoas alheias para poder ser cordial com ela.

Brigitta Alleborn, uma setimanista sonserina, postava-se ao seu lado, sentada em um banquinho igualmente sujo e desconfortável, e olhava para o trem com desinteresse e tédio, como se um babuíno estivesse dançando na sua frente. E todos sabiam que Brigitta odiava macacos. Curiosamente, vez ou outra quando passava algum auror ao seu lado, parecia fazer um gesto como se estivesse chamando um garçom para pedir um cafezinho, mas Lendsbrug duvidou que a loira realmente fosse fazer isso. Como a dama Alleborn que era, seria a função de Karsten pedir o cafezinho para ela, é claro.

O problema era que Karsten estava tão mal humorado que até mesmo Brigitta e toda a sua falta de bom senso pareciam não estar apostando todas as suas fichas em testar a paciência do irmão gêmeo. A sonserina de olhos azuis acharia graça, se a causa do mal humor de Alleborn não fosse o mesmo motivo pelo qual o trem estava atrasando para sair da estação de Kings Cross. Sim, o maldito trem ainda não havia saído da maldita estação. E Lendsbrug odiava atrasos.

Minutos que pareciam durar chuvosas tardes primaveris se passaram e finalmente a situação parecia ter se acalmado. Tirando o boato de que os referidos aurores haviam encontrado bombas no trem, as coisas pareciam normais e finalmente parecia haver uma vibe de que as pessoas começavam a realmente se preparar para embarcar no trem.

Jogou os longos, macios, lisos e sedosos cabelos para trás e levantou-se dignamente da cadeira, sentindo os ossos da coluna estalarem. Fez um sinal afirmativo com a cabeça para Karsten e, apesar do bom humor, seguiu os setimanistas para o trem com uma expressão de indiferença e superioridade. Desviava dos alunos, alguns com maior esforço, como se estivesse tentando não encostar em um cachorro doente.

- Aqui. – Apontou para uma das últimas cabines, relativamente isolada dos demais alunos.

Aimee Lendsbrug
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Mensagem por Anthony Blanche Seg Set 03, 2012 6:29 pm


Resumo e OFF:


But you aren't even listening, so why should I?

O amor... Ah o amor estava no ar, preenchendo aquela cabine com dois casais no mundo da lua apaixonados, como se houvesse partículas de açúcar flutuando, ocupando cada espaço ali entre eles... E todos os outros ali presentes, infelizmente. Não que Anthony merecesse ser levado a mal, o sonserino afinal das contas era um inegável romântico quando se tratava da própria namorada, mas aquilo ali era demais normalmente, ainda mais sem Gabriella presente ou com o mau humor iminente que tomava conta de cada célula de seu corpo.

Sentia quase pena de Vakarian ou Sheppard, que como ele precisavam aturar toda aquela demonstração de “como se conseguir glicose alta”; o lufano, que parecia prestes a ter uma crise, saiu da cabine, logo foi seguido pelo grifinório e tudo o que restou ali foi ele, o casal adocicado (que conseguia misteriosamente superar Anna e Michael nesse quesito), e seu amigo – que começava a evidenciar sinais de aborrecimento. Ah, agora ele estava aborrecido... Devia ter haver com o excesso de simpatia da Anninha queridinha.

Cogitou seriamente em, como um bom amigo, insuflar o alemão a pensar que sua adorada e super fiel namorada podia estar por ai sorrindo abobadamente para qualquer um que passasse – o que era plenamente plausível, apenas não ia reforçar a parte de que Anna jamais o trairia, era desnecessário e minava a diversão em deixar o amigo furioso, mas este saiu antes que Anthony pudesse formular algo, ou ultrapassar o próprio mal humor... Que ficou pior, bem pior quando se viu ali, sozinho. Que tipo de dia era aquele?!

Os que não estavam ali na cabine presos no próprio mundo, ou seja, o loiro, conseguiam ouvir a voz estridente de sua adorada irmã mais nova do lado de fora, bem como o melodrama produzido por ela e pelo namorado. E infelizmente ele já estava acostumado com aquilo, quer dizer, ao menos já sabia como o diálogo ia acabar. Se alguém aparecesse com doces na frente dele, ia no mínimo--- Doces. Sua irmã estava implorando por uma maldição cruciatus bem no meio da testa, porque a alienada tinha entrado na cabine carregando vários doces. Era ironia demais, até pra ele que era sonserino.

A corvinalense parecia quase feliz novamente, enquanto colocava os doces no banco, após oferecer ao casal presente. Blanche revirou os olhos, seu limite estava prestes a ser atingido e a raiva que Gabriella sentia não parecia estar amenizando, misturada a sua, ia acabar gerando confusão naquele trem. E de confusão, já bastava o que tinha causado as duas horas de atraso. Antes que a morena pudesse colocar um sapinho de chocolate no banco e duas barras de chocolate, o sonserino pegou com brutalidade da mão dela um sapinho, derrubando as duas barras no chão e produzindo um estalido que ecoou pelo cubículo. Ficou de pé, precisava dar uma volta, tinha acabado de decidir isso.

Michael fez pose de namorado preocupado, o que sempre acontecia, e proferiu ameaças, que também sempre aconteciam, ao que Anthony simplesmente deu nos ombros e saiu da cabine, batendo a porta atrás de si em um baque que estremeceu o vidro desta. Não se preocupou muito em ver quem ocupava o corredor, restringindo-se a dar um leve aceno de cabeça e um ligeiro sorriso educado, o máximo que conseguia.

Sentiu então repentinamente como se metade de sua raiva tivesse esvaecido. Parou de andar, franzindo o cenho, aproveitando para afagar os pelos do cachorro que veio na sua direção, abanando o rabo feliz. Ora essa... Sua namorada tinha ficado repentinamente calma. Desviou o rosto, antes que o cachorro pudesse expressar toda sua felicidade, e qual foi sua surpresa ao ouvir uma voz conhecida?

- Aimee. – disse, conseguindo agora rir com gosto do jeito que a menina o cumprimentava, enquanto se levantava. Eram amigos desde o primeiro ano na escola, e era sempre bom contar com um pouco de sanidade que não envolvesse açúcar – Olha, eu tava aqui na cabine com um pessoal legal, mas... – apontou com o polegar para trás, dando uma ligeira noção de onde estava anteriormente. – Preciso mesmo de uma mudança. – deu um meio sorriso, acompanhando-a enquanto andava – E ai, como foi seu final de férias? – perguntou com bom humor. A última carta que tinha recebido dela havia pouco mais de duas semanas.

Mas, sempre pode piorar, não é? Assim que a menina abriu a porta da própria cabine, Anthony trincou o maxilar. O que o pseudo-aristocrata estava fazendo ali, em um trem para Hogwarts?


Créditos: Code by Gabi.
Anthony Blanche
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Mensagem por Brigitta Alleborn Seg Set 03, 2012 8:05 pm


”Resumo e OFF”:


This thing (this thing) called love (called love),
it shakes all over like a jelly fish, I kinda like it.


