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Since I've Been Loving You

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Mensagem por Isadore Baudelaire Sáb Set 29, 2012 12:31 am

Status: RP Fechada
Data: 04 de Setembro.
Local: Entrada do Salão Principal
Participantes: Charles e Isadore Baudelaire

Carta de Leslie e Angélique Baudelaire, as mães:

Quando Takamiya terminou de ler a carta para ela, Isadore estava em um misto de desdém e ódio tão grande que nem conseguiu ser grossa com o “japonês”. Chegou até ao extremo de agradecer a ele pelo favor e se afastar para o seu dormitório, com o pergaminho amassado na mão. Seu primeiro pensamento foi, claro, o de ignorar por completo cada sílaba que sua mãe e sua tia/sogra escreveram para ela, afinal, o machismo que assolara a família por tantos anos já perdurava por um tempo imperdoável. Além disso, não seria submissa, e sabia muito bem que não era isso que Charles esperava dela. Se ele queria alguém meigo, doce e delicado, certamente estaria com uma lufana, e não com ela.

De repente, deu um tapa na própria testa, com força. Estava deixando as ideias de suas mãe e tia contaminarem seus pensamentos. Eles não estavam juntos. Tudo que tinha acontecido entre eles foi um único beijo, há um dia inteiro, e nem tinham se falado desde então, porque eram de anos diferentes, sentavam-se em mesas diferentes e...bom, honestamente Isadore não sabia como deveria se comportar perto dele depois de ter confessado que o amava, então talvez estivesse o evitando um pouco. Poderia ter se aberto para Kayra e Roxanna, perguntando como deveria prosseguir, mas sempre hesitava e acabou não achando tão bem vinda assim tamanha intromissão na sua vida e nos seus sentimentos. Tudo que sabia é que tinha que lidar com isso de uma vez, porque já estava com saudades do primo.

Foi então que começou a considerar a carta. Não era insegura, pelo contrário, mas e se elas estivessem certas? Além disso, de alguma forma alguns pontos dos conselhos das duas vieram a calhar, por realmente responderem como ela deveria se portar dali em diante. Com base nisso, mas já achando tremendamente estúpido, levantou-se e rumou em direção às cozinhas de Hogwarts. Nunca tinha estado lá, então precisou da ajuda da visão de Méduse, a sua cobra, para não se perder em meio aos corredores, uma vez que, quando se concentrava, conseguia ver o que ela via. Requeria muito da sua concentração e era muito cansativo - motivos pelos quais quase nunca recorria a este artifício - mas às vezes não tinha outra escolha.

A noite apenas começava a surgir no horizonte quando entrou na cozinha, de modo que não precisou esconder-se ou preocupar-se em ser pega pelos corredores. A única coisa que a incomodava eram os elfos domésticos, porque os achava irritantes, por mais que não chegasse a detestá-los. Diferentemente dos sangues-puros pouco inteligentes que, por mais raros que fossem, existiam, Isadore gostava de ter alguém servindo obedientemente as famílias respeitáveis da sociedade bruxa, e ninguém melhor que os próprios elfos para isso. Tendo tudo isso em consideração, fez somente o que eles queriam que ela fizesse, mesmo que agora fossem, blé, remunerados: deu ordens.

Mandou que pegassem os ingredientes para ela, recusando veementemente qualquer tipo de ajuda, e tentou preparar um bolinho. Sabia a receita de cór já que, ainda que não prestasse muita atenção, sua mãe tentou ensiná-la a cozinhar por diversas vezes quando era criança, porque ela considerava que todas as mulheres devem saber se virar na cozinha, mas era muito penoso cozinhar sem enxergar o que estava fazendo. Tinha que tatear toda a massa, por exemplo, para ter certeza que não tinha deixado cair cascas de ovos, e cheirar os ingredientes mil vezes, tentando identificá-los antes de despejar na mistura - o que provou ser um problema, no caso da farinha.

Quatro horas e pelo menos seis fornadas de bolinhos péssimos depois, em estado de cólera, completamente suja e com um corte no indicador, jogou toda mistura na parede e conteve um berro por muito pouco. Amaldiçoou pela milésima vez a ideia estúpida que tivera e rumou decidida em direção a porta, mas tropeçou no pé da mesa e caiu com o tronco no chão. Com os olhos cheios de lágrimas, deitou a cabeça e respirou fundo. Elfos, repito ELFOS conseguiam fazer um bolo, e ela não. Isso era inadmissível.

No fim das contas, o sol já começava a raiar quando finalmente conseguiu fazer um único bolinho que tinha consistência razoável e não parecia ser capaz de quebrar os dentes, caso alguém decidisse mordê-lo. Já exausta, embalou a sua obra de arte em um papel macio, cuja cor tinham dito para ela que era azul, e saiu da cozinha, deixando um verdadeiro cenário de guerra atrás de si. Cinco minutos depois de ter se deitado, ouviu o despertador de alguma colega de dormitório tocando, e logo toda a movimentação das colegas se levantando, e tudo que conseguia pensar era: “EU ODEIO TODOS OS BAUDELAIRE”.

No entanto, a todos os demais seres humanos do planeta, parecia que absolutamente nada de diferente havia acontecido com ela, quando desceu ao salão principal para o café da manhã. Seu cabelo estava limpo e maravilhoso, como sempre, suas vestes no mais perfeito alinhamento, e as olheiras que por ventura pudesse apresentar - não sabia se as tinha, mas resolveu prevenir - tinham sido cuidadosamente escondidos por produtos de beleza bruxos. Seu humor, por outro lado, estava especialmente ácido, mas não precisava de muita coisa para que esse efeito fosse despertado, então também estava dentro da normalidade.

