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Três Solteirões e uma Pequena Dama

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Mensagem por Aidan Sheppard Dom Ago 05, 2012 1:18 am

Status: RP Fechada
Data: Dia/Mês (Em on) – 01 de Setembro - Manhã
Local: Estação King’s Cross
Participantes: Adela Burton, Aidan Sheppard, Gerry Vakarian, Kian Weisman e Sam Gupta.

.01

Aidan não sabia realmente como se sentir ao retornar a Hogwarts, se fosse possível, a perspectiva parecia ainda pior do que tinha parecido no terceiro ano. Abraçar a mãe em uma rodoviária em Vancouver, se despedir enquanto ela fatalmente abria sua mochila para colocar aquele pedaço de lombo canadense embrulhado para a viagem até o castelo, parecia pior do que quando tinha feito aos treze anos. E se lembrava bem de ter chorado naquela época. Mas há três anos, ainda tinha a esperança de que a marinha tivesse se enganado, ainda esperava voltar para casa e encontrar o pai sentado à mesa da cozinha.

Agora? Não. Agora a Marinha tinha oficialmente declarado Ethan Sheppard como presumidamente morto, dobrando a pensão que ele e a mãe recebiam em virtude do desaparecimento do Comandante em uma simples inspeção em um cargueiro que naufragou. Devia ter ficado em casa, ajudar a mãe - que se recusava a voltar para a terra natal dela, a Escócia - e esquecer todo o resto. Mas quando tocou no assunto, ela pareceu tão indignada e furiosa que ele sequer terminou de falar.

Por isso estava caminhando na estação britânica, mochila pendurada em um ombro, o carrinho cheio com o resto de sua bagagem, andando sozinho porque tudo o que tinha sobrado de sua família estava vendendo livros no Canadá. Por fora, porém, parecia tão calmo e normal como sempre tinha parecido, volta e meia acenando para algumas pessoas conhecidas que atravessavam o seu caminho, ou parando para dizer bom dia.

Mesmo entre todas as pessoas que passavam pela estação àquela hora do dia, mesmo não sendo nem mesmo um pouco alto, ainda assim não foi nada difícil para Aidan, porém, localizar com os olhos possivelmente a única pessoa que pudesse entender tudo o que estava acontecendo. Gerry Vakarian estava parado, se destacando na multidão com toda a sua altura - e orelhas. Automaticamente, o canadense sorriu, erguendo uma mão o mais alto que podia esperando ser visto, sem muita esperança de que realmente o outro fosse enxergá-lo perdido entre os bruxos que começavam a se amontoar em um canto.

- Hey! Vakarian! - tentou gritar por cima dos ruídos dos trens, das pessoas e do dia, arrastando o carrinho atrás de si e se aproximando mais. Não viu Sanjaya Gupta por perto, o que significava que ele não estava ali, porque, do contrário, não era também nenhuma tarefa dos deuses enxergar o grifinório. Pelo menos uma vez, tinha chegado mais cedo do que o resto deles.
Aidan Sheppard
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Mensagem por Gerry Vakarian Dom Ago 05, 2012 1:58 am

Da lista de pequenas coisas que Gerry jamais se daria ao trabalho de admitir para ninguém além de si mesmo: era bem melhor ir sozinho para a estação de King's Cross. Afinal de contas, não fazia sentido ofender os sentimentos da mãe com esse tipo de comentário, e o pai - bem, o pai decerto tinha assuntos mais urgentes a tratar. Melhor que fosse assim, inclusive; do contrário, lá estariam os Vakarians naquele silêncio de escolta, apenas esperando pela hora da despedida.

Gerry detestava despedidas, mesmo já tendo passado por um tanto mais que suficiente delas para se acostumar. Mais fácil acordar em uma manhã de férias para descobrir que o pai tinha partido alguns minutos antes de volta para Bruges ou Rotterdam, e então deixar os dias passarem até ter que dizer um tchau casual para a mãe, como se fosse simplesmente buscar pão.

Sem contar que, sozinho na plataforma, era mais fácil manter o foco. Enquanto nenhum dos amigos aparecia, o holandês tinha a chance de se dedicar a um velho passatempo: magro e alto demais, recostava-se em uma pilastra como quem não quer nada e começava a observar. Ora avaliava por um bom tempo os primeiranistas, tentando memorizar seus rostos e estimar para que casa seriam enviados pelo Chapéu Seletor; ora se desafiava a, num relance, capturar o maior número possível de detalhes na bagagem de alguém. Pequenas bobagens que fazia sozinho desde pequeno, quando a perspectiva de crescer para ser um auror ainda era um sonho. Estipulara suas estranhezas particulares como uma espécie de treino e, se hoje os planos pareciam cada vez menos dourados, a força do hábito o impelia a continuar com a brincadeira, por vezes rindo sozinho.

- Hey! Vakarian!

Não por muito tempo, contudo.

A voz de Aidan era pouco mais que um fiapo de som abafado pelo trem e pela multidão, mas não tinha como perdê-lo - fosse pelo tom (Gerry duvidava que mais alguém no mundo conseguisse fazer o nome "Vakarian" soar como algo divertido), fosse pelo fato de que o canadense irremediavelmente o interrompia, ano após ano. Era só questão de esperar.

- Sheppard! - Acenou de volta, duvidando que o outro o tivesse escutado. Então adiantou-se uns poucos passos na direção dele, mantendo-se ainda nas cercanias de sua bagagem. - E aí? - A mesma pergunta de todos os anos, feita à mesma distância protocolar que sempre mantinha e que sempre via Aidan quebrar.

Força do hábito.
Gerry Vakarian
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Mensagem por Aidan Sheppard Dom Ago 05, 2012 2:34 am

.02


- E aí?

Era quase uma tradição.

Todo ano, férias após férias, era a mesma coisa, e, depois de passado os primeiros anos, era como se o amigo já estivesse esperando por aquilo: algo na postura sempre fechada e centrada se desfazia um pouco, com braços quase se deslocando do corpo, enquanto Aidan se afastava um pouco de sua própria bagagem, e se aproximava o suficiente para abraçar o outro, ficando quase dependurado no processo. Não era assim no começo, eles tinham o mesmo tamanho, mas agora a diferença era claramente visível entre eles.

Não era visível, porém, que esse último abraço tinha algo de mais apertado do que os outros, que era mais uma procura por solo conhecido do que um cumprimento de quem tinha ficado tempo demais longe.

-Minha mãe mandou um abraço. - ele falou, se despendurando e dando alguns passos de espaço particular de volta ao holandês. No começo, era engraçado observar como ele fica fora de lugar com seu espaço invadido, depois, já tinha se tornado um hábito, algo enraizado pela criação tão familiar que o canadense teve e que parecia quase normal. Não tentava abraçar Gupta, porém, não tinha certeza se era algum tipo de ofensa na religião dele ou não, então deixava para lá com alguns tapinhas nos ombros e um "como você está, cara?" E, embora soubesse que Adela podia parti-lo em dois, sempre parecia que ela podia quebrar se ele apertasse um pouco que fosse em um abraço. Assim, estava restrito a tirar Gerry Vakarian de sua paz habitual, mas não era realmente um problema.

(Se tinha se demorado um pouco mais dessa vez, bem, não estava em seus melhores momentos.)

-Só chegou a gente até agora? Conta alguma coisa de novo?