Enquanto a bagunça habitual do dia primeiro de setembro se instalava no trem, alunos procurando cabines, movendo suas bagagens, conversando sobre as férias com os amig— bla bla bla. Tão logo Lendsbrug escolhera uma cabine vazia, Karsten se apressou em abrir a porta para que as duas pudessem entrar. Contudo, antes mesmo que pudesse se aproximar da porta, foi para a sua surpresa que se deparou com um DOG no meio do corredor. E uma auror velha e morfética. Mas ela não era importante. O que realmente era importante era o fato de que havia um cachorro feio, e isso exigia que Brigitta usasse suas habilidades Alleborn para passar por ele sem encostar nele.

Mal haviam se acomodado e percebeu a cara de nojeenho típica de Aimee, e Brigitta apostaria o que quisessem que em exatos três segundos a sextanista iria arranjar uma desculpa para sair do aposento. Não foi para a sua surpresa que a outra quebrou o silêncio levemente constrangedor (para os outros). Brig, apesar de desconfortável pelo nível baixo de conforto que o transporte público de Hogwarts oferecia, estava em um relativo bom humor. Claro que após toda essa palhaçada que mais parecia uma excursão de alunos de 13 anos ela iria doar suas roupas sujas e tomaria um longo e rejuvenescedor banho. A presença de outras pessoas, que não Alleborns chatos, metódicos e orgulhosos a deixavam alegre.

- Vou comprar alguns doces. – E a morena deu um sorriso falso para a auror ao sair, como se em sua saída fosse estratégica não estivesse implícito que ela não havia gostado da cor dos cabelos dela.

- Oh, traga mais penas de açúcar! – Aimee pareceu fazer a egypsya para o que a loira havia falado. Tudo bem, a Alleborn provavelmente iria esquecer que havia pedido doces quando a sextanista voltasse.

Reclinou-se no canto em direção à janela, sem perder a postura, de modo a dar uma leve espiadinha ao que acontecia lá fora. Karsten, sentado ao seu lado, na direção da porta, ainda parecia carrancudo demais para que se pudesse começar uma conversa. Se Lendsbrug demorasse demais, ela teria que conversar com o cachorro para que o tempo passasse mais rápido. E ele era feio.

Lançou um olhar desprovido de qualquer tipo de emoção para Karsten, como se esperando que o irmão gêmeo pudesse entender seus pensamentos. Sempre fora muito próxima dele, uma relação entre irmãos que ia além do clichê ‘gêmeos que são uma pessoa’. Como Alleborns, haviam sido criados de forma a agirem com desconfiança e cautela, mesmo entre seus amigos. Karsten era, de longe, a única pessoa em que ela confiava seus pensamentos sãos.

- Anthony, CHEGAE! – Ouviu a voz digna e rosa de Lendsbrug vindo do corredor. – Ah, minhas férias não foram muito diferente do que o esperado. – A sextanista parecia fazer pouco caso. Seja la o que acontecesse na mansão dos Lendsbrug, deveria ser muito cabuloso. – Encontrei uma cabine vazia, finalmente. Esse atraso foi realmente irritante, é como se não estivéssemos satisfeitos em horas de viagem em um trem de terceira classe. – Ouviu os resmungos da morena assim que ela abria a porta.

Quando pequena, Brigitta costumava brincar com o gato velho de sua avó. E a cena que se seguiu fora tão igual à uma situação que havia visto no passado que sentia estar tendo um deja vu. Assim que Anthony adentrou na cabine, Karsten pareceu eriçar os pelos e fazer FISSSSSST, igual um gato quando encontrava um inimigo à frente. Curiosamente, Blanche pareceu adotar a mesma postura dura, e o clima infelizmente ficou tenso.

- Você trouxe os meus doces? – Perguntou à Aimee, ignorando os demais alunos presentes.
Brigitta Alleborn
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Mensagem por Karsten Alleborn Seg Set 03, 2012 11:27 pm


”Resumo e OFF”:


fallen angel waiting for the prey
karsten alleborn
.02.
Finalmente embarcaram, após duas tortuosas horas aguardando, postados como três esculturas aristocratas completamente deslocadas. Nesse ínterim, Karsten havia solicitado uma xícara do líquido sujo que clamavam ser chá, para a irmã, apenas para esta permanecer fitando a bebida questionando-se se era realmente seguro ingeri-la, enquanto ele deliberava que, na verdade, não desinfetaria seas trajes, mas os incineraria. Eles ainda teriam que suportar uma viagem desconfortável de mais de meio dia. Inclusive, tinha a ligeira impressão que sua irmã faria o mesmo.

Entraram no que registrou vagamente ser o sexto vagão do trem. Desde então, as duas meninas que se provavam ágeis já na plataforma (embora Brigitta estivesse levando vantagem, pois a bagagem dos Alleborn estava encantada para caber no bolso e voltar ao tamanho normal com um “Finite Incantatem” – a vantagem de ser ter parentes talentosos em magia), assemelharam-se muito a felinas se esgueirando entre os transeuntes, ao evitarem a quase qualquer custo contato físico com seres inferiores. Deveria ser burlesco para quem observasse, mas somente indivíduos asseados atingiriam o tom calamitoso do gesto. De qualquer maneira, para não ser tocado, Karsten utilizava-se de um artifício cuja apenas pessoas com alguma presença de espírito possuíam: ostentava seu supremo olhar de aversão e superioridade, e os plebeus se desviavam naturalmente, como formigas evitando um espaço.

Curiosamente, exatamente no centro do corredor havia uma senhora – que ele supôs ser uma auror inábil, pela idade avançadíssima e o apego a crochês – sentada em uma cadeira de balanço que tomava boa parte do corredor. Ela lhes dirigiu um discreto e educado aceno de cabeça, mas o menino Alleborn não se dera ao trabalho de corresponder: não por ser mal educado, mas por estar abismado com o canídeo que a mulher mantinha ao seu lado. Hogwarts já aceitava corujas, gatos e até sapos, pelo que havia notado pelas bagagens barulhentas que os alunos carregavam. Todavia, não esperava cachorros, muito menos de grande porte. Ele poderia conviver com os alunos? O número de enfermidades que estes animais hediondos poderiam transmitir era ignorado?

Não se importunou verdadeiramente com o rosnado raivoso que o cão lhe dirigiu – era melhor evitar qualquer tipo de manifestação violenta, visto que estas eram as ordens de seu avô Dietrich (que ele mantivesse a compostura, mesmo estando diante de aberrações). No entanto, verdade seja dita, ele odiava cachorros. Já havia livrado o mundo de pelo menos três com seus treinos em Arte das Trevas, não sem antes ouvir seus uivos de dor por alguns minutos.

Karsten, como cavalheiro, abriu a porta da cabine indicada por Aimee. Esperou as damas em sua companhia adentrarem na cabine, e repetiu o gesto logo em seguida, fechando a porta. Sentou-se mais próximo a saída, ao lado de Brigitta e ficou satisfeito em notar que ter vindo de luvas e sobretudo estava se evidenciando realmente útil para evitar infecções. Jamais tomaria conhecimento do que aqueles espaços já haviam tolerado ao longo de anos de uso inapropriado, portanto era melhor manter cautela.