A única coisa diferente era o bolinho nas suas mãos. Na verdade, já estava arrependida no momento em que colocou os pés para dentro do salão, e sentia que o estúpido do bolinho era como um cartaz na sua testa escrito “eu sou ridícula”, e estava pronta para dar meia volta e arrumar o lixo mais próximo para se livrar daquilo quando sentiu que Charles aproximava-se dela, porque, pelo jeito, ainda não tinha descido para o desjejum. Já estava nervosa o bastante por conta do beijo e da confissão, então ficou realmente rubra, escondendo o objeto maior de sua vergonha atrás do corpo e apenas esperou que o primo passasse direto por ela.

No entanto, a ideia de que passaria outro dia inteiro sem trocar uma palavra sequer com ele não permitiu que mantivesse seu plano, e antes que pudesse pensar direito no que estava fazendo, deu um passo na sua direção e falou, com um tom de voz extremamente tímido:

- Bom dia, Charles.

Resumo:
Isadore Baudelaire
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Mensagem por Charles Baudelaire Sáb Set 29, 2012 2:24 pm



Desde quando o beijo tinha acontecido na festa da banda Brotherhood, eu andava tendo sérias crises existenciais. Não só porque a atitude tinha sido completamente atípica de minha parte, como também porque eu tinha, claro, gostado. O pior de tudo nem era a ação ter ido contra a minha natureza, mas sim as preocupações frívolas que passaram a preencher minha mente: se Isadore tinha apreciado tanto quanto eu - ok, ela tinha declarado que me amava, mas ainda assim -, como as coisas ficariam entre a gente depois daquilo, se isso significava que estávamos namorando (?), enfim, eu tinha a experiência de uma tilápia no quesito "romance" e estava muito perdido na realidade.

A concentração nas aulas de segunda tinha sido precária, os livros pareciam repentinamente pouco interessantes - o que, considerando meu histórico e, enfim, a minha vida inteira, era algo além do absurdo - e, pra piorar, sem saber como proceder naturalmente com meu dia-a-dia, acabei por enviar uma carta a meu pai, na esperança de que ele, em sua magna sabedoria e experiência matrimonial, explicasse pra mim o que fazer depois daquele ato maravilhosamente impensado.

Alain me respondera não só me dando congratulações como também me instruindo a tratar Isadore como o que ela era: minha noiva e futura esposa. Era o fim do mundo. Um pesadelo obscuro, terrível e cavernosamente real, tanto quanto fora naquele mesmo dia, no domingo, quando me deitei no dormitório da Corvinal e demorei horas para dormir. A sensação dela era uma constante que prejudicava meu raciocínio pra tudo, e a cada hora que passava eu mais me sentia confuso, indeciso entre um sentimento de raiva por de repente parecer tão vulnerável e sentimental; e de contentamento, por involuntariamente notar que eu também a amava - o que eu não tinha dito e não pensava em dizer nunca.

Por causa disso tudo eu a estava evitando, porque não tinha a mínima ideia do que faria ao encontrá-la - e a mera perspectiva de não prever meus próprios movimentos e ações era assustadora. Entretanto, naquela manhã quando acordei para tomar café no Salão Principal, foi Isadore a primeira figura que notei, vindo em minha direção. Senti meu maxilar se tornar mais rijo que uma rocha e as palavras se embaralharem na minha cabeça.

Já ela estava mais vermelha que um pimentão e, céus, eu nunca ia entender aquela reação. A compreensão de que as pessoas quando estão envergonhadas ficam rubras já estava clara pra mim, mas do que Isadore tinha vergonha? Eu estava fazendo alguma coisa errada? Franzi o cenho, então, não deixando de reparar que ela tinha os braços para trás.

- O que você está escondendo? - Foi tudo o que respondi ao seu "bom dia" educado, parecendo mais rude do que o normal sem querer.

Ela arqueou uma sobrancelha, ficando menos vermelha agora, e disse: - Não quero falar sobre isso.

- Vai ficar com os braços pra trás eternamente então? - Persisti, cerrando os olhos. De repente, fiquei mais à vontade falando de qualquer coisa do que tendo que lembrar do ocorrido de domingo. Aliás, tinha o medo inconfesso de que ela resolvesse abordar esse assunto.

- Não, só até achar um lixo...

Mas eu estava curioso demais, então tratei de, num gesto rápido, puxar seus braços para frente e obrigá-la a revelar o conteúdo de suas mãos, o que acabou fazendo o dito cujo quase cair no chão, inclusive. Era... um bolinho? Sabia que ela não poderia ver minha expressão de pura confusão, mas a fiz mesmo assim. Isadore era tão esquisita às vezes. Eu não só não tinha entendido por que ela havia enrubescido como agora havia também aquela enorme interrogação: por que diabos ela estava me escondendo um pedaço de comida?

Tomei o bolinho de sua mão e analisei-o. Tinha um cheiro bom, mas a aparência nem tanto.

- É pra mim? - Meu tom de voz beirava a graça naquele momento, já que, intrigado com todo aquele contexto, eu era incapaz de ser ou soar rude.

Ela soltou um bufo, dizendo: - Esquece o bolinho! - E avançou em minha direção com os braços estendidos, mas eu, mais esperto, escondi-o atrás de meu corpo, o que acabou por obrigá-la a por as mãos em meu peito. Distraído ainda com a percepção de que ela realmente tinha me trazido um presente, nem me atentei ao toque.

Na verdade, comecei a rir.

- Shhh. - Pedi silêncio. - Deixe-me ver... - E afastando-me das mãos dela para garantir que ela não pegasse o meu bolinho, dei uma mordida na massa. E não é que tava gostoso mesmo? Não tanto quanto o que os elfos domésticos faziam para os banquetes, mas eu até então desconhecia as habilidades culinárias de Isadore, portanto só me restava ficar surpreso com elas. Mastiguei, engoli e disse: - Até que não tá tão ruim.

É claro que eu não ia inflar o ego dela dizendo que estava delicioso, achei inclusive que o elogio tinha sido suficiente. Mas Isadore tratou de mudar de assunto, cruzando os braços e perguntando se eu havia recebido alguma carta de nossas mães. Ergui as sobrancelhas e mordi mais um pedaço do bolinho, o que me fez demorar um pouco para responder:

- Não, recebi de meu pai. Por que? - Outro pedaço. Mas dessa vez falei de boca cheia, para garantir que ela não me respondesse antes que eu completasse o questionamento: - Acontefeu alguma coifa? O que elaf queriam?