E realmente esperava que Gerry tivesse alguma novidade tão chocante quanto a desclassificação de Plutão como planeta ou os Jogos Olímpicos, não sabia se estava preparado para responder a mesma questão de volta. Era o segundo ano que tinha que falar sobre seu pai, não era mais agradável do que tinha sido no primeiro. E ele sabia que seria difícil, quase impossível, esconder muita coisa do amigo se eles começassem a falar sobre ele, de tão observador que era - e de tão bem que se conheciam.

Acabou se lembrando do que tinha acontecido, de que quando ele mais tinha precisado, Vakarian tinha, sabe-se lá como, convencido seus pais a deixar que ele passasse as férias em Vancouver e que tinha sido esse o exato ponto em que um coleguismo pautado em coincidências tinha se transformado em uma amizade de verdade. Foi por isso, e só por isso, que ele abriu a boca para falar:

- Meu pai. A Marinha finalmente deu notícias... MIA e, agora, morte presumida. - não falou mais nada, nem parecia muito abalado por fora. Mas se alguém ia entender e perceber que tinha alguma coisa profundamente errada, esse alguém o encarava de um posto de dez centímetros mais alto no momento.


Última edição por Aidan Sheppard em Dom Ago 05, 2012 5:58 pm, editado 2 vez(es)
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Mensagem por Gerry Vakarian Dom Ago 05, 2012 3:16 am

Antes mesmo do abraço, já dava para perceber que havia algo de errado. Foi uma fração de segundo, mas Gerry podia se orgulhar de ser, afinal, um bom observador - todo aquele treino por anos a fio tinha que servir de algo. Mesmo que não soubesse definir bem o que era o problema, sentiu como o olhar do amigo parecia evitar encontrar o dele naquele curto trajeto que os separava, o sorriso costumeiro no rosto não refletindo o que quer que ele tivesse na cabeça. A forma como Aidan se apegou a ele (mais forte, por mais tempo; era fácil demais perceber a quebra no padrão) serviu apenas para confirmar as suspeitas do holandês.

Quando a notícia veio, foi quase como um soco na boca do estômago. E ainda assim, Gerry não tinha como não perceber a ironia da situação. Jamais conhecera o Sr. Sheppard; a imagem que tinha dele vinha das primeiras conversas com Aidan, nos tempos em que o homem ainda era vivo, das fotografias que vira ao visitar a casa em Vancouver, dos comentários vagos e saudosos da mãe do amigo. Apesar disso, era como se fosse alguém próximo. Mesmo não sendo de acreditar no improvável, passara os últimos três anos compartilhando sem perceber da crença (ou esperança) daquela família, esperando que um dia o Comandante fosse voltar para casa.

Fora um avô que nunca conheceu, aquela era a primeira notícia de morte que o holandês recebia. E ele não esperava que ela pudesse afetá-lo tanto assim - sequer entendia bem o efeito dela, dividido entre a decepção e a total incapacidade de reagir. Piscou uma, duas vezes, tentando colocar as ideias no lugar. Cenho e lábios franzidos, estudou os olhos de Aidan, mesmo sabendo que não encontraria a resposta neles; não enquanto o canadense, tão diferente dele em tantas coisas, insistisse em, tal qual um bom Vakarian, agir como se nada estivesse acontecendo.

Sequer pensou ao estender o braço direito, puxando o amigo para junto de si, dessa vez em um abraço próprio - nada de um arremedo de luto e condolências disfarçados em um cumprimento. Não tinha jeito para esses gestos, Aidan sabia disso melhor que ninguém, mas ainda assim passou o braço pelas costas do outro, apertando o ombro dele por um punhado de segundos que pareceu durar bem mais que isso. Quando se afastou, bem tentou encontrar algo para dizer; sentia-se na obrigação de oferecer uma palavra que fosse para o canadense. Não encontrou nada, porém.

- Você deve escrever logo pra sua mãe, né? Diz que eu mandei um abraço de volta, por favor. - Foi o que se viu dizendo em um tom quase casual, esperando que fosse o bastante para denotar o quanto se preocupava com aquela senhora que havia visto uma vez na vida, do outro lado do Atlântico. -... Se eu aparecer nas férias de inverno, acha que ela faz aquele lombo mais de uma vez?
Gerry Vakarian
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Mensagem por Aidan Sheppard Dom Ago 05, 2012 7:20 pm

.03


- Quando a gente chegar, eu escrevo, fica tranquilo. - ele respondeu, passando a mão no cabelo para tirá-lo da frente dos olhos. Havia muito mais naquela simples troca de palavras, bem mais do que parecia, mas para eles era o suficiente, conseguiam se entender daquela maneira e era o que importava. Gerry não precisava dizer que se preocupava com a Sra. Sheppard e que estava se convidando de novo para passar as férias e ajudar a família mais uma vez, não. Era completamente dispensável se Aidan conseguia entender o recado - E se a gente levar em conta que ela pergunta de você toda hora, provavelmente ela ia fazer lombo todo dia, cara. Até você en--- ah! Mas ela não esqueceu de você, não! - ele bateu na mochila para indicar o seu conteúdo, se lembrando de repente - Tem todo um pacote guardado aqui. Não sei se ela pensa que eu realmente como tudo isso ou se ela sabe que você passa fome em casa e come tudo isso sozinho, não sei.

Outra tradição, e Aidan achava engraçado como algo que parecia arroz e feijão para ele se tornava uma iguaria inigualável para o amigo. É claro que sua mãe sabia onde metade do lanche ia parar antes do trem sequer chegar a Hogwarts, mas ela nunca dizia nada e estava tudo bem para ele. Eles entendiam, mãe e filho, sem que Gerry precisasse ter aberto a boca uma vez sequer que se dependesse da família do outro, ele teria um buraco no estômago antes da viagem acabar (ou levaria um pacote de bolachas integrais, Aidan não sabia o que era pior).

Era engraçado, quase simbiótico e bastante reflexivo que as famílias deles tivessem seus problemas. Nada de comercial de margarina para ninguém, ninguém mesmo. O canadense passava todo o drama de nunca realmente saber que diabos tinha acontecido ao seu pai, de ver a mãe dia após dia esperando sem conseguir realmente seguir com a vida. O holandês, por outro lado... Aidan não sabia exatamente qual palavra era boa o suficiente para descrever qualquer coisa na casa dos Vakarian, talvez "estranho" ou "inadequado" ou simplesmente "frio como o pior inverno de Vancouver".

A última e única vez que tinha passado alguns dias na casa do amigo antes de voltar ao Canadá, tinha se sentido uma peça em observação. Não era ele apenas um estrangeiro do outro lado do oceano, não tinha ele apenas um francês com sotaque, não apenas dispensava o uso da varinha, não. Ainda tinha um pai militar desaparecido. E como aquelas rãs que ele quase foi obrigado a dissecar na escola uma vez - coisa boa de se descobrir um bruxo, adeus colegial - ele se sentia sendo repartido e partido a cada nova pergunta. É claro que o Sr. Vakarian não devia fazer de propósito, provavelmente ele estava usando de todo tato que possuía, mas isso não facilitava em nada as coisas.