Conservando-se absolutamente ereto, de braços e pernas cruzadas, como um pequeno lorde, ousando encostar-se ligeiramente no banco por já estar inegavelmente sujo. Não tardou para Aimee, possivelmente incomodada com o silêncio provocado pelo mau humor do Alleborn, retirar-se. Foi o momento em que ele e Brigitta tiveram um entendimento silencioso e a conclusão que pode chegar era que ambos estavam extremamente incomodados e não teria passado despercebido a Brigitta que claramente se encontravam em uma área de alto risco pela presença da auror. (Aliás, motivo para Karsten ter-se colocado perto da entrada, com a mão pronta para puxar a varinha do pequeno compartimento que havia conjurado em todas as suas roupas de manga cumprida.) Estava prestes a informá-la do que havia captado de conversas perdidas sobre o tema enquanto se dirigiam ao trem quando a voz aguda de Aimee invadiu seus tímpanos.

Não tardou para Karsten novamente ver-se usando seu olhar sanguinário contra a desagradável companhia que Aimee trouxera consigo: um trasgo em forma humano. Anthony Blanche, irmão de Anna, e pelo que ele andou informando-se, atual namorado de sua prima Gabriella. Aliás, este último tão somente mais um pretexto para Karsten odiá-lo, visto que tinha sérias intenções de socorrer Gabriella da própria tolice. Ao menos aquele ano infernal dar-lhe-ia oportunidades efetivas para tornar seus planos alcançáveis.

- Lendsbrug, eu não me recordo de ter lhe concedido autorização para trazer mais sujeira à este espaço. – Sua voz soou fria como uma lança de gelo, os olhos cinzas cravados no intruso. Lendsbrug era uma boa companhia, mas possuía o dom de conviver com seres de condições inferiores, seja em educação, seja intelecto. No caso do Blanche, os dois.

O francês lhe lançou um olhar que com certeza acreditava ser atemorizante (o rapaz deveria treinar bastante para conseguir oprimir com o olhar o filho de Nichol Alleborn, um homem capaz de subjulgar oponentes apenas com sua aura infernal), enquanto seu nariz – pois afinal deveria ser dali que provinham as reflexões do ogro – respondia com algo que deveria ser deboche.

- Realmente Aimee, mais sujeira nesse espaço é impossível. Ainda bem que somos limpos, né? – E adentrou de vez o já claustrofóbico espaço ocupando quase metade dos banco com os braços, ao lado de Aimee. Ambos iniciaram uma conversa que ele solenemente ignorou, voltando seu aborrecimento para paisagem além da janela... Mais sujeira. Uma brevíssima revoada do que julgou ser papel picotado. De fato, ingleses deveriam ser todos delinquentes.


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Mensagem por Anna Blanche Ter Set 04, 2012 12:05 am


Spoiler:


tell me do you really need this

Pediu licença educadamente após notar que o corredor contava com menos duas pessoas, abriu a porta e adentrou a cabine; queria e precisava de um pouco de descanso depois daquele caos todo. Uma fina linha parecia dividir os três presentes; de um lado Sam e Adela pareciam até bem felizes, apesar dos pesares e do outro Anthony, quase emanando fúria.

- Então... Vocês querem algum doce? – ofereceu à eles, exibindo um vasto sorriso – Achei que todo mundo precisava um pouco disso, depois de toda a confusão. – encolheu ligeiramente os ombros, um tanto sem graça.

Michael voltava a sentar-se no banco, e a morena resolveu apoiar ali os doces para quem os quisesse ter melhor acesso. Adela se pronunciou, sobre a falta de uniforme de Sam por causa de um incêndio. lembrava-se vagamente de notar o ocorrido na plataforma, mas não sabia ainda como tinha acontecido. Não era de se espantar que ela prontamente se oferecesse para ajudar fazendo uma cara que sempre funcionava com Alleborn, pedindo ao namorado uma muda de seu uniforme. O que realmente não esperava era o ogro do seu irmão sendo tão bruto quanto de costume e dando um sonoro tapa em sua mão para, pasmem, pegar um sapinho de chocolate (e derrubar no processo duas barras de chocolate).

Esticou os dedos, que estalaram ao movimento; ao menos não tinha quebrado... Mas as barras que caíram no chão! Fez uma careta, limpando com um gesto rápido de varinha a sujeira, talvez seu namorado tivesse falado algo ao ogro, que como um bom ser da sua espécie nem se dignou a responder, apenas saiu batendo a porta com força. Revirou os olhos e tornou a sentar no banco, apoiando a pequena maleta azul bebê no próprio colo. Passou a mão enluvada pela própria nuca sem sentir, franzindo o cenho.

Tinha sentido um arrepio ainda no corredor, não agourento mas como um aviso. Um curto flash desbotado, passou-se na sua frente e ela jurou ver Karsten, um de seus melhores amigos, que tinha um sério problema em se relacionar com as pessoas que considerava “inferiores”- ah sim, ele tinha problema também com pirâmide social e... Já tinha dito que era inimigo mortal de seu namorado? Okay, só pra constar então.

Depois de um debate interno, decidiu que era melhor escrever ao alemão. Suas corujas para o loiro no período de férias não obtiveram nenhuma resposta, e apesar de todos os pesares, ele ainda a tratava de maneira até muito condescende, considerando como se relacionava com os demais, sabia que sim. Retirou da mala um pergaminho, sua pena de pavão nova e começou a escrever.

Iria relatar o ocorrido no trem de maneira sucinta, sua escrita fina e rebuscada já preenchendo o papel, quando um braço forte se instalou ao redor de sua cintura. Apoiou a cabeça no ombro do namorado, contudo o sonserino se ajeitou melhor para ler o que escrevia. Não precisou nem despender seu dom para adivinhar o que se seguiu: o moreno arrancou o pergaminho de sua mão com brutalidade, picou totalmente e jogou pela janela os pedaços...

Suspirou, fechando os olhos; não teve sequer chance de o impedir. Tudo bem, escreveria mais tarde. Era incapaz de entender toda essa ciumeira boba de Michael relacionada a Karsten. O Alleborn loiro era apenas seu amigo, além de ser egocêntrico demais para desenvolver qualquer tipo de sentimento mais afável. Falando em temperamentos, o ogro não tinha voltado ainda, o que era perigoso. E como era sempre melhor mudar de assunto, foi o que Blanche fez.

- Anthony ainda não voltou. – cerrou os olhos brevemente – Eu não quero nem imaginar o que ele pode fazer no estado em que se encontra... – mirou o namorado fazendo uma de suas características caretas – Acho melhor procurarmos ele, não é? Os alunos não tem culpa.

- Antes os alunos do que nós. – disse ele com simplicidade, ganhando um olhar incrédulo dela - Ficamos aqui. – levantou uma sobrancelha em seguida.