Resumo: Passando por uma verdadeira crise existencial, Charles finalmente encontra sua prima depois de passar um dia e meio evitando-a. Recebe um bolinho de presente, do qual gosta muito mas não confessa, e depois os dois conversam "normalmente".
Charles Baudelaire
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Mensagem por Isadore Baudelaire Sáb Set 29, 2012 4:36 pm

Resumo:

Isadore sentia vontade de abrir um largo sorriso, o que provavelmente pareceria assustador para um transeunte desavisado, afinal, poderia contar nos dedos de uma única mão quantas vezes tinha feito isso no último ano. A sonserina começava a cogitar se seus dias de longas e dolorosas discussões com Charles agora faziam parte do passado, e, se fosse assim, provavelmente poderia desfrutar ao máximo de sua companhia, o que até então não conseguia fazer. No entanto, com a pergunta dele, todo seu bom humor foi substituído por um clara tensão. Se comentasse o teor da carta, consequentemente falariam sobre o que aconteceu depois da Trasgo Nas Masmorras, assunto esse que era muito delicado e sobre o qual ainda não se sentia pronta para conversar. Por este motivo, apenas rebateu a pergunta do primo com outra:

- Espera. Tio Alain escreveu para você? Sobre o quê?

- Sobre... laços matrimoniais - a resposta de Charles a deixou muito preocupada, então precisou confirmar, mesmo que lhe parecesse óbvio:

- Sobre... nós dois, então? - perguntou, ao mesmo tempo hesitante e ansiosa. A resposta do primo veio na forma de um “sim” seco. - Sei...- então ela passou a mão na cabeça, sentindo o coração investir com força no peito. Era muito incômodo imaginar que seu tio estava falando sobre ela assim, com Charles. Será que ele estava alertando o filho sobre como Isadore seria uma péssima esposa? Depois, a garota pensou duas vezes: tio Alain sempre pareceu apoiar a união dos dois, tanto quanto qualquer outro Baudelaire. Finalmente, depois de um silêncio constrangedor que pairou entre os dois, a sonserina perguntou:

- Você tem alguma ideia de como eles ficaram sabendo? - “Se tiver sido Takamiya eu juro que escalpelo aquela anta”, pensou, fechando o punho. Não preciso nem dizer, portanto, o tamanho da surpresa de Isadore para a seguinte resposta:

- Eu enviei uma carta. Mas não quero falar sobre isso.

- Você?! - Isadore perguntou, sentindo uma onda de fúria dominá-la por completo. Tudo tinha acontecido, então, porque Charles queria cumprir o seu papel de bom filho, e depois ainda enviou um relatório contando que sua missão tinha sido bem sucedida? - Eu, por outro lado, quero falar sobre isso. - ela retrucou, avançando outro passo na sua direção - Por que você fez isso?

- Não é da sua conta - a irritação na voz de Charles era notória, mas ainda assim não parecia ser superior à que Isadore sentia, então ela continuou:

- Como não é da minha conta? Foi você que pediu pra sua mãe escrever para mim também?! - a garota agora gesticulava, coisa que ela nunca fazia. Boa coisa isso não poderia significar.

- Eu não falei com a minha mãe. Se você quer tanto saber a razão, eu fiquei confuso e procurei conselhos do meu pai. Não é culpa minha o que quer que tenham mandado você fazer

Na verdade, era culpa dele sim - tudo era culpa dele, como sempre - mas ela não comentou o fato. Ergueu o indicador, com os lábios entreabertos, pronta para respondê-lo com grosseria, mas tornou a fechar a boca e fez uma careta, como se estivesse remoendo o que Charles tinha dito. Finalmente, com as bochechas voltando a esquentar, perguntou: - Confuso?

- Eu já disse que não quero falar sobre isso - Ele respondeu, antes de acrescentar, claramente de boca cheia. - Ferá que pofo comer meu bolinho em paf?

Isadore, contudo, ignorou por completo a sua indignação acerca do bolinho, porque começou a pensar se os dois não estavam passando exatamente pela mesma coisa. Ela também estava confusa, e também quase pediu conselhos. Tinha até feito um bolinho, pelo amor de Deus. O que viria depois? Costuraria suas cuecas? Logo os dois, que eram tão acostumados com a presença e os gênios terríveis um do outro, de repente se deixando influenciar pelo que os outros diziam? Isso lhe parecia errado. Sorriu discretamente e levou uma mão em direção ao tórax de Charles. Tocá-lo era uma experiência nova, mesmo que já tivessem se beijado, e ambos coincidiam no fato de não permitirem com facilidade que outros se aproximassem tanto assim. Foi, portanto, com extremo cuidado que deslizou a mão para os seus ombros, e então por toda extensão de seu braço, até que alcançou a sua mão livre, sentindo seus dedos se tocarem com leveza. Não chegou a tomá-los para si, contudo, e logo já tinha recolhido o braço

- Não precisamos falar sobre isso - pela segunda vez em menos de uma semana, Isadore tinha na sua voz algo que a remetia à garotinha que um dia fora. Ela exprimia todo carinho e até certa devoção, que, a despeito de tudo que fazia para ocultá-los, sentia por Charles. Diferente de quando era inocente, contudo, não demorou para perceber que sentia vontade de beijá-lo outra vez, o que que era no mínimo constrangedor. Algo realmente havia mudado entre os dois, e não havia como ignorar isso.
Isadore Baudelaire
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Mensagem por Charles Baudelaire Sáb Set 29, 2012 10:02 pm



E de repente o assunto da carta pareceu ganhar muito mais importância do que eu esperava. Se soubesse que o fato de que eu tinha sido o "delator" do ocorrido de domingo fosse tão significativo para Isadore, teria poupado toda a discussão que se seguiu com uma mentira simples. Como eu não esperava aquele tipo de reação, porém, até porque nem tinha ciência que meu pai havia espalhado a notícia para a família inteira, não consegui evitar ficar irritado. Ainda não gostava de fugir ao controle das minhas emoções, então por mais que Isadore claramente quisesse argumentar e contra-argumentar sobre o assunto, tentei canalizar todo meu estresse para que a indignação de minha prima não afetasse o sabor do bolinho.