Aidan não gostava de falar sobre seu pai, tinha banido esse assunto para a parte mais profunda de seu âmago e o trancado lá a sete chaves, inclusive pendurado uma placa de "PROIBIDO QUESTIONAR" em letras garrafais na testa. Não tinha, portanto, condições suficientes para responder sobre a tática da marinha canadense ou qualquer outra coisa que o Sr. Vakarian queria discutir. Não achava que crescer naquela casa fosse realmente saudável para qualquer pessoa com força de vontade menor que a de Gerry, também.

Mesmo assim, ele sentia inveja.

A família do outro podia ser toda formal, quase um pouco pomposa, mas ainda estava inteira e, sinceramente, o que faltava era um pouco de boa vontade por parte dos pais de Gerry. Só isso. Não era nada irremediável, absolutamente.

Mas esse não era o exato momento para pensar em uma coisa dessas.

- E se você praticar o orchideous na frente dela de novo, ainda ganha torta de maçã, certeza. Você tá precisando mesmo, uns quilinhos a mais não iam fazer mal pra sua saúde, não.
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Mensagem por Sam Gupta Dom Ago 05, 2012 10:37 pm

~ our trio’s down to two
ou A balada de John Sam e Yoko Adela


Ajustando os olhos e ouvidos ao burburinho da Plataforma 9 ¾, Sanjaya Gupta respirou fundo, atordoado. Não por causa dos outros alunos, e sim pela “conversa entre homens”, ou melhor, o interrogatório velado a que havia acabado de ser submetido pelo próprio pai e por Theodore Burton. Seu cérebro ainda zumbia, revendo tudo o que dissera e tentando remoer se não cometera nenhuma besteira mortal sob o olhar inquisidor dos dois adultos. Se até os encontros triviais com os Burton em King’s Cross seriam assim, ele tinha medo de imaginar como seria pedir a mão de Adela em casamento. (Por outro lado, pensar em Delinha na futura noite de núpcias fazia seu coração bater com vigor renovado.)

Pelo menos a garota não tinha ficado para assistir à carnificina. Com a desculpa de “deixar os meninos mais à vontade”, a mãe tratou de arrastá-la com toda a bagagem através da parede mágica da plataforma (muito obrigado mesmo por me entregar de bandeja aos abutres, sra. Burton). Agora restava a Sam correr os olhos pela multidão que já se acumulava à espera do Hogwarts Express, em busca da namorada.

(Namorada! Como era bom repetir aquela palavra. Depois de meses de amizade, seguidos de um dolorosamente longo período de flerte – durante o qual ele, como um idiota, arrumou milhões de justificativas furadas para se convencer de que não podia ficar com Adela, quando no fundo a única razão era sua grande e inaceitável covardia – ele finalmente podia dizer, com todas as letras e para quem quisesse ouvir, que amava sua Pequena e que ela o amava. Era brega, era clichê, era a melhor sensação do mundo.)

Mas antes de encontrar a garota na multidão, seus olhos encontraram os de Gerry Vakarian – o que não era surpresa, já que o outro grifinório, mais alto ainda que Sam (e Sam já era bem alto), involuntariamente se destacava em meio aos alunos. Logo viu que Aidan Sheppard também já estava por ali, e acenou para eles. No fundo, Sam queria continuar procurando Adela – desde aquele primeiro beijo há três meses, ali mesmo naquela estação de trem, cada segundo longe dela parecia uma eternidade – mas Gerry e Aidan eram seus amigos mais chegados em Hogwarts, e agora que tinham feito contato visual ficaria bem chato se não fosse falar com eles.

— Opa, e aí, beleza? — cumprimentou os dois com um pouco de pressa, ainda agitado. Não que ele não quisesse saber como tinham sido as férias dos amigos, afinal, não tinham nem mesmo trocado cartas aquele ano. Mas dessa vez, diferente de quase todas as outras férias em que Sam não tinha feito nada além de visitar a família em Chandigarth, ele tinha novidades, novidades seríssimas, e não via a hora de compartilhar aquilo com os amigos. — Cês podem dar uma olhada nas minhas coisas rapidinho? É que eu tenho uma coisa pra contar, mas preciso encontrar a Dela primeiro... já volto!
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Mensagem por Kian Weisman Seg Ago 06, 2012 3:57 am

No meio da multidão, esperando dar o horário que o trem partiria, Kian estava abraçado a um pequeno corpo, balançando de um lado pro outro, sutilmente, junto ao seu corpo. Cantarolava alguma música infantil bem baixinho, chegando a certos momentos não sair todo o som das palavras. Em seus braços estava um garotinho com pouco menos de dois anos. Uma cabeça pequena de fios claros repousando no ombro do adolescente, pequenas mãos fofas apoiadas ao corpo do lufano. Os olhos de ambos estavam fechados. Aquele momento singular o desligara da intensa movimentação da estação. Kian segurava em seus braços o irmão, aproveitando os últimos minutos que ele teria com a criança. Ficava triste sempre que se lembrava do pouco tempo que ficava perto do menor por causa dos estudos. Ele queria estar mais tempo junto, contudo, tinha sua responsabilidade com os estudos, sua formação profissional e seus sonhos para quando adulto. E outra: em dois anos estaria formado e ai teria mais tempo para acompanhar o crescimento do mini-Kian. Ele se convencia.

A família Weisman estava toda na estação. Os pais do loiro saíram para conversar com alguns conhecidos que estavam no local, também acompanhando seus filhos no embarque, e deixaram o caçula com Kian, a pedido do último. O carrinho com toda a bagagem estava ao seu lado, dando-se conta disso, abriu um dos olhos e deu uma espiada em suas coisas, a fim de checar se estava tudo ali e se alguém tinha dado a Elza. Tudo certo, retornou a fechar o olho, mas logo abriu novamente, só que dessa vez, os dois. Não deixando de cantar, acalmando o irmão que parecia estar dormindo apesar do barulho, começou um movimento lento em torno do seu próprio eixo, olhando para os lados, procurando um rosto conhecido, algum amigo.

Quase que completando 180°, se deparou com a parte posterior de uma cabeça de cabelos longos e negros. Aquele corte era familiar, só podia ser do garotinho hoje crescido, que fora selecionado junto com Kian para a casa amarela. E por cima do ombro deste, reconheceu um garoto alto e com orelhas características. Também do sexto ano, porém, separado pelo chapéu seletor a casa vermelha.

Não pensou duas vezes e esquecendo-se do que tinha combinado com seus pais, de ficar ali até o retorno deles, começou a empurrar o carrinho da bagagem com uma das mãos, sentindo pouco de dificuldade pelo fluxo de pessoas que pareciam sair magicamente de todas as direções. Não podia nem ao menos levantar o outro braço e tentar ser visto pelo grifinório, já que segurava o irmão.

Foi quando teve uma ideia perigosa.

Parou o carrinho e esperou alguns segundos, aguardando o momento certo para executar o seu plano. No momento que a poucos metros a frente ficou sem pessoas, reuniu suas forças no seu braço livre e empurrou o carrinho para abrir caminho para ele e chegar mais rápido até os garotos. Mas havia um problema: sem ter previsto o trajeto que o transporte seguiria e que agora em movimento, partindo pra cima do lufano que estava de costas, Kian assustado, agora mais do que nunca tinha que correr atrás de suas bagagens antes que se chocasse com o amigo, mas estava com seu irmão no braço e com a quantidade de gente passando ali, ele tentava pensar o que ia fazer, se corria ou... o quê? A única coisa que veio a sua cabeça foi a de gritar e ter esperança que ouviriam sua voz.