- Você não acredita realmente nisso. – disse no usual tom “sabe-tudo”, desencostando dele sem muita vontade e levantando-se em um gesto contínuo - Vou colocar as minhas vestes, aproveito e procuro por ele. – sacou a varinha então, apontando para o namorado e executando um feitiço de limpeza – Pronto, agora eu vou. – finalizou, pegando sua maleta.

Com um vasto sorriso abriu a porta da cabine, sabendo que seria seguida. Limpou a si mesma também com um feitiço e não demorou muitos passos até que ouvisse os alemão caminhando atrás de si. Ele iria falar algo, que prenderia mais sua atenção se sua visão periférica não captasse rostos familiares. Ou melhor, um outro alemão.

Estagnou no meio do corredor repentinamente (e quase levando um esbarrão de Michael), voltando para a cabine onde achou ver quem tinha--- era ele, pelas barbas de Merlin! Seu fino nariz quase tocava o a superfície transparente, quando refreou o impulso se apoiar as mãos no vidro para não cair de susto.

- Michael… – murmurou, seus olhos cerúleos estavam arregalados, ainda fixados na porta da tal cabine. – Michael. - Girou ao redor de si mesma, completamente atordoada, quando finalmente deu de cara com o namorado ainda caminhando na sua direção. Apontou para a cabine, ignorando o olhar nocivo que veio lá de dentro ou a sobrancelha levantada do loiro - … Karsten. – balbuciou, após engolir em seco.
Anna Blanche
Anna Blanche
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Shelter from the Mobs Empty the number of the beast

Mensagem por Michael Alleborn Ter Set 04, 2012 7:37 pm


”Resumo e OFF”:

04 ♦ michael alleborn
s i x , s i x, s i x
the number of the beast
E então Michael Alleborn viu-se completamente sozinho, tendo que enfrentar Sanjaya Gupta e a menina Burton. Um ligeiro constrangimento ainda pairava no ar, mas a capacidade dos dois de abstrair era incrível. Olha, sinceramente, eles deveriam tratar daquele problema de deixar os outros constrangidos. Brigar por motivos justos, como ele e Anna, era uma coisa ao menos era isso que ele achava, mas nem Anthony com seus “cheries” e ataques de romantismo conseguia ser tão meloso. Embora fosse mais por conta da ogrice da namorada dele. Por sinal, era melhor não continuar ali e acabar tendo uma morte indigna.

E foi assim, que com um aceno de cabeça, cumprimentou Adela Burton (ele não iria falar com Gupta, já havia lhe emprestado uma roupa), saiu da cabine o mais rápido de foi capaz.

Seu tempo para decidir se saia ou não foi tão rápido que alcançou Anna ainda na metade do corredor. Teve a ligeira impressão que ela já sabia que isso aconteceria, porque não pareceu estressada com a recusa de não irem cutucar o Rês-ma (apelido carinhoso que dava ao amigo, em referencia uma espécie de boi mágico. Adorava atazaná-lo pontuando os inúmeros amigos Gabriella possuía) semi-adormecido.

Passou pela velha, e a cumprimentou com um gesto de cabeça que era mais um “com licença”, por ter quase que passar atropelando-a (bem, dava trabalho ser másculo), ignorando o cachorro e seu rabo abanando pedindo diversão.

- Vou com você. É melhor quase ser morto pelo Anthony. – Anunciou em voz alta para uma Anna que ele quase teve certeza que deveria estar sorrindo. Mas, infelizmente, aí basicamente só deu tempo de Michael ter que se frear rapidamente para não passar por cima da menina o que faria juz a comparação de um trem passando por cima de um carrinho de brinquedo, que dera alguns passos para trás, por aparentemente ficar com vontade de se fundir com o vidro de uma das cabines. Bom, aquilo era novidade para ele. Normalmente a mexeriqueira descarada era Gabriella.

O alemão ergueu a sobrancelha direita e demorou bastante para processar a fala de Anna. Karsten? O que o traste tinha haver com a cabine? Tinha alguma fã dele por lá era isso?

- Anna, que diabos...?

E aí a ficha caiu com o peso de um mamute, em seu cérebro. Aproximou-se da menina, e obviamente não precisou se mover um centímetro para conseguir enxergar o que havia lá dentro: Karsten Alleborn, com toda aquela ferocidade feminina no olhar, acompanhado da irmã, Brigitta (que Michael não tinha nada contra). E aí sequer conseguiu dar-se tempo de notar que qualquer outra coisa ou pessoa que estivesse no ambiente e colocou as mãos no ombro da menina Blanche, descolando-a do vidro e direcionando-a para longe dali. Um lobo feroz explodindo em sua mente.

Se ele fosse menos impulsivo, talvez tivesse parado para pensar nos motivos para haver dois Alleborns do ramo principal da família ali, quando tinham a própria escola para frequentar. Para qualquer ser racional, aquilo seria sinônimo de um colossal problema. Mas Michael não era exatamente racional e o que passou pela sua cabeça foi: “O cretino veio para Hogwarts para roubar a minha Anna? Acho que vou levar o desgraçado pros meus treinos com o Gerry.”.

- Eu juro, se você entrar ali eu mato o Karsten e quem mais estiver lá dentro. – Rosnou baixo, compactando a raiva, para Anna, que já dava sinais de querer voltar. Do jeito que a coisa estava indo ele já quase achava mais seguro cometer algum crime, colocar metade da culpa em Anna e os dois passarem a viagem vagão dos professores.


Michael Alleborn
Michael Alleborn
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Cor : Chartreuse4 (#458B00)

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Mensagem por Anna Blanche Qua Set 05, 2012 12:08 am


"resumo e off":


wasting our last chance to come away

Seus olhos captavam a imagem, transmitiam ao seu cérebro, mas este se recusava a processar a informação. Era a segunda vez naquele dia que isto acontecia, em um lapso temporal relativamente curto; e a corvinalense não estava nada satisfeita com este fator – gostava que seus neurônios trabalhassem quando precisava, não que estagnassem; caos era gerado por ações impensadas, imprudentes e cheias de ego. Sua mente primava por lógica, como já dito.

Michael sempre foi muito ciumento, era um dos maiores motivos de suas brigas, mas daquela vez ao menos ela tinha que ser grata ao modo como o alemão a puxou pelos ombros, sem machucá-la, era evidente, e expressar seu ciúme daquela forma, ainda que a francesa tenha notado a raiva velada em suas palavras, não tão contida em seu tom de voz. O bom disso foi que voltou a raciocinar na excelente velocidade usual.

Com o cenho franzido e em pleno controle de suas emoções, varreu com os olhos a cabine através do vidro. O ogro perdido estava lá dentro, bem como uma de suas melhores amigas Aimee Lendsbrug. Guardou estas informações para depois – afinal das contas eram importantes também – e se concentrou apenas no alemão, e para sua surpresa sua irmã gêmea, Brigitta Alleborn, que tinha uma capacidade única de se prender aos próprios problemas, descartando os demais. Nada tinha contra ela, só não conviviam o bastante para ter algo a favor.