Acabou que deu mais certo do que eu imaginava (ou não), porque Isadore não só cessou o interrogatório como resolveu me alisar. Ela não podia ver, mas eu ficava da cor do brasão grifinório enquanto seus dedos passeavam pelo meu corpo por sobre o uniforme - que era só uma blusa social branca e uma gravata azul-e-prata (fora a calça e o sapato), ou seja, o toque era quase nu -, e estive prestes a me esquivar se ela não tivesse logo encerrado o contato. Eu ainda não estava acostumado com ele e, ao se levar em conta os últimos acontecimentos, toda aproximação de Isadore poderia ser catastrófica.

Limpei a garganta para por os pensamentos em ordem e disse, em seguida:

- Onde está o cão? - Eu não tinha a mínima curiosidade em saber aonde Takamyia havia se metido, mas foi a primeira coisa na qual pensei para desviar minha atenção do arrepio que ainda percorria minha nuca e da enorme vontade de beijá-la.

- Não vi. - Ela respondeu, fazendo piada.

Eu sorri em resposta achando graça e confessei, mentalmente, que me entristecia o fato de Isadore não poder ver minhas expressões, o que eu sempre aproveitava para tirar vantagem em nossas várias discussões, mas que agora me parecia um enorme desalento. De repente, todas as alfinetadas que eu já tinha feito sobre sua cegueira me pareciam extremamente cruéis.

- Sente-se comigo. - E, por fim, dei a última mordida no bolinho, sentindo-me satisfeito e pouco desejoso de incrementar aquele café-da-manhã, mas ciente de que não sentar-me à mesa significava invalidar meu convite e, portanto, perder a companhia de Isadore.

Ela aceitou a minha tentativa de convidá-la e, apoiada ao meu ombro, seguiu-me até a mesa da Corvinal, onde vários outros alunos já se apeteciam com suas tortas, bolos e outros aperitivos. Eu, sinceramente, não fazia a mínima ideia do que estava fazendo e do que poderia fazer em seguida, então me mantive em silêncio o máximo de tempo que pude, até que este se tornou muito constrangedor quando estávamos lado a lado, principalmente porque a proximidade dela me incomodava de um jeito muito diferente do que eu estava acostumado e eu temia que se ficássemos muito tempo mudos, meu corpo passaria a responder sozinho pelos meus atos.

- Quer falar sobre o que aconteceu? - Éramos obrigados a convir que mais cedo ou mais tarde teríamos de falar sobre o beijo e eu não sabia quanto a ela, mas aquilo era tudo no que eu mais conseguia pensar nas últimas horas.

- Acho que eventualmente isso se fará necessário.

Primeiro eu franzi o cenho, certo de que ela ia sim querer falar sobre o assunto (oras, não fora ela própria que arrumara a maior confusão por causa da carta?), depois sorri - era o que eu fazia quando tinha vontade de rir - ao perceber que ela só estava fugindo do assunto por nervosismo. Sentindo-me surpreendentemente mais à vontade depois de notar o contrário por parte dela, inclinei-me em sua direção, enquanto ela ainda estava de lado pra mim, só para dizer baixinho em seu ouvido:

- Ótimo. - E voltei à minha posição original, pegando uma taça para me servir de um suco qualquer. - Suco? - Perguntei, disposto a servi-la também.




Resumo: Depois da breve discussão da carta, Charles se sente desconfortável com o toque da prima, mas sabe que no fundo gosta; em seguida, convida-a para sentar-se junto a ele na mesa do café da manhã.
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Mensagem por Isadore Baudelaire Dom Set 30, 2012 12:20 am

São incontáveis as vezes em que foram forçados a tomar café da manhã juntos, sempre lado a lado, exatamente como estavam naquele momento. Quase sempre, seus pais teciam comentários sugestivos sobre como formavam um casal harmônico, mas tanto Isadore quanto Charles conseguiam ignorar todos eles com tamanha facilidade que era como se sequer os ouvissem. Naquela manhã, contudo, sentia-se como se estivesse à mesa com o presidente, tão grande era seu nervosismo. Se minutos atrás chegara até a arriscar uma piada, agora voltava a uma postura levemente mais reservada e formal, isso porque estavam tão próximos e sentia seu cheiro com tamanha nitidez que era como se estivesse com o rosto enterrado em uma de suas camisas.

Além disso, não conseguia sentir-se confortável com as próprias mãos, já que, independentemente de como as posicionasse, acabava com suas palmas viradas para cima, quase como se esperassem que Charles as segurassem. Ainda estava concentrada nesse problema quando o primo perguntou se ela queria conversar sobre aquele assunto, então acabou sendo pega de surpresa e sua resposta acabou sendo mais fria do que planejava, do que logo arrependeu-se. Não voltaria atrás, contudo, então apenas cruzou os braços, o que não era verdadeiramente educado, mas resolvia seu problema com as mãos, e esperou até que aquele assunto se dissipasse.

- Suco? - Ele perguntou, para o seu alívio. Isadore, que procurava ao máximo evitar que a ajudassem, mas faminta como estava - já que passou a noite em claro e não comia nada desde o lanche da tarde do dia anterior - logo tratou de estender as mãos para a jarra de suco, enquanto dizia:

- Eu mesma me sirvo, obrigada - e sorriu de leve, tentando parecer menos orgulhosa, embora soubesse bem que esconder qualquer aspecto de sua personalidade para Charles seria inútil. Segurou o copo com a mão esquerda e tentou segurar a jarra com a direita, no entanto, esta estava bem mais pesada do que Isadore previra, e isso, além do evidente cansaço que diminuía seus reflexos, fizeram com que ela manobrasse a jarra de maneira verdadeiramente desastrosa, então grande quantidade de suco escorreu para fora do próprio copo. Soube logo disso porque sentiu sua mão ficando encharcada.