- Gerry! Aidan, Aidan!
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Mensagem por Gerry Vakarian Seg Ago 06, 2012 12:42 pm

Por mais distraído que estivesse, tentando entender a estranhamente súbita aparição (e posterior desaparecimento) de Sanjaya, Gerry mais viu que ouviu a confusão que vinha até ele e Aidan em aceleração constante. Olhos fixos no carrinho que disparava em sua direção, levou a mão direita ao bolso do casaco, mas antes mesmo de completar o movimento lembrou-se que a varinha estava na mochila que levava pendurada nas costas. Teria que improvisar.

Quando avistou a cabeça loira de Kian correndo por entre bruxos atônitos - abrindo a multidão como uma versão exageradamente apressada de Moisés no Mar Vermelho -, foi que o holandês teve uma vaga ideia do que estava acontecendo. E também teve a área à sua frente limpa o bastante para tentar qualquer coisa. Primeiro, esticou o braço para o seu próprio carrinho e puxou pela alça a grande bolsa onde carregava a vassoura e o material de manutenção, jogando-a no chão sem dó, contra a bagagem desgovernada. Esperava que a sacola conseguisse parar o carrinho, ou ao menos fazê-lo virar. Afinal de contas, a perspectiva de se salvar da bola de neve só para assistir à catástrofe subsequente de camarote não era nada bacana.

Não esperou para ver o resultado, de qualquer forma. Sem nem dar aviso, afastou-se da trajetória, agarrando Aidan pelo braço no processo, trazendo-o junto. Nunca deixaria um amigo à mercê da tragédia, muito menos sendo ele um lufano - havia algo de hediondo na mera ideia.

Lufanos. Lembrou-se que Weisman era também um dos texugos. Boas pessoas, sem dúvida; o loiro inglês e o canadense provavelmente figuravam entre os melhores seres humanos que Gerry conhecia. Mas definitivamente tinham qualquer coisa fora dos eixos, também.
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Mensagem por Aidan Sheppard Seg Ago 06, 2012 1:14 pm

.04

Aidan Sheppard ainda olhava para Gerry Vakarian com um semblante que só podia ser traduzido como "mas que diabos?" pela súbita aparição e desaparição de Sanjaya Gupta quando tudo aconteceu. Rápido demais, como sempre são esses acidentes que findam com a vida de uma pessoa, para que ele pudesse fazer qualquer coisa por si só.

Dizem que a vida de uma pessoa passa diante de seus olhos como um filme nos instantes que precedem sua morte, mas Aidan infelizmente ia ter que se contentar em não assistir a um drama que seria merecedor do Globo de Ouro porque ele, com absoluta certeza, não fazia ideia de que estava prestes a morrer atropelado por uma bagagem nos próximos minutos.

Baixo, perto das pessoas que sempre o acompanhava, já era difícil para ele enxergar muita coisa ao redor quando não passava de cento e setenta e três centímetros de altura, o que piorava consideravelmente quando estava de costas para o objeto causador de sua morte, já que não tinha olhos grudados na parte posterior de seu corpo. Só ia descobrir que estava morto quando seu pai o cumprimentasse lá em cima com uma caneca de cerveja e uns petiscos, era essa a verdade.

Em sua defesa, além de todos os fatores que impediam a visibilidade da bagagem assassina, também se podia alegar que era impossível ouvir Kian, amigo e algoz, gritando qualquer coisa com tantas vozes animadas conversando por toda parte da estação. Foi por isso que uma sobrancelha se ergueu em interrogação quando o rosto de Gerry começou a se alterar em uma carranca desconhecida e a outra sobrancelha se juntou à irmã quando ele atirou uma de suas próprias malas para longe.

Aidan tentou se virar para ver o que acontecia, mas também não teve tempo para mais nada. Em um movimento súbito e rápido, um braço magrelo e comprido o puxou para junto de si e se jogou para longe. Aidan quis protestar, quis dizer que essa história de "princesinha" estava indo longe demais quando passava de simples piadas sobre seu cabelo para Vakarian agir como um herói romântico e posar como uma capa da Harlequim na frente da escola toda, que a coisa toda já estava ficando ridícula demais e que ele não ia, de jeito nenhum, ser a dama de uma capa de livros (?) femininos, quando, finalmente, o som de algo se espatifando ao seu lado chegou ao seus ouvidos e ele só pode virar um olho, esquecendo de se mexer e quase de respirar, e ver a colisão de duas bagagens + uma bolsa explodindo quase ao seu alcance. E o pobre bicho de estimação do indiano rolando suavemente (pelo menos isso) pelo chão da estação.

Entre roupas jogadas para o lado, material de vassoura pra outro, e livros em toda parte, ele esticou os dois olhos para cima, engolindo em seco e entendo que quase teve a morte mais ridícula da história de Hogwarts, e conseguiu abrir a boca para falar um mísero "Quê???" que era o resumo puro de todas as palavras que se embaralhavam em sua cabeça, formando, e esperando que o amigo entendesse, mais ou menos um: mas que p*** está acontecendo aqui??
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Mensagem por Gerry Vakarian Seg Ago 06, 2012 6:18 pm

Sem nem perceber que ainda apertava o braço do amigo recém-salvo de um fim trágico, Gerry correu os olhos ao redor, tentando avaliar o estrago: ele e o lufano até estavam inteiros, mas o mesmo não podia ser dito a respeito dos pertences de Gupta e Weisman, do humor das pessoas quase atropeladas ou mesmo de sua vassoura. Considerando o ângulo bizarro que a lona de sua bolsa descrevia agora, a Cleansweep velha de guerra não tinha tido a mesma sorte, malgrado todo o cuidado que ele tivera com ela nos últimos três anos. Um sacrifício inevitável pelo bem maior.

- Tá tudo certo aí, né? Ok então. - Perguntou para Aidan sem fazer muito caso, finalmente largando-o e se afastando em direção ao epicentro do desastre. No caminho, ergueu a mão em um gesto universal de desculpas para quem ainda olhava torto para a cena. Um gesto quase vazio, feito mais para evitar mais confusão; seus olhos buscavam outra figura na plataforma, e não demorou até que os cachos loiros aparecessem por ali também, emoldurando um rosto ainda lívido de preocupação.

Ajoelhando-se no chão, o holandês tateou brevemente a bolsa com a vassoura - ou os restos mortais dela, provavelmente irrecuperáveis. Contudo, antes que alguém tivesse tempo de perguntar sobre os cacos que ele carregava ali, Gerry ergueu-se como se nada estivesse acontecendo, encarando o lufano recém-chegado com um meio-sorriso lhe torcendo o canto da boca. - Entrada em grande estilo, hein, Weisman? - Não conseguiu deixar de rir e acenar para a cópia em miniatura do amigo, tão logo bateu os olhos na criança. Esfregou o queixo, pensativo. Aquilo daria trabalho.

- Ei, Sheppard. - Pendurando a bolsa no ombro, voltou-se para o canadense. - Salva a coruja do Gupta? A gente vai precisar dar um jeito nisso aqui, e rápido...
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Mensagem por Sam Gupta Seg Ago 06, 2012 8:46 pm

~ welcome back, mother***er


Sam não precisou ir muito longe para encontrar Adela. Não devia ter dado 30 passos quando localizou a cabecinha loira da namorada, dando tchau para a mãe. Melhor assim. Nada contra a sra. Burton – pelo contrário, ela era a autora de livros bruxos favorita de Sam e tudo – mas ele precisava desesperadamente beijar Delinha e seria bem desconfortável ter a futura sogra assistindo à cena de camarote.