O loiro aristocrata alemão estar em Hogwarts, longe de sua tão prezada pátria já era por si só alarmante. Ele era o típico xenófobo, fazia questão de destacar a própria personalidade, e seu lugar na pirâmide social – acima dos outros, pisando-os se possível. Para estar ali, em um ambiente ao qual normalmente jamais se sujeitaria, deveria ser por causa de algo, ou alguém. Provavelmente uma ordem... E para controlá-lo, somente o pai ou o avô.

Também conhecia a fama dos dois citados, para saber que jamais moveriam um dedo ou colocariam um dos mais cotados a futuramente assumir a frente do clã mais amaldiçoado da Alemanha, para se sujeitar a estudar em Hogwarts; simplesmente eram elitistas demais para isso. Algo demasiadamente sério deve ter ocorrido, ou poderia ocorrer, e para Karsten se sujeitar a vir, não devia ser nada bom. A irmã deve tê-lo acompanhado, duvidava muito que se tratasse de algo além disso, mas manteria essa hipótese em aberto.

Girou o corpo na direção do namorado, abrindo e fechando a boca. Não era tola de achar que poderia questionar Karsten, ele era afinal das contas seu amigo e a conhecia; tampouco podia ficar ali parada, no meio do corredor. Precisava de informações para fazer uma equação completa, pesar os prós e os contras – ou o máximo que pudesse conseguir.

- Michael... – começou a fala em um tom ameno, procurando uma razão boa o suficiente para ele - Me escuta. – suspirou ligeiramente, apoiando as mãos nos braços fortes do garoto – Eu prometo que vou te explicar tudo, assim que chegarmos em Hogwarts, ou se voltarmos pra nossa cabine original com nossos ami--- - parou a si mesma, estranhando a fala. Nossos amigos? Poderiam mesmo considerar aquele singular grupo de resgate seus amigos? Ainda não, mas também não se tratava mais de uma hipótese impossível. Um trabalho em andamento, talvez. – conhecidos. – é, era mais contundente com a realidade – Mas por favor... – um ligeiro biquinho se fez presente em seus lábios ainda que não se desse conta – Precisamos ficar ai um pouquinho. Karsten não fará nada. – e nem faria nunca, tinha a mais absoluta certeza disso, era incapaz de ser afável com ela em um sentido mais romântico da coisa, mas deixou passar por agora. – Ainda mais com você e Anthony presentes.

- Anna, eu não vou deixar você perto dele! – foi a réplica imediata que recebeu do sonserino - Você não entende a psicopatia dele!

- Não vou ficar perto dele, vou estar perto de você. – deu um sorriso sincero enquanto segurou uma das mãos dele - Além do mais, o conheço desde pequena, infelizmente entendo todo o psicológico dele. – agitou a cabeça, afastando algumas imagens que pareciam ter sido cravadas em sua mente. Ficou na ponta dos pés, apoiando uma mão em seu ombro enquanto murmurava próxima ao seu ouvido - Confie em mim, precisamos de respostas.

O sonserino não pareceu nada feliz, até mesmo resmungou algo, ao que a menina lhe deu um rápido beijo como desculpas silenciosas – Michael entenderia, sabia que sim -, antes de finalmente abrir a porta da cabine, esboçar seu melhor sorriso e cumprimentar em francês os presentes.

Anna Blanche
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Mensagem por Anthony Blanche Sex Set 07, 2012 12:02 am


"Resumo e OFF":


And I'll show you nothing special

Quando o pseudo-aristocrata, metido a graveto com fraque resolveu se pronunciar, em todo aquele tom quase arrastado, Anthony teve muita vontade de descontar todo o seu resto de raiva nele, usando seu maravilhoso soco inglês que repousava no bolso da capa negra de viagem. Mas respeitava sua amiga Lendsbrug – ainda que ela soubesse se defender muito melhor que muitos caras por ai, tinha presenciado inclusive; e depois fazer a famosa egypsya e sair ilesa, por sinal – o suficiente para não iniciar uma briga, ainda.

Depois de responder à indireta muito inteligente, deu espaço para a morena passar e bateu a porta atrás deles. Acenou com a cabeça para a garota que sabia ser Brigitta Alleborn, muito mais preocupada com, pasmem, doces do que o clima de quase guerra na cabine tinha algo de estranho com ela, só podia e sentou-se no banco oposto à dupla gêmea alemã, um dos braços na janela, quase jogando-se no banco, ainda que houvesse bastante espaço para a Aimee se acomodar confortavelmente ali.

- A maioria dos doces acabaram; parece que as criancinhas atacaram o carrinho... Deve ter sido com o clima de incêndio, acharam que podiam detonar os doces também. – mentiu ele descaradamente, respondendo a alemã e dando nos ombros, - Mas ei, se a velhinha dos doces aparecer de novo, talvez tenha sorte! - para em seguida dar um imperceptível sorrisinho na direção de Lendsbrug. Não sabia bem o motivo dela não ter os tais doces, mas Blanche não era do tipo de deixar a amiga se queimar, ainda que fosse com gente que na opinião dele não merecesse; olha quem era o francês pra se intrometer, não é mesmo? – Você viu último jogo de quadribol? – virou-se exclusivamente para a morena, como se os demais nem estivessem presentes – Dez horas depois até eu já estava pronto pr--.

Não pôde completar a fala, ainda que tenha apoiado o queixo na mão, já que a cabine parecia prestes a receber mais visitantes; pena que sua sorte não era tamanha a ponto de ser algum lufano segundanista. No batente da porta surgia uma pessoa que talvez pudesse ajudar Brigitta na sua busca incessante pelos doces, afinal das contas, sua irmã parecia ter estado na terra encantada da dedosdemel e trazido metade do carrinho com ela.

Ela sorria abertamente, como anúncio de pasta de dentes trouxa e cumprimentava todos em francês. Já ia se perguntar onde estava Michael para conter a esfuziante, mas ele apareceu atrás dela como um armário prestes a liberar... Cabides? Lanças? Maldições com os olhos? Difícil dizer, ainda que fosse bem divertido de ver! Só não riu porque precisava fazer piada antes.

- Cansaram da outra cabine, eh? – questionou imediatamente sua adorada, só que não, irmãzinha, que piscava algumas vezes na direção dele, como se realmente estivesse muitíssimo surpresa com o questionamento. Ela abriu a boca, pronta para responder, mas como metade do mau humor do sonserino tinha se esvaído misteriosamente, ele resolveu alfinetar... Sabe como é, manter a saudável ciumeira de Michael em um nível insuportável era sempre divertido. - Oh! Você veio conversar animadamente com todos os seus amigos, não é? – levantou as duas sobrancelhas, quase podendo ouvir os dentes de Michael rangerem. Teve que usar boa parte da sua força de vontade para não rir.

- Anthony é sério... – devia mesmo, porque dava quase pra ver a maldição da morte se formando como raios saindo dos olhos dele. Trocou olhares cumplices com Aimee, que sabia bem da neurose ciumenta de Alleborn. – Cala boca. – e antes que o francês pudesse exibir toda sua versatilidade em cinismo e bater continência do jeito mais debochado possível, a alienada da sua irmã respondeu, talvez nem tenha escutado...