Respirou fundo e ficou alguns segundos imóvel, como se esperasse repentinamente perceber que isso não tinha acontecido. Em seguida tomada por uma constatação súbita e terrível, fechou lentamente os olhos. Não conseguia ver, mas era evidente que, como a jarra estava bem mais próxima de Charles que dela, havia uma chance enorme de ter dado um banho de suco no seu noivo. Para confirmar suas suspeitas, tateou a toalha de mesa, acompanhando com os dedos até onde ia o tecido molhado, e realmente grande parte desaguava na direção de Charles, enquanto nem uma gota sequer havia caído sobre ela mesma.

Não sabia o que esperar como reação da parte dele, porque, considerando tudo que já haviam dito um para o outro, sabia que o monitor suspenso da Corvinal sabia ser bastante imprevisível. Além do mais, reconhecia que ficar com um líquido doce nas vestes não era a sensação mais maravilhosa do mundo, então nem tiraria a sua razão, caso ele implicasse com ela - o que, é claro, não significava que daria o braço a torcer.

Antes que Charles pudesse dizer qualquer coisa, ou que ela pudesse medir com mais lucidez as suas ações, Isadore, que estava à direita do primo, pousou os dedos da mão direita muito suavemente no joelho do rapaz, só para sentir se as pernas dele tinham se molhado e sem qualquer tipo de segundas intenções. Acabou ficando com o corpo levemente voltado para ele, mas não havia arquitetado isso: só estava com a mão esquerda toda molhada, e, portanto, não queria sujar o primo caso ele estivesse limpo. No entanto, seu comportamento até então inocente transformou-se em uma dúvida muito interessante, porque logo percebeu o que o primo não reagiu ou sequer disse coisa alguma sobre a situação toda, e ela começou a perguntar-se o porquê.

Resolveu, então, colocar um pouco mais de pressão nos dedos, mas só a nível de teste, porque já tinha percebido que o seu joelho estava sim um pouco úmido, mas nem assim Charles disse coisa alguma, e convenhamos, ele nunca tinha sido o tipo de gente que se abstém de falar. Um sorriso praticamente imperceptível contornou seus lábios, e ela estava tão empolgada diante da sua possível descoberta que sequer sentiu-se envergonhada.

- Te molhei muito? - ela sussurrou, já retirando a mão do joelho de Charles, mas não havia qualquer tom de culpa ou preocupação na sua voz. Ela estava claramente se divertindo.

- Não... - Charles respondeu, de forma vaga e distante. Isadore deu um riso breve e maldoso, antes de levar a mão lentamente em direção ao meio da coxa de Charles. Nunca foi sua intenção tocá-lo, contudo, porque isso já seria ultrapassar seus próprios limites, então só queria saber se ele iria tentar pará-la. - Onde está molhado?

Foi quando o rapaz levantou-se de uma vez, o que percebeu porque sentiu um dos braços dele passando pelo seu ombro. Veja bem, Isadore era um pouco tímida, até poucos dias abominava qualquer forma de contato humano e tinha experiência nula com rapazes, mas tinha uma mente mordaz e sabia detectar as fraquezas de alguém quando elas se apresentavam com tamanha clareza para ela. Se Charles resolvesse fazer alguma coisa, como agarrá-la, ela estaria em grandes apuros. Provavelmente sairia correndo em pânico pelos corredores, mas enquanto ele permanecesse assim tão sensível ao seu toque, ela ainda estava protegida.

- Eu mesmo me seco - ouviu o primo dizer, então apenas virou-se de frente para a mesa e tentou alcançar alguma coisa para comer, com sua felicidade facilmente perceptível, até por ser atípica. - Da próxima vez, deixe-me servir o suco - ouviu o primo dizendo, enquanto ele se sentava novamente.

- Mas eu faço questão - ela respondeu, ainda contente. Ok, talvez estivesse abusando demais da própria sorte, mas não tinha como evitar.


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Mensagem por Charles Baudelaire Dom Set 30, 2012 1:22 am



Eu tinha me esquecido do quanto Isadore era orgulhosa, principalmente no que dizia respeito à sua cegueira, e por isso não me senti ofendido quando ela mesma resolveu servir-se. Aguardei, aproveitando aquele brevíssimo momento para já pensar no que falaria depois que a ação terminasse, mas meu raciocínio foi bruscamente interrompido quando Isadore teve a terrível incompetência de derramar o líquido todo em mim.

Olhei pra ela com o mais profundo desgosto, afinal, se ela tivesse sido menos cabeça-dura e me deixado servi-la, aquilo jamais teria acontecido. Só que ela não podia ver meu olhar, então ele de nada adiantava. Além do mais, um feitiço básico secaria minhas roupas, não havia por que me alarmar. Ainda assim, esperei ao menos um pedido de desculpas por parte dela, que veio de uma forma muito mais prática que verbal: Isadore tocou meu joelho, primeiro de leve - até aí, eu só tinha me retesado, natural - e depois apertou o local. À essa altura, eu já tinha atingindo um tom fúcsia.

Como eu não estava nada habituado a contatos, principalmente vindos dela, e como eu tinha acabado de sofrer um leve colapso ao senti-la alisar meu braço e ombro, a atitude de Isadore era suficiente para causar um pane no meu sistema. Mudo, esperei que ela acabasse com aquela tortura. Sim, era torturante ficar paralisado: parte de susto, parte de medo por não conhecer a sensação, parte por estar gostando e parte por ficar confuso por estar gostando. Quer dizer, eu ia sofrer um piripaque.

E não bastasse minha situação totalmente vulnerável, minha prima, já ciente de que tinha um poder enorme nas mãos - no bom sentido da expressão -, resolveu dar um sorrisinho macabro (que eu gravei bem na memória) e terminar aquela crueldade levando a mão ao meio de minhas coxas. Aquilo não teria problema nenhum se fosse em um universo paralelo. Naquela realidade, porém, o calor das mãos perigosas de Isadore eram suficientes para despertar em mim reações que eu não conhecia, mas que sabia serem normais de meu corpo.