Parou logo atrás da garota e esperou que ela se virasse de frente para ele, para então enlaçá-la pela cintura. — Então... enfim sós, hm? — E não deixava de ser verdade, pois mesmo que eles estivessem no meio de uma multidão de alunos e pais de alunos, no momento em que Sam capturou os lábios da menina com os seus, era como se todas aquelas pessoas tivessem desaparecido. Naquele instante havia apenas Adela; e no que dependesse de Sam, o mundo inteiro podia explodir e ele não se importaria, nem ia perceber.

Ou pelo menos era o que a imaginação romântica do garoto pensava. Porque na verdade o que aconteceu foi que ele desgrudou o rosto do da menina tão logo ouviu a barulheira de malas, malões e gaiolas de bichos se espatifando umas contra as outras bem perto deles, bem na direção de onde ele tinha deixado Aidan e Gerry – com o seu malão e a sua coruja.

Bem-vindo de volta a Hogwarts, Sanjaya Gupta. — Diga que as minhas coisas não estão no meio dessa confusão — resmungou o garoto meio para Adela, meio para Lord Shiva, já puxando a namorada pela mão na direção do estrondo.
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Mensagem por Kian Weisman Seg Ago 06, 2012 9:53 pm

Por um momento Kian respirou aliviado ao ver Gerry jogar uma bolsa na trajetória do carrinho de bagagem, no entanto, o que se desenrolou a partir daquilo acabou com qualquer ideia de se aproximar dos amigos enquanto ria, pedindo desculpa. Após driblar alguns bruxos que ignoravam o acontecido, curiosos que paravam para ver o resultado do acidente, o loiro pode ter maior noção do estrago que havia causado: algumas peças de roupa, materiais e até uma gaiola com uma coruja rolando pelo chão. Não pôde deixar de ficar apreensivo quando observou o grifinório tateando a bolsa que colocou como obstáculo do carrinho, imaginando que lá poderia ter algo frágil.

- Triunfal. - disse, envergonhado, respondendo ao que Gerry havia lhe dito, lançando em seguida um olhar de "foi mal" para Aidan. O irmão do inglês já dava sinal de vida em seu braço, mostrando-se incomodado com aquele movimento. Kian apoiou a mão livre na cabeça da criança, fazendo um barulhinho para acalmar o pequeno. Colocou os olhos nos pertences mais próximos - que não fossem os seus - e andou até eles enquanto Vakarian pedia ajuda ao lufano de cabelos negros. - Gente, sério, desculpa pelo transtorno.

Depois de ter empilhado três livros e levado para próximo do outro carrinho, olhou para os lados, desejando que seus pais estivessem ali próximo e se aproximassem para pegar o mais novo da família que, com uma carinha assustada, olhava atentamente para os garotos que tentavam arrumar aquela bagunça.

A bolsa de Gerry caiu novamente sobre os olhares do inglês, despertando a curiosidade e preocupação. Será que tinha quebrado algo? Kian não se sentiria confortável se tivesse prejudicado algo e não fizesse algo para corrigir seu insucesso. Juntou mais algo que havia sido espalhado e andou até o vermelho.

- Ficou algo de errado com o que tinha na bolsa?
Kian Weisman
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Mensagem por Aidan Sheppard Seg Ago 06, 2012 11:22 pm

.05


Não era todo dia que se tinha uma experiência de quase morte, então Aidan tinha aproveitado alguns poucos segundos depois de erguer uma mão para Kian e Gerry e assentir com a cabeça que tudo estava bem para simplesmente respirar. Observou, nesse momento, todo o desastre a seus pés, desde à coruja se debatendo na gaiola trombada e, finalmente, se deparou com a bolsa de Gerry atropelada pelo carrinho desgovernado.

Sabia o que tinha naquela bolsa e sentiu a culpa formigar dentro dele. A heroína de todos, aquela que impediu que fosse morto e que merecia dez minutos de silêncio era a bolsa onde ele guardava a vassoura e todos os apetrechos dela. E agora descansava pálida e morta no cimento da estação. Tinha que fazer alguma coisa sobre isso - e até sabia o que, mas isso teria de esperar até a chegada em Hogwarts, porque agora ele tinha duas malas para arrumar, uma coruja pra resgatar e mais uma lista de coisas que requeriam sua atenção.

A primeira coisa que escolheu fazer, porém, foi abrir um sorriso cheio de dentes e covinhas para a criança que olhava para eles com olhos enormes e assustados. Esticou uma mão na frente dos olhos dela, mexendo os dedos como fazia com a sua prima, e ouviu uns gorgolejos infantis de quase deleite quando o fez. Missão cumprida, ajeitou o casaco que tinha saído do lugar quando ele foi puxado por Vakarian de uma iminente e trágica morte e se preparou para resgatar a coruja antes que a coitada rolasse para os trilhos ou Sam Gupta notasse o acontecido - não sabia o que era pior.

O problema todo foi que, ao se virar para localizar a bichinha, tudo que seus olhos castanhos conseguiram ver foi Sanjaya Gupta se descolando de Adela Burton. Descolando, era essa a exata palavra, não conhecia outra melhor. Abriu os olhos de par em par, o piar desesperado da coruja passando batido por seus ouvidos, e tentou entender, de fato, o que estava acontecendo.

1- Sanjaya não parecia estar se afogando, sequer tinha alguma água por ali, então manobras de salvamento estavam fora de questão;
2- Os olhos dele não pareciam coçar, podia descartar um cisco dentro deles;
3- Não fazia ideia, realmente.

- Ô, Gerry... tem alguma coisa muito errada acontecendo aqui, cara. - ele deu uma cotovelada no amigo, esquecido da bagagem fazendo confetti no chão da estação. era justiça poética e divina por Sanjaya ter largado a mala ali, de todo jeito, depois de férias inteiras sem um sinal de vida. Não soube dizer, porém, se o holandês tinha visto o mesmo que ele, pois mais dois segundos e o indiano pareceu ter notado que sua coruja brincava com a gaiola como um hamster com uma rodinha e que todas as roupas e pertences que possuíam estavam fazendo uma exposição na King's Cross e logo ele começou a marchar na direção deles.

Aidan engoliu em seco, tinha medo do que Adela Burton poderia fazer com sua carcaça se pensasse que ele tinha provocado um acidente de propósito.
Aidan Sheppard
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Mensagem por Gerry Vakarian Ter Ago 07, 2012 2:33 am

Em meio ao caos na plataforma, com o zumbido da multidão, os sussuros e resmungos sobre o acidente e os piados estridentes da coruja de Sanjaya, Gerry Vakarian experimentou a primeira epifania de sua vida: os lufanos iam dominar o mundo. Não seria uma guerra ou qualquer coisa do gênero, não; os métodos deles eram muito mais escusos. Lufanos surgiriam de todos os cantos com suas caras de cachorros chutados e indefesos, pedindo desculpas por terem acidentalmente iniciado um genocídio. E a humanidade, de mãos atadas, os desculparia por isso e qualquer outra coisa que viessem a fazer.