- Não cansamos nada, na verdade achei todos ali muito sensatos. - ... sensatos. Era complexo demais pra ele saber se isso era uma coisa boa. Porque raios sua irmã era incapaz de usar adjetivos que pudessem ser entendidos por todos e não só por pessoas com inteligência avançada? Bom, o sorriso vasto que ela exibia, ao menos indicava ser uma boa coisa. E mesmo se não fosse, ele não ligava, ainda que achasse que todo mundo ali realmente era de boa. – Sabe Karsten, não entendi porque não respondeu nenhuma coruj --- - e foi aqui que Blanche precisou baixar a cabeça e trincar os dentes para não gargalhar, ainda que uma risada rouca escapasse baixa de sua garganta.

Primeiro porque Michael tinha sumido com todas as milhares de corujas que Anninha tentara mandar ao Alleborn loiro na frente deles, bem como as corujas que Karsten tinha enviado a ela; ou seja: o plano “genial”- e ele se lembrava bem do olhar psicótico de Michael ao ter a brilhante idéia – tinha ido por água abaixo em alguns minutos. Segundo, porque Anna no auge de sua leseira cogitou sentar do lado de Brigitta...

E todos viram o rosto de Michael se contorcer em fúria, pegando a corvinalense pela cintura e sentando-a do lado dele. A francesa até mesmo parou de falar, mas Karsten pelo visto achou que era sua brecha... Ah fala sério! Ele era cheio de frescura, agora achava que podia falar sem convite com letras de ouro pra isso? Pff, esperava que seu amigo encerrasse a fala em meio segundo, caso contrário morreria de tédio.
Anthony Blanche
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Mensagem por Brigitta Alleborn Sáb Set 08, 2012 12:22 pm


”Resumo”:


You know the dudes I hang with,
they ain’t exactly friendly.


À medida que o trem avançava, a paisagem começava a se tornar cada vez menos urbana, prevalecendo os tons marrons e alaranjados típicos do fim de verão rural. Tão logo Lendsbrug voltara do pseudo passeio pelo trem que o recinto começou a se tornar cada vez mais uma verdadeira farofada, e provavelmente a morena de olhos azuis deveria estar se arrependendo naquele exato momento. Tanto quanto Brigitta havia se arrependido de ter raspado feiamente os cabelos de Christian Lendsbrug, irmão mais velho da sextanista, quando era pequena. Certamente deveria ter feito um moicano inverso. Muito mais atraente.

Teria sido deveras aprazível para a loira setimanista começar a cantarolar alguma de suas canções favoritas, em sua maioria tipicamente inglesas, tal como a galinha do vizinho, contudo, parecia haver algum tipo de conspiração criada pelo cachorro que se encontrava no corredor para que o bom humor de Brigitta permitisse que continuasse em seus devaneios.

- Nós não vamos te contar por que estamos em Hogwarts, Blanche. – A voz de Brigitta cortou qualquer vestígio de conversa na cabine. A loira, que antes observava com desinteresse a paisagem através do vidro mal polido do trem, agora tinha os olhos fixos em Anna Blanche. Piscou duas vezes, inexpressivamente, olhando diretamente nos olhos da francesa. Sua expressão, muito diferente do usual, era séria e dura, como se desgostasse da Corvinal. E talvez ela realmente não gostasse dela, ninguém poderia dizer ao certo. Apenas Karsten. – Isso não é da sua conta. – E foi o que se limitou a dizer antes de voltar a encarar os vidros com todo o glamour quanto possível.

Cruzou as pernas com a graciosidade de uma bailarina, imersa em pensamentos e sem sequer se preocupar se Anna ou qualquer outro individuo teria uma réplica para ela. Brincava com uma mecha dos cabelos leendos e dourados, com um semblante passivo, mas continha resquícios de raiva em seu olhar, e apenas o irmão gêmeo era capaz de ver isso. Era ensinada a pensar na inferioridade das demais pessoas, ainda que estas fossem até mesmo de sua família ou muito próximas a ela. Era deveras orgulhosa e agiria a vida inteira, quando não imersa em devaneios. Não era de seu feitio dar satisfações a ninguém, e agora não seria a primeira vez.

Anna Blanche possuía o status de namorada de Michael Alleborn havia pouco mais de um ano. O primo, um ano mais novo que Brigitta, sempre lhe fora próximo, de forma que ela aprendera a ao menos simpatizar com a sua presença. Com o passar dos anos, contudo, essa simpatia acabara por se tornar um sentimento mais profundo, na qual a loira oprimia. Ser trocada pela francesa era um insulto para a loira, mas ver o quanto a quintanista não respeitava Michael e seus princípios, lhe irritavam de forma homérica. Era quase como se fosse dever do sonserino de servir a ela e somente ela, sem se importar com as vontades dele. ”Alleborns não nasceram para servir, Blanche.” Já não bastava ela ter a atenção dele, ela também queria a atenção de Karsten. Se ela ia brincar com todos os Alleborn ao redor de Brigitta, ela certamente teria que lidar com Brigitta também. O pacote seria completo, repleto de diversões e alegrias. Para Brigitta.

- Eu pedi um chá há mais de meia hora, por que é que ela ainda não se mexeu daí? – Comentou com Aimee, como se a auror postada no corredor fosse a senhora dos chazinhos.

Brigitta Alleborn
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Mensagem por Anna Blanche Dom Set 09, 2012 12:20 am


resumo e off:


talk without speaking, scream without raising your voice

- Salut! – exibiu um sorriso gentil na direção dos demais. Não é como se a morena tivesse motivos para alimentar rixas com nenhum deles; era quase um alivio estar na presença de conhecidos (ainda que seu irmão não se enquadrasse muito em “amigável”).

Ao notar a organização da cabine, achou que seria melhor, até para Aimee e ela não ficarem desconfortáveis no banco ao lado dos dois armários da escola, que ficasse sentada ao lado de Brigitta. Nunca teve nada contra a alemã e pelas ações dela, talvez a mesma não tivesse nem opinião sobre a monitora. Estava quase sentada quando sentiu duas mãos fortes se fecharem ao redor da sua cintura e quase caiu sentada no banco ao lado de Michael.

Fechou os olhos, interrompendo a própria fala sobre o “mistério das corujas jamais respondidas de Karsten” e suspirou. Não precisava nem olhar para saber que seu namorado estava uma fera – ela sentia o ódio dele alimentando cada cédula em seu corpo. Jogou os cabelos para trás e jurou ter visto um semblante raivoso tomar as expressões da loira a sua frente por míseros segundos. Ora essa...