Pouco disposto a passar por aquele tipo de vergonha em pleno Salão Principal, levantei-me bruscamente para poder me livrar das mãos daquela víbora. Serpente. Diaba. Maldita. Odiei-a imensamente naquele momento, tanto que poderia lançar-lhe um feitiço bem na cabeça e nem precisaria pegar minha varinha para isso. Isadore não tinha só me constrangido a nível máximo, mas também havia tocado num ponto com o qual eu ainda não estava preparado para lidar, não só por causa da minha experiência nula no assunto e da minha idade pouca, mas também devido ao fato de que, bem, era ela quem o fazia. Não bastasse que tivéssemos nos beijado? Podíamos continuar mantendo minha castidade intacta, não?

Ainda irritado, sequei minha calça e a aba de minha blusa murmurando um feitiço sem a varinha e depois sentei-me novamente. Só que mesmo que o assunto masculinidade ainda fosse novidade pra mim, eu era inteligente o suficiente para saber que, conhecendo minha prima, essa mesma perspectiva era assustadora para ela. Se ela achava que podia brincar com fogo - ou seja, amedrontar-me, judiar-me e abusar do meu corpo - e sair ilesa, estava muito enganada.

Eu estava longe de ser fisicamente vingativo. Não tinha a menor intenção de agredi-la ou xingá-la. Ao contrário disso, fui subitamente tomado por uma tranquilidade imensa, de repente certo de que se ela pensava que tinha encontrado meu ponto fraco (e tinha mesmo), estava sendo completamente ingênua. Eu era o homem. E ela era mais nova. Eu tinha o poder, só não sabia usá-lo porque até então ele me apavorava. Agora, porém, movido pela vingança, eu ia torturar Isadore até que ela implorasse por perdão. Só esperava que o tiro não saísse pela culatra, porque eu ainda era virgem até a alma.

Ela ainda estava com aquele ar contente, muito atípico de seus trejeitos, que era como um letreiro em neon em sua testa: “Você é meu escravo” - pelo menos era o que minha mente neurótica imaginava -, mas eu fui bem rápido em colocar meu plano em prática, pra tirar aquele sorrisinho de sua face:

- Bolo de nozes. - Falei, parecendo meio louco. Dei uma pausa para deixá-la confusa e prossegui, enquanto me servia de pedacinhos de brownie. - Quero bolo de nozes no nosso casamento.

Ela se engasgou com alguma coisa e disse, arfante: - Casamento?

- Sim. O nosso. Quando nos formarmos, lembra-se? - Comi um quadradinho do brownie, distraído como se aquele fosse o assunto mais banal do mundo. - Faltam dois anos pra mim. Não sei como nossos pais farão, se casaremos quando você estiver no último ano, mas acho que já é tempo de pelo menos conversarmos sobre isso. E eu quero bolo de nozes, não aceito outro sabor.

- Eu - Ela começou, notavelmente desconsertada com o assunto. Um ponto pra mim. - Eu acho bastante precipitado, Charles. - E afastou o prato à sua frente. - Qual será sua próxima aula?

Prima querida, você não vai conseguir se esquivar do assunto.

- Bom, sei que somos muito novos, mas são as tradições da família. - Falei, ignorando por completo sua pergunta. - Se o casamento é precipitado, falar sobre ele me parece o de menos. O que te assusta tanto? - E tentei soar o mais preocupado possível.

- Nada me assusta. - Ela tentou bancar a durona.

Observei-a tomar meu suco por longos segundos e, quando ela terminou, peguei em sua mão mais próxima com delicadeza.

- Você sabe que temos outros primos, não é? - Falei, suave. - Se você quiser, podemos conversar com nossos pais e desistir dessa história.

- Por que você gosta tanto de falar que vai procurar outra noiva, Charles? - Ela respondeu, aparentemente irritada.

- Porque você não parece muito contente com a ideia do nosso casamento. - O que era verdade em muitos aspectos (mesmo que fosse mentira em outros) por isso que acabou nem sendo falso meu tom de voz frustrado. Recuei minha mão, mas apenas para levá-la ao queixo de Isadore, que já me "olhava". - Você quer se casar comigo?




Resumo: Quando Isadore se aproveita do suco que derramara em Charles para poder provocá-lo, o corvino tem quase um surto de pânico. Irritado por ver que sua prima brincara com seus hormônios, decide aproveitar ele mesmo o poder macho-alfa que tem nas mãos para se vingar dela, mesmo que isso fosse contra seus próprios costumes.
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Mensagem por Isadore Baudelaire Dom Set 30, 2012 12:53 pm

Se Charles achava que ela seria encurralada daquela forma e deixaria tudo por isso mesmo, estava muito enganado. Isadore percebia com muita clareza onde o primo queria chegar, e esses eram terrenos perigosos. É claro que queria casar-se com ele, mas essa ideia a apavorava, não só porque eram muito jovens, mas principalmente porque a ideia de ter a vida e os sentimentos de alguém tão extremamente importante para ela sob a sua responsabilidade era informação demais para poder lidar com apenas 15 anos de idade. Para completar, bêbado em Porto-Vecchio, Charles ainda fez o favor de mencionar a lua de mel...

- E isso seria uma proposta, Charles? perguntou, tentando dar a volta por cima, mas ainda estava preocupada demais para empregar o charme que a frase requeria.

- Encare como quiser. A pergunta é clara.

Isadore fechou a mão com força sob a dele, com o rosto muito vermelho, mas depois de alguns segundos torturantes, respirou fundo e tentou inverter o jogo. Com a mão livre, acariciou seu braço em pequenos círculos, arranhando-o suavemente com as unhas - Você sabe a resposta. - E, pelo modo com quem ele agia, era óbvio que ele de fato sabia. Pegou, então, os seus dedos com as duas mãos e perguntou:

- Mas e você? Quer se casar comigo?