Aos 16 anos, muito antes de conseguir corrigir o mundo como pretendia fazer, Gerry Vakarian viu-se cercado. Sua vassoura estava irremediavelmente estragada - horas e horas empenhadas em alinhar cerdas e polir a madeira jogadas fora. Calibragem? Pode esquecer. E tudo que ele via ao seu redor era um lufano com um ar absolutamente perdido e indefeso em seus grandes olhos escuros, e outro que parecia levar nos ombros toda a culpa do mundo, segurando um bebê.

Aquela gente jogava baixo demais até para os corações mais duros.

- Não, que isso. - Viu-se respondendo para Weisman como se não tivesse mais vontade própria. - Tá tudo certo. Se preocupa com o baixinho aí que a gente cuida dessa bagunça.

Foi quando sentiu o cotovelo de Aidan em suas costelas - outro hábito não exatamente bem-vindo a princípio, mas com o qual o grifinório acabou se acostumando ao longo dos anos. - Ô, Gerry... tem alguma coisa muito errada acontecendo aqui, cara. - E pelo visto tinha mesmo. Sendo um filho de auror e o outro filho de um comandante da Marinha, os dois garotos cultivaram desde novos o costume de se chamarem sempre pelos sobrenomes; com isso, o uso de um primeiro nome geralmente implicava em algo no mínimo sério.

- Que foi? - Virou-se para encarar o canadense e imediatamente seguiu o olhar confuso dele, para encontrar a fonte do problema: Adela Burton, na ponta dos pés, lábios ainda meio apertados em um biquinho, afastava-se de Sanjaya Gupta.

Sanjaya Gupta tinha acabado de beijar uma colega em plena plataforma.

Sanjaya Gupta, um dos três mosqueteiros, heróis da resistência, os estrangeiros que estavam decididos a levar os estudos em Hogwarts a sério de verdade. Nada de problemas, nada de garotas. Foco.

Sanjaya Gupta acabara de trair a causa.

- Gupta e Burton tão namorando, pelo visto. - Não havia sido exatamente intencional, mas a declaração escapou em um tom nefasto, pesado como uma sentença de morte.

Aquele dia - o começo do fim - não podia acabar bem.
Gerry Vakarian
Gerry Vakarian
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Mensagem por Sam Gupta Ter Ago 07, 2012 2:34 pm

~ all iz well (NOT)


Não, as coisas de Sanjaya não estavam no meio da confusão. Muito pelo contrário – com o choque do carrinho de Kian, as coisas dele estavam esparramadas por toda a periferia da confusão, suas camisas, livros e roupas de baixo praticamente formando um cordão de isolamento em torno das malas do outro lufano e da vassoura quebrada de Gerry (um minuto de silêncio por ela, leitores); a gaiola da pobre Garuda, ainda mais longe do epicentro do furacão, descrevia um semicírculo que tangenciava perigosamente a beira da plataforma.

E ninguém sequer tinha a pachorra de ajudar a recolher tudo.

— ... Eu saí de perto por um minuto, caramba — lamentou-se o descendente de indianos, quase arrastando pela mão a pobre Delinha, que não tinha nada a ver com aquilo. Um minuto. Como não havia muito remédio, Sam simplesmente balançou a cabeça e começou a recolher itens aleatórios em que tropeçava pelo caminho, jogando as roupas de volta no malão (mesmo estando virado de lado e, pelo jeito, empenado) e segurando os livros mal ajambradamente com um dos braços, apenas para desistir deles logo depois e entregá-los para a namorada (hey, na alegria e na tristeza, certo?) enquanto partia para socorrer a coruja e sua vassoura, os dois itens mais valiosos de sua bagagem.

— Shh, calma, garota, já passou — Com a Firebolt (milagrosamente intacta) embaixo de um dos braços, Sam ergueu a muito custo a gaiola de Garuda; a muito custo porque o pobre animal não parava de se debater e tentava bicar seus dedos. — Ouch, sou eu, Sanjaya, não precisa me atacar! Passou, passou. — Reconhecendo enfim a voz do dono, a coruja crocitou exausta e se encolheu no fundo da gaiola. —Tá tudo bem agora.
Sam Gupta
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Mensagem por Sam Gupta Qui Ago 09, 2012 10:23 pm

Spoiler:

Dez minutos antes, ele tinha uma bagagem arrumada, só esperando para embarcar a caminho de mais um ano na escola. Um minuto antes, ele tinha um malão empenado e roupas espalhadas para todo lado, emboladas com cadernos, livros e instrumentos quebrados de magia.

Agora? Agora Sam tinha uma pira fúnebre composta de 90% de seu material escolar.

Em estado de choque, tudo que o garoto conseguia fazer era olhar boquiaberto para a fogueira no meio da Plataforma 9 ¾. Sua Firebolt continuava guardada debaixo do braço direito e a gaiola de Garuda pendurada em sua mão esquerda, sacudindo de um lado para o outro com o pânico renovado do pobre animal, que aparentemente só escapara de virar churrasco de coruja por intervenção divina. Por entre as chamas, ele podia vislumbrar aqui e ali a estampa de uma camisa favorita e a capa de um livro de estudos cheio de anotações, encolhendo e sumindo num pedaço de fuligem.

Como se tivesse chegado perto demais do fogo, ele podia sentir seu sangue borbulhando.

Com a respiração ficando mais intensa (se por culpa da raiva ou da fumaça, ele não saberia dizer), os olhos de Sanjaya dispararam pelo clarão que se formara na plataforma, em busca do responsável. Quando encontrou a figura de Gabriella Alleborn num duelo sem fronteiras com uma garota sonserina, o que sentiu não chegou a ser surpresa; era mais decepção. Como se aquela tivesse sido a gota d’água (ou melhor, a fagulha) que faltava para estourar sua paciência com aquela que costumava ser sua melhor amiga.

Se lhe pedissem mais tarde para narrar a história toda, ele não saberia dizer, de tão focado que estava em cobrar satisfações de Gabi. Mas o fato é que Sam tivera a sabedoria de confiar a gaiola da coruja e sua vassoura a Aidan, sem dizer nenhuma palavra – e com isso gastou toda a sabedoria que tinha, pois deixou para trás a bagagem em chamas (ele nem percebeu, mas Gerry e alguns funcionários da estação tentavam inutilmente salvar alguma coisa com Aguamentis) e seguiu a passos firmes, sem enxergar mais ninguém, na direção de onde Gabi e a sonserina se engalfinhavam. Quando Anthony Blanche se plantou diante dele feito um muro, tentando afastá-lo dali, Sam ainda teve a presença de espírito de rosnar um “não precisa segurar que eu não bato em mulher!”, mas não tentou forçar passagem. Não foi preciso, pois no meio daquela briga de gatos Gabi percebeu a presença dele o bastante para gritar:

— NEM VEM QUE TOU OCUPADA QUERENDO MATAR UMA VACA! E FODA-SE QUE ELAS SÃO SAGRADAS NA SUA TERRA!

— NÃO QUERO SABER DE VACA NENHUMA, CARAMBA! — Sam não era de gritar, ou seja, a coisa era séria. — Você tacou fogo em TUDO QUE EU TENHO, e eu não tenho NADA A VER COM A SUA BRIGA!