E qual foi sua surpresa quando Brigitta atingiu direto nas suas intenções de estar ali? Não é como se fosse ser um segredo, afinal chegaria ainda nesse ponto da conversa, mas como a loira teve acesso a essa informação, que Anna não tinha comentado nem com Michael no corredor, era um mistério. Surpresa maior foi ver toda a hostilidade destilada na sua direção. Okay, ela lidava todo dia com gente temperamental, um a mais, um a menos não fazia diferença. Só fez uma nota mental em comentar com Gabriella como ela estava certa sobre a irmã gêmea de Karsten.

- Ter uma pergunta feita não necessariamente quer dizer tê-la respondida, seria pretensão demais da minha parte acreditar nisso, Alleborn. Ainda que nada nesse sentido tenha sido questionado... – sorriu sagaz, as mãos no colo repousando calmamente – Não se ofenda, mas o assunto ainda era sobre respostas em corujas nas férias, ou melhor, a falta delas. Mas, não quero arruinar o clima familiar da cabine, imaginem! – seu sorriso se alargou mais ainda, havia algo nele, que somente Michael saberia notar. – Vocês devem estar exaustos, com toda essa confusão. Para não ferir a sensibilidade de ninguém, acho melhor eu me retirar por agora. – virou-se para Karsten, arqueando as finas sobrancelhas – Não precisa se dar ao trabalho de responder, okay? Nos conhecemos há muito tempo, devia ter entendido a indireta. – apertou rapidamente uma das mãos do namorado e levantou-se com dignidade, em um gesto fluido e simples, não dando tempo de ninguém responder – Agradeço de verdade toda a hospitalidade e boa educação que vocês tiveram. – finalizou, mantendo o mesmo tom neutro e educado de sempre.

Abriu a porta da cabine, Michael devia estar comemorando internamente. Franziu o cenho, a porta abrindo ao gesto amplo da morena, nesse ínterim seus neurônios pareceram fazer a ponte necessária para resolver a incógnita: Michael. Ele era o motivo da hostilidade da Alleborn – gêmea – loira – pseudo – alienada, claro! Como não tinha visto antes?! Inacreditável, não bastava ter que lidar com todo o esquadrão de ex-namoradas , agora tinha que lidar com uma potencial ameaça muito pior: porque eles se conheciam desde pequenos.

Como se levasse um soco no estômago com a revelação, Blanche mordiscou o lábio, impedindo o tigre furioso adormecido dentro de si de se manifestar e começar uma gritaria ciumenta com o namorado bem ali. Seria um verdadeiro deleite para os dois alemães presentes e a francesa não daria mais esse gosto para eles. Virou-se para Michael, anormalmente inexpressiva, colocando a mão em seu ombro em um gesto delicado.

- Se achar melhor ficar com a sua família, s'il vous plaît, não se preocupe. – a educação exagerada e toda a polidez na fala, ainda que tenha saído tão amável quanto de costume ao se dirigir ao seu namorado devem ter soado como um alarme para ele. Bom, ela era francesa, sabia manter a compostura quando queria; sua avó Lenora ficaria deveras orgulhosa, aliás, se a visse naquele momento – Vou voltar para a cabine, aproveito e vejo com o Victor uns últimos detalhes sobre o desembarque dos alunos. – virou-se para os demais, não perdendo a surpresa no olhar de seu irmão. É, ele devia mesmo estar surpreso que ela não tinha sido no mínimo ácida e mordaz com o tipo de tratamento que recebera. Só não ia dar esse gostinho para os puro-Alleborns presentes – À la prochaine.

- Hey, - e quem diria, o deus grego personificado, mais conhecido como Michael Alleborn, seu namorado a interrompeu, antes que desse um único passo para fora da cabine. Girou para mirá-lo – Eu não quero ficar no mesmo ambiente que esse merdinha. E aturar o Gupta e a Adela deve ser mais fácil com você lá.. - e antes que pudesse agradecer ou sorrir, foi praticamente empurrada por ele para fora da cabine.

Não tirava as razões de Brigitta entretanto, queria mesmo saber o que eles faziam ali, mas sempre teria momentos mais oportunos – ou até mesmo outros meios. Aquele trem não precisava de mais nenhuma confusão.
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Mensagem por Karsten Alleborn Dom Set 09, 2012 2:07 am


”Resumo e OFF”:


fallen angel waiting for the prey
karsten alleborn
.03.

O nobre herdeiro de um dos clãs de mais força politica dentro da Alemanha, ainda encontrava-se demasiadamente absorto na tentativa de atormentar qualquer coisa para além da janela da cabine, de forma que pudesse descarregar as moléstias do dia. Aparentemente, obviamente. Aspectos exteriores eram os maiores causadores de julgamentos errados e as reações de Karsten de forma alguma poderiam ser classificadas como comuns.

Na verdade, enquanto uma pequena parte de sua mente acumulava desgosto pela situação em que se encontrava, a outra se ocupava em compreender os motivos dos eventos caóticos que evitou participar, na Plataforma 9 ¾. Fumaça. Aurores. A Inglaterra não seria capaz de garantir sua segurança e a de sua irmã, com uma velha e cachorro que provavelmente os dois conseguiriam derrotar sem esforço, se assim desejassem. Esperava que estivessem cientes que lesões em estrangeiros, no caso, ilustres, causariam um baque politico interessante.

Além disso, sua primeira impressão foi que sua prima Gabriella, uma menina com tendências lamentavelmente depredatórias, realmente estava envolvida naquela balburdia: o incêndio que originara a fumaça não pareceu ter tomado proporções alarmantes (o que se encaixava no perfil de desastres provocados por ela), e ele não notou nenhum boato ou corpo sendo levado (único motivo pelo qual os aurores poderiam ter pisado no local, se os dois incidentes estivessem conectados), embora ele admitisse que pudesse estar sendo inteiramente tapeado pela desorganização inglesa.

Em contra partida, não parecia haver muita lógica em Blanche estar perambulando pelos corredores, tão carente de destino a ponto de aceitar o convite de Lendsbrug, ao invés de levá-la a algum covil de tolice. E como possuía a infeliz capacidade de julgar as ações do rapaz, por conta de sua inegável astúcia e pelo pouco que o conhecia, se Gabriella realmente estivesse com problemas, ele não aparentaria tanta calma.

Contudo, seu fluxo de pensamentos foi brutalmente interrompido quando sua visão periférica captou um semblante grosseiramente colado ao vidro da porta da cabine. Sua primeira reação foi girar o rosto em direção ao ser ignorante de pai e mãe que conseguira tomar aquela postura rude, ostentando um de seus olhares mais cruéis e desprezíveis – não precisava de mais sujeira além da que o Blanche trazia consigo.

Felizmente – ou não – o gesto não viera de qualquer plebeu, e sim de Anna, irmã o ogro recém-citado. Visto que a menina não apresentava nenhuma ameaça evidente a sua saúde, permitiu-se erguer a sobrancelha, como se a questionasse pela estupidez, contudo sustentou o olhar desumano, com a única finalidade de deixá-la mais alarmada do que claramente já estava.