Era frustrante não poder ver como ele estava reagindo, mas encarou os segundos que ele demorou para responder como algo positivo:

- Você sabe a resposta.

- Talvez...- ela murmurou, com o se dissesse mais a si mesma que a ele. Em seguida, virou o braço do rapaz para deixar a parte interna de seu antebraço disponível e, com o indicador, desenhou uma linha horizontal em sua pele, do cotovelo até o punho, antes de falar: - Mas quero te ouvir dizendo.

Certo, Isadore esperava que Charles desse um má resposta, ou então voltasse a jogar com ela, falando sobre coisas que ele sabia que a deixariam sem jeito outra vez, ou ainda que a empurrasse, enfim, qualquer coisa, menos o que ele fez: segurou suas mãos com delicadeza, para impedi-la de continuar acariciando seu braço, e em seguida aproximou-se dela. Dava para sentir a respiração dele sobre os lábios, então o coração da garota entrou em um ritmo alucinante, mas seu primo não a beijou. Ao invés disso, sussurrou a resposta no seu ouvido: - Sim.

Incapaz de mover um músculo sequer, Isadore sentiu seu corpo inteiro se arrepiar. De imediato, arrependeu-se profundamente por ter começado a brincadeira. Mesmo que tenha amado ouvir que ele queria casar-se com ela - e realmente ficou em êxtase - nada que pudesse estar sentido era maior que a sua vontade de beijá-lo. Imediatamente. Portanto, antes que ele pudesse afastar-se de seu ouvido, levou a mão direita até o rosto de Charles, quase sem tocá-lo, e inclinou o rosto, procurando pelos seus lábios. Por pouquíssimo, inclusive, não os toma para si. Era o que queria fazer, sem dúvidas, mas alguma coisa que ainda não compreendia a impediu. Ao invés disso, entrelaçou as duas mãos nos cabelos e virou para frente, desnorteada, frustrada e trêmula.

- O que há? - ouviu a voz de Charles, segundos depois. Isadore respirou fundo, então deixou que a mão esquerda caísse no colo e virou o rosto na direção do primo, sentindo toda exaustão física e emocional das últimas quarenta e oito horas nas costas. Não parecia normal a ela que quisesse beijá-lo, ainda mais porque sequer precisavam estar perto um do outro para que se visse relembrando o seu toque, e consequentemente ansiando por ele de novo. Era angustiante. Finalmente, confessou:

- Eu não sei - e suspirou, antes de completar, muito sinceramente- Este é o problema. O que está acontecendo?

Certo, talvez precisassem sim conversar sobre o assunto, embora duvidasse que isso iria adiantar alguma coisa, e tampouco soubesse o que deveriam falar um para o outro. Sim, se beijaram. Estariam namorando agora? Mas já não eram noivos? Iriam discutir a frequência, o modo, ou aliás SE voltariam a fazer isso? Nenhuma das possibilidades fazia sentido. Charles, naquele instante, falou com uma voz tranquila, de um jeito que a garota poucas vezes (para não dizer nunca) o ouvira usar:

- Isadore... - em seguida sentiu a mão dele pousando sobre o seu ombro - Você não é a única confusa - e depois de uma pausa de alguns segundos, ele convidou: - Venha.

A sonserina não sabia para onde Charles queria que fossem, mas ficou imediatamente curiosa para descobrir, então não hesitou por um milésimo sequer - até porque, se ele iria embora dali, não fazia sentido ficar. Logo, colocou-se de pé e deixou que ele a conduzisse, em completo silêncio. Andaram por alguns minutos e Isadore já começava a ficar ansiosa, quando finalmente pararam. A única coisa que conseguia perceber do ambiente é que ele estava bastante tranquilo, tanto que não ouviam uma voz sequer. Por antecipação, a sonserina sentiu o corpo inteiro acordar, tomado de adrenalina, porque não saberia conter as suas vontades se não houvesse nada com o que distrair-se delas.

O que o primo fez então piorou ainda mais seu auto-controle: a abraçou. O efeito foi imediato: todos os seus músculos relaxaram, como se tivessem injetado uma droga no seu organismo. Ainda conseguiu pensar consigo mesma que estava ficando mole de coração, antes de erguer a cabeça, muito séria e mordiscando o lábio inferior. Não queria torturá-lo, conforme realmente fora a sua intenção no salão principal, e não estavam com os ânimos exaltados, como da primeira vez que se beijaram. Se viessem a se beijar agora, seria de forma consciente, lúcida, e na cabeça de Isadore até soava como se estivessem oficializando o compromisso que tinham um com o outro, o que deixava a situação um pouco solene.

Por tudo isso, ergueu-se nas pontas dos pés, enroscando sua mão direita nos cabelos de Charles, e tocou seus lábios de leve nos dele, como uma pergunta.


Resumo:
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Mensagem por Charles Baudelaire Qui Out 04, 2012 12:27 pm

ATENÇÃO! Este post contém açúcar.



À medida que o tempo passava, mais eu me arrependia de ter começado com aquele plano. A minha intenção era deixar Isadore sem graça, assim como ela fez comigo, mas tudo que eu tinha conseguido era provocá-la de maneira que ela resolveu entrar no jogo. E aí era derrota na certa para mim, porque eu não era o melhor naquilo - e somente naquilo. Por isso, não pude evitar sentir um leve alívio quando, ao invés de me beijar - o que eu esperava que fizesse -, Isadore afastou-se e começou a divagar. Não que eu não quisesse beijá-la, porque eu queria, mas não estava devidamente preparado para isso.

Entretanto, talvez afetado por sua recente proximidade e o beijo que não aconteceu, senti-me na obrigação de fazê-la voltar ao normal. Não queria deixá-la insegura e sem saber o que pensar, até porque eu mesmo não sabia, e dois Baudelaire confusos era algo no mínimo tendencioso a catástrofes. Precisávamos nos recompor. Além do mais, com meio Salão nos observando, não ia ser fácil nos comportarmos como deveríamos devido às circunstâncias aos quais estávamos submetidos. Muita informação para digerir, acontecimentos muito recentes, e tudo de ruim que nós havíamos cultivado até então parecia desmoronar, como lidar com isso?