— ENTÃO NÃO CHEGA PERTO AGORA! — Ela continuava tentando acertar Dolben (agora ele a reconhecia) com feitiços, com os braços e usando a varinha como uma arma branca. Sam, que nem sabia o primeiro nome da outra garota e imaginava que ela tivesse feito por merecer, não estava nem um pouco interessado naquilo.

— E AS MINHAS COISAS? Hein? Eu fico sem roupa, agora, né? Sem caderno, sem penas, sem porra nenhuma? — Sam também não era de falar palavrões, especialmente assim, em altos brados. A coisa era realmente séria.

— SAM, DEPOIS EU TE COMPRO CUECAS, SÓ CALA A BOCA! — E com isso ela finalmente conseguiu atingir a outra garota com uma azaração bem no meio da cara. O rosto da menina inchou, inflamou e um abscesso enorme surgiu em sua bochecha direita. — Viu o tamanho daquilo? — A grifinória se gabou, espanando a poeira da calça enquanto a vítima se afastava aos trancos e barrancos. — Eu sou um gênio, não sou?

Sam balançou a cabeça, incrédulo. Não tinha mais ânimo para gritar com a menina. Não parecia ter nenhum efeito, de qualquer forma. Soltando um riso pelo nariz de quem não via graça nenhuma na situação, baixou a voz até um tom sério. — É, Gabi. Um gênio. Um gênio que nem ao menos olha em volta pra ver o que tá acertando.

Houve um breve silêncio enquanto o público da briga das meninas se dispersava, restando apenas alguns curiosos e o grupo que já vinha acompanhando a grifinória. A explosão de raiva de Sam arrefecera tão rápido quanto lhe subira à cabeça, e agora restava apenas aquele mesmo sentimento de decepção do começo, sendo cozinhado em banho-maria na frustração de ver sua bagagem destruída. — Sabe do que mais, encheu, viu, Gabi. Eu tento ser teu amigo, mas com você fazendo essas coisas tá muito difícil. Eu não tinha nada a ver, caramba... — E puxou os cabelos para trás, num desespero contido.

— Acidentes de percurso... — Foi a justificativa dela, tão ingênua que Sam teve vontade de chorar e de esganá-la ao mesmo tempo. — Ern, eu vou pagar tudo, tá? Juro. Faça o que quiser, só não saia do time de quadribol!

— Imagina, Gabriella. Lógico que o Sam não vai sair do time, a gente não tem que chegar a uma decisão drástica dessas. — A voz de Adela, vindo logo detrás dele, devia ter sido um alento; mas agora, além da frustração, havia ainda a vergonha pela namorada ter que testemunhar aquela cena toda. Pelo menos alguém ali ainda tinha a cabeça fria. — Até porque, é lógico que você vai compensar os danos, certo?

Havia um quê de maldade no tom de Delinha, mas Sam não percebeu. Àquela altura ele só pensava em todos os seus pertences – coisas de pouco valor material, mas que já formavam parte dele: lembranças de casa, roupas de que gostava, itens que o acompanhavam desde os primeiros anos de Hogwarts ou mesmo recém-comprados para o novo ano letivo. — Hah, compensar os danos! Compensar os danos... tinha coisa ali que nem era minha, lembra da pashmina do meu pai? Pois é! Tava ali.

— Oh, Deus! A pashmina... Que dó. Eu adorava aquela pashmina. — A loira suspirou. Talvez aquele fosse um dos itens que mais doía ter perdido: era o lenço indiano que Delinha “roubara” dele no último inverno, no dia em que ele descobriu que estava apaixonado por ela.

— Claro que vou pagar! — Era Gabriella, de novo. Gritando com Adela. A raiva de Sam voltou. — Eu honro minhas dividas, tá bom? A gente faz um novo! Sei lá, manda os duendes fazerem. Deve sair melhor que o original!

O tom do descendente de indianos ao responder foi frio, por mais que seu sangue tivesse recomeçado a ferver. — Não é a mesma coisa, mas é o mínimo que você pode fazer.

— Viu só como as coisas se acertam, Grandão? — Dela tentou fechar o assunto com um tom mais alegre na voz. — O importante é a gente agora fazer uma lista com tudo que você perdeu e chegar a um acordo com os Alleborns - algo formal, de preferência. Porque... Bem, sabe como é, só garantia. Vai que alguma coisa sai dos eixos. Acontece, né? Assim você se resguarda e, se for o caso, sim medidas mais drásticas poderiam ser tomadas. Vovó conhece uns advogados muito bons, inclusive - e nem precisaria, na boa, porque você sendo nascido trouxa e indiano, nossa!, é causa... Ah, mas o que que eu tô dizendo, né? — Ela riu, abanando a mão. — Isso é totalmente desnecessário.

Até então Anthony havia permanecido calado, graças à mão de Gabi pousada em seu bíceps como se dissesse que aquela briga era dela. Agora ele aparentemente tinha cansado de assistir a tudo aquilo sem interferir. — Gupta, eu sinto muito, cara, mas você precisa reconhecer que não tem como ter sido proposital no meio de uma briga. — Seu tom, entre a fúria contida e a calma, até se assemelhava ao de Sam logo antes. O controle lhe fugiu, no entanto, ao puxar Gabriella para mais junto de si e dar um sorriso forçado dirigido diretamente a Adela. Desnecessário dizer que faltou muito pouco para que Sanjaya partisse para cima dele só por causa daquilo. —Mas perdão, advogados? Com os Alleborn, acho melhor seus parentes conhecerem um batalhão especialista em leis alemãs e que não seja suscetível a... — Franziu o cenho, buscando a palavra certa. — ... Maior remuneração? Até porque, não precisa ir tão longe assim, Adela! Nossos avós ainda estão aqui, e sabe de uma coisa? Eles também conhecem muita gente no Ministério da Magia inglês. Sua avó, inclusive, deve conhecer um inominável que tem por sobrenome Hathway. — Ele continuava com um tom muito suave e satisfeito, como se comentasse uma bela paisagem. — Posso chamá-los aqui agora e eles sacam o dinheiro em Gringotts e mandam vir seu material.

Para sorte de todos os envolvidos – em particular de Sam e Anthony, porque era pouco provável que qualquer um dos dois saísse inteiro de uma briga entre eles –, Adela não deixaria que o namorado se lançasse em sua defesa sem que antes ela tivesse a palavra final num confronto verbal. — Nem todo mundo é comprável, Blanche. — Havia uma nota de ofensa no tom dela, mas a garota mantinha a elegância. — Sem contar que, hoje em dia, não é pouca gente que adoraria defender uma causa nobre, mesmo que por motivos nem tão nobres assim...

— 'Tá vendo? — Claro que Gabi não aguentaria ouvir aquilo sem recomeçar a gritaria. — Por isso que eu disse que você ficar andando com ela era loucura! Nós somos AMIGOS e ela tá desconfiando de mim? Ela não sabe de que casa eu sou, não?

— AMIGOS NÃO ATEIAM FOGO NAS COISAS UNS DOS OUTROS. — Sam berrou de volta, e era verdade, e mesmo assim parecia que alguma coisa tinha mudado de lugar dentro dele.

— EU NÃO TENHO CULPA DA SUA INCAPACIDADE DE LANÇAR UM AGUAMENTI! E NEM SE VOCÊ COLOCASSE FOGO NA TORRE DA GRIFINÓRIA EU TE PROCESSARIA!

— Longe de mim desconfiar de você, Gabriella, por favor. — Adela revirou os olhos. — Mas a sua família não é só você. Só avaliando possibilidades.