Aquilo, por sinal, era uma das poucas coisas que Karsten se prestava a fazer de superficial: assustar Anna desde que os dois passaram a ter contato, em suas visitas periódicas a Gabriella. Os dois construíram alguma coisa que a menina Blanche chamava de amizade e ele “interesse infantil por sub-culturas”; ou ao menos esperava que fosse isso e a vontade que normalmente sentia de protegê-la fosse muito similar a de um menino protegendo seu objeto de entretenimento. Até chegou a pedi-la em namoro, num ato um tanto impulsivo, por algo que mais tarde ele considerou ser apenas uma disfunção hormonal da idade. Não tardou até chegar a conclusão de que Michael ter tomado a dianteira e sequestrado a menina na hora que ele lhe pedira, tratara-se de alguma intervenção divina para lhe livrar de um mal maior.

Voltando a cena, repentinamente seu primo acéfalo surgiu por trás da menina, apostou parecer temível, e livrou os dois de suas vistas. Karsten deixou-se suspirar ligeiramente, voltando as suas próprias divagações. Eles em breve voltariam produzindo toda a poluição sonora que ele dispensava, portanto necessitava levar sua concentração a um estado budista para superar o momento previsto.

Tornando sua mente ao ponto em que seus pensamentos foram atropelados, sua inquietação quanto ao assunto apenas se agravou com as recentes aparições. Gabriella deveria ter amigos, claro, todavia, diante dos recentes acontecimentos, se bem a conhecia, ela iria querer se assegurar que a família estava segura, e ele esperava que ela não se confirmasse tão idiota a ponto de não entender que aurores fazendo a segurança do trem significavam um grande problema.

Nesse ínterim, Anna e Michael corresponderam a todas as suas expectativas e invadiram o espaço. Não teria sido inteiramente tomado pela atmosfera de algazarra, mesmo com Anna lhe questionando sobre o motivo dele não ter respondido suas correspondências – o que era uma calúnia, mas ele não estava muito tentado a tentar averiguar, quando sua mente conseguia concluir facilmente que as corujas poderiam ter sido extraviadas por algo classificável como ciúmes –, se Brigitta, numa das raras demonstrações de sua sagacidade, não tivesse antecipado a pergunta que certamente Anna buscaria articular.

O alemão quase pôde sentir a cólera que a irmã nutria pela corvinal, o que foi muito bem expresso por sua fala fria, cujo único intuito era rebaixar a pobre francesa. Karsten não pode refrear a sombra de um sorriso em seu rosto: Brigitta havia sido criada dentro dos mesmos padrões que ele, embora fosse mais “aleatória”. Além disso, parecia ter algum apego por Michael. (Aliás, outro motivo para Karsten aprovar o namoro dele e de Anna: poupava Brigitta de se deixar envolver com um ogro. Sua irmã era superior demais para aquela atrofia celular que ele clamava por cérebro.)

- Eu pedi um chá há mais de meia hora, por que é que ela ainda não se mexeu daí? – Complementou Brigitta, ainda de mau-humor, dirigindo-se a Lendsbrug, ignorando solenemente a postura estranhamente superior que Anna assumiu.

A corvinal, fazendo jus a sua expressão por demais francesa, retrucou friamente e a sombra de satisfação que surgiu em Karsten se desfez, dando lugar à intriga: não se recordava das capacidades de Anna de agir como uma verdadeira dama. Todas as vezes que se viram ela parecia bastante escandalosa e disposta a ser compreensiva. E para complementar a exaltação, ela encontrava-se verdadeiramente magoada pela falta de respostas de Karsten: ele novamente ignorou por não estar com tempo ou paciência a perder tentando iniciar um diálogo que certamente seria improdutivo pela presença de Anthony e Michael.

Então Anna decidiu que era melhor se retirar e Michael a seguiu (Karsten focou-se bastante em seu objetivo para não contestar o primo e seu palavreado imundo, mas não poderia esperar muito dele discutindo racionalmente, de qualquer forma). Karsten, porém, não poderia permitir que sua única chance de esclarecer as ocorrências do dia (visto que Anthony Blanche não deveria ser muito cooperativo) saísse pela porta e o fizesse se levantar desnecessariamente. Então ele moveu-se rapidamente, colocando o tronco para frente, impedindo que a porta que Michael fechava batesse.

Ignorou o olhar assassino que o primo lhe lançou e antes que ele pudesse abrir a boca, dirigiu-se a Anna:

- Antes de sair, poderia me informar os motivos da ausência de Gabriella? – Questionou, usando um tom um pouco menos arrogante do que o que usava ao se dirigir a maioria das pessoas.

A menina parou, aparecendo por trás de Michael, tentando impedi-lo de puxar a porta e levar o braço de Karsten junto (o que era possível visto a absurda diferença de força entre os dois), e quando ela tornou a falar, ainda mantinha-se com o mesmo tom magoado – pois ele sabia que era alguma coisa como aquilo que ela estava sentindo – que se dirigiu a Brigitta.

Karsten tinha consciência de que Anna não era exatamente o tipo de pessoa que conseguia se refrear quando questionada educadamente.

- Gabriella está detida na cabine dos professores, por ter causado um duelo na plataforma. – E a menina tornou a tentativa de se retirar, desta vez ela fazendo menção de arrastar Michael para fora da cabine. Mas Karsten ainda não estava com todas as suas duvidas esclarecidas.

- E sobre o incêndio e os aurores?

A menina virou o rosto para ele, desta vez com um biquinho francês enfeitando seu rosto. Bem, ele podia se questionar sobre todas as suas impressões sobre Anna, mas deveria admitir que aquela expressão era muito carismática. Teve de jogar a nota mental sobre isso para alguma caixa de inutilidades em seu cérebro.

- Sei mais ou menos do que se tratou. Um aluno incendiou um dos vagões por vingança contra um grupo de grifinórios, e é isso que sei da história, mas nessa versão ainda não me parece certo. – Ela franziu o cenho. Karsten evitou demonstrar a impaciência que aqueles atos ridículos lhe causavam e esperava sinceramente que a vingança não envolvesse Gabriella, ou ele teria que agir e não estava muito tentado a entrar em um duelo tendo que suprimir metade de sua capacidade mágica. – Os aurores vieram assim que tirávamos os alunos do trem, mas... Houve um burburinho na plataforma, sobre bombas no trem – que obviamente não tem nada haver com o incidente do incêndio, mas explicaria a aparição dos aurores e a escolta deles na viagem.

O alemão agradeceu, como mandava a etiqueta e finalmente tirou a mão da porta. Anna e Michael finalmente se retiraram. Karsten não demonstrou, mas as engrenagens de seu cérebro trabalhavam com enorme velocidade. Ele observou Anthony e Aimee: seria seguro deixar sua irmã com os dois (mais seguro para eles que para ela, por sinal). E então o rapaz lançou um olhar significativo à loira: imediatamente compreenderia que ele estava indo em busca de informações.

Com um educado “Com licença” que havia se dirigido mais as moças presentes, ele se retirou da cabine.

~ & ~

Karsten Alleborn
Karsten Alleborn
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Alemanha
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Sangue Puro

Cor : #698B22 (OliveDrab4)

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