Eu também precisava de um tempo. Com ela.

Pedi que me acompanhasse até o exterior do Salão e ela veio. Em seguida, conduzi-nos até um corredor ainda no térreo, não totalmente deserto, mas muito mais vazio e tranquilo que onde nós estávamos, e parei somente para envolver meus braços ao redor de seu corpo, abraçando-a com carinho. Não era meu costume abraçar ninguém, muito menos tocar, mas eu já tinha perdido a noção de meu controle emocional desde o momento em que Isadore tinha sentado do meu lado. Só de me submeter àquele tipo de contato eu estava deixando claro para ela que todas as minhas barreiras foram ultrapassadas e que eu estava, então, completamente vulnerável. Eu não estava só exausto de sempre evitá-la, maltratá-la e outras coisas mais, como também me sentia contente por finalmente não precisar fazer nada disso.

É claro que, apesar de estar emocional, eu não ia sair verbalizando toda a minha pieguice. Bastou que ela encostasse seus lábios nos meus para que eu correspondesse o beijo - e isso pra mim era o mesmo que lhe contar todos os meus segredos mais ocultos. Era a resposta que ela queria e eu também. Era, então, a minha declaração silenciosa.

Aquele beijo me dava uma sensação muito melhor que a de dois dias antes. Era mais sereno, mais consciente e suave. Eu não estava elétrico como antes. Ao invés disso, era preenchido com uma sensação enorme de paz, tanto que minhas preocupações aos poucos desapareciam completamente da minha cabeça enquanto sentia toda extensão do meu corpo entorpecer, principalmente nas áreas onde os dedos de Isadore tocavam, como a nuca e o rosto. E poderia ter ficado o resto do dia ali, não fosse o que restava da minha consciência me alertar de que estávamos no meio do corredor de Hogwarts.

Assim, quando percebi que meus hormônios começavam a trabalhar com mais intensidade, o que foi refletido na força com que eu a puxava para perto e na urgência com que procurava seus lábios, afastei-me com calma e segurei seu rosto com as duas mãos, erguendo-o para que seus olhos me encontrassem. Às vezes eu achava que o olhar de Isadore era vazio, não na essência, mas por causa de sua cegueira. Todavia, naquele momento era como se estivesse cheio. Eu não sabia dizer do quê, mas sentia que era bom. Sentia mesmo. Alegria? Satisfação? O que era?

Sem saber o que dizer ou o que pensar, apenas permaneci no silêncio. Ele era suficiente.





Resumo: Charles vê seu plano indo por água abaixo, mas acaba desistindo dele de qualquer forma. Tomado por várias emoções, decide deixá-las fluir conscientemente pela primeira vez, e beija Isadore com vontade, interrompendo o ato alguns segundos depois por saber que estavam num lugar muito público. Então, permanece em silêncio, olhando-a nos olhos, sem saber o que dizer.
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Mensagem por Isadore Baudelaire Qui Out 04, 2012 6:22 pm

Isadore não imaginava que Charles viesse a corresponder seu beijo de maneira tão imediata e intensa, então ficou um pouco assustada. Estava apreciando enormemente cada sensação, tanto que o puxava ainda mais para mais perto - embora isso fosse impossível - no entanto havia um nítido sinal de alarme ressoando na sua cabeça, cada vez mais alto. Se há poucos minutos achava que os lábios do noivo eram tudo o que seu corpo poderia querer, não demorou para perceber como tinha se enganado.

Quando Charles afastou-se, deteve por pouco um lamento, porque não queria que ele percebesse o efeito que tinha sobre ela. Ainda assim acabou suspirando de frustração; não havia sido suficiente. Entretanto, depois de alguns segundos apenas abraçados, seu ritmo cardíaco foi reencontrando o compasso e antes mesmo que pudesse perceber, sorria abertamente, com os braços envolvendo a cintura de Charles. Sentia-se confiante, segura e levemente embriagada, quando perguntou

- Então, estamos juntos?

- Como assim? Estamos, agora.

Isadore riu com leveza. Charles era seu noivo, e mesmo assim compreendia tão pouco daquele tipo de assunto, que chegava a ser adorável. Roçou, então, seus lábios nos dele brevemente, e com certa malícia na voz, perguntou: - Você é meu agora?

- E eu alguma vez não fui? - Ela logo percebeu que não era mero galanteio; ele simplesmente estava sendo sincero. Maravilhada, a sonserina teve que respirar fundo, senão voltaria a agarrá-lo com força. Nunca existiu ninguém além de Charles em sua vida, mas jamais poderia suspeitar que isso seria recíproco, porque por inúmeras vezes, o vira tratando os outros muito melhor do que a tratava. Deixou que um de seus braços ficasse apoiado em seu ombro;

- Ótimo - dedilhou, por fim, em sua nuca, com as unhas afiadas, antes de completar, agora séria: - Espero que não se esqueça disso - era uma ameaça clara e evidente. Se antes a sonserina já tomava uma postura possessiva em relação a Charles, agora então seria uma bomba relógio.

- Senão o quê? - ele perguntou, no que Isadore considerou uma provocação. Imediatamente, toda doçura de seus olhos foi substituída por um brilho homicida, que Charles seria sábio se jamais subestimasse, e ela foi tomada por uma ira imediata, mesmo que tudo que ele tivesse feito foi uma pergunta. Desvencilhou-se de seus braços sem gentileza alguma e o puxou para perto do próprio rosto, através do colarinho da camisa.

- Eu mato você - sua expressão era impassível, e sua voz, fria e cortante. Não era uma hipérbole ou um blefe. Em seguida, o beijou brevemente nos lábios e desejou, com um tom de voz mais casual: - Boa aula, Charles.


OFF: RP encerrada.
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