— A Dela tá certa em querer botar as coisas no papel, sim. Do jeito que você é doida, acaba morrendo por aí e quem paga pelas minhas coisas?

— ... Sanjaya Gupta, você está mexendo com o meu orgulho. — A indignação na voz de Gabriella era palpável. A prova disso é que ela havia baixado o tom. Sam conhecia a garota bem demais para saber que ela tinha passado do ponto do desaforo juvenil de sempre; estava realmente ofendida. — Se a porra do dinheiro é importante assim eu te coloco no meu testamento, mas nunca mais olho na sua cara!

Sam queria gritar mil coisas de volta para ela. Teve vontade de dizer que ela devia mais era fazer isso mesmo, que talvez fosse até bom para a saúde dele – não teria mais que se preocupar em salvar sua própria pele, a dela mesma e a de sabe-se lá quantos inocentes que levavam as sobras quando ela encasquetava com seus planos loucos. Mas o grifinório ainda tinha autocontrole suficiente para morder a língua e não dizer nada. Pôs as mãos na cintura, bufou até que sua respiração voltasse a um padrão mais ou menos normal, e enfim disse com um suspiro desanimado: — ... Olha, eu só quero as minhas coisas, tá legal. Sem crise. Sem mais crise, quer dizer.

Gabriella cruzou os braços. — É o tempo de a coruja chegar com o dinheiro. — Então, mais calma, acrescentou: — Sério, cara, foi mal mesmo. Mas não deixa ela falar assim de novo. — Apontou com o queixo para Adela.

— Você pode falar direto comigo, Gabriella. — A sonserina disse em voz baixa, e só quem a conhecia tinha ideia de como aquilo a havia incomodado.

— Quando você aprender a não ofender meu orgulho a gente conversa. Eu assumo meus erros, Burton.

Sam balançou a cabeça. — Chega dessa briga, tá legal? A Dela tava tentando me ajudar, só isso. — E em seguida suspirou, deixando cair os ombros até então tensos. — Eu sei que você assume seus erros, Gabi. Só que não adianta muito dizer que foi mal e cinco minutos depois destruir tudo de novo. É difícil conviver com alguém assim.

— ... As coisas simplesmente acontecem. Você sabe minha filosofia, Sam: eu só quero aproveitar e experimentar tudo enquanto tiver chance. — Sim, ele sabia. O que não queria dizer que ele achasse que aquilo era bom pra ela. Mas se havia alguém que jamais dava ouvidos ao que os outros pensavam que era bom pra ela, esse alguém era Gabi. — Não vai mesmo me abandonar no time, né?

Sam hesitou por um instante muito breve. As palavras saíram antes que ele pudesse mudar de ideia sobre elas. — Não, no time não.

Ele não sabia o que doía mais – se o choque contido no fundo dos olhos de Gabi, se a própria constatação de que a amizade de cinco anos acabava assim. No fim das contas, o que doeu mesmo foi o tapinha nos ombros – débil, quase como se ela tivesse esquecido como fazer aquilo – e o tom de cansaço na voz da garota ao dizer, afastando-se: — Até mais, Gupta.
Sam Gupta
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Três Solteirões e uma Pequena Dama Empty Re: Três Solteirões e uma Pequena Dama

Mensagem por Kian Weisman Ter Ago 14, 2012 9:37 pm

Por um momento Kian Weisman sentiu-se menos culpado. Tudo bem que o feitiço bala perdido perdida que havia acertado maioria dos pertences de Sam Gupta não era boa coisa, contudo, podemos muito bem concordar que ter suas cuecas a amostra era menos desesperador do que ver elas espalhadas e queimadas. E ter causado só a primeira parte o confortava, afinal, problema agora era de quem havia feito uma fogueira com o material alheio.

O inglês não tinha mais nada o que fazer a não ser tomar conta da bagagem dos seus amigos. Acabou ficando sozinho com todas aquelas malas, inteiras ou não, por causa de mais fogo. Só que dessa vez chamas eram vistas no expresso. Desta forma, Kian não poderia, incrédulo, deixar escapar algumas palavras: o mundo vai acabar em chamas.

Adam, o irmãozinho, tinha deixado de lado a vontade de cochilar quando percebeu o primeiro incêndio. Havia desistido de dormir não por estar assustado com aquele acontecimento, pelo contrário, ficou todo animado, assustando o irmão mais velho, que teve que segurá-lo bem, pois parecia até que o pequeno queria saltar pro meio das chamas. E agora com o fogo no trem e a fumaça que saia pelas janelas, parecia que uma festa tinha começado. O mais novo se divertia com o corre-corre que se instalou na área de embarque. Adam estava com os braços levantados pra cima e demonstrava o quanto estava achando tudo aquilo divertido dando boas gargalhadas e, vez ou outra, espiando o rosto de Kian, deparando-se com um rosto de quem não acreditava em nada no que estava vendo.

E então o mundo pareceu voltar a ser real:

- Kian, você está bem? - Perguntou o pai do lufano, Noah. Atrás dele vinha Cathrin, mãe dos garotos, visivelmente preocupada, tomando em suas mãos o mais novo, cega pelos olhos de mãe, jurando que Adam estava assustado. O progenitor deu uma olhada rápida no segundo filho, despertando um sorriso em seus lábios. - E esses malões, de quem são?

- Ah, pai, os meninos foram ajudar e pediram pra eu ficar aqui tomando conta. E também estava com o Adam, não tinha pra onde eu ir. - Calou-se, olhando pro irmão e se divertindo, depois do susto, do comportamento dele.

- Meu Deus, o que deve ter provocado esse fogo? - Perguntava Cath, trazendo a realidade da estação pra conversa.

Ninguém respondeu nada. Apenas observavam as primeiras ações de alguns alunos e professores, afim de evitar algo pior, quando foram surpreendidos por bruxos de vestes negras surgindo na plataforma através de um portal. Aurores? Certamente. E tão eficiente quanto devem ser, logo deram conta daquele pequeno problema. Noah se afastou da família e conversou com um bruxo desconhecido, voltando logo em seguida com a informação de que o trem demoraria algum tempo para sair graças a uma ação que seria realizada por questões de segurança.

Kian pediu para que seus pais fossem embora. Alegou que ficaria bem e justificou a saída deles dizendo que seria cansativo para seu irmãozinho ficar ali por mais algumas horas, o que era verdade. Logo dava o horário de almoço de Adam e ele ia deixar de se divertir com a desgraça dos outros. E então com três beijos, um em seu pai, outro na sua mãe e por fim no irmão, Kian se despediu de sua família, ficando sozinho no meio de tanta bagagem e lembrando, depois de uma checagem rápida, que Garuda estava ali, talvez um pouco mais calma.

Ficou sentado em cima do seu malão, apoiando o queixo com uma das mãos, que por sua vez tinha o braço em cima de um dos joelhos. Observava a movimentação, sem pensar nada em específico, apenas contando os minutos que se passavam. Até que seus amigos voltaram, organizaram tudo e, quando liberado, levaram para o vagão onde ficariam as bagagens pesadas, as malas mais pesadas.

Kian permaneceu apenas com uma mochila e seguiu em direção de um vagão diferente ao que seus amigos seguiram, informando que encontraria com eles mais tarde.

A RP pode ser encerrada.
Kian Weisman